O "estrangeiro" por vezes somos nós próprios!! É essa a grande lição deste livro. Não há fronteiras. Nesta obra profundamente simbólica e do absurdo, alerta-nos que a condição humana é sufocante e "estranha" a toda a gente. Há que alertar para a situação que as pessoas podem ser estrangeiras quando tu és estranho.
E no mundo actual o absurdo regressou. O absurdo é o discurso do ódio, levantar esqueletos do armário do imperialismo dos séculos atrás da nossa civilização, incluindo Portugal. Fazer basófia da barbárie contra os Palestinianos, denegrir a flotilha. Publicar um vídeo piroso do Ventura sobre Bangladesh. Por isso é importante RELER o "Estrangeiro" de Albert Camus.
O "Estrangeiro" é um dos livros da trilogia do absurdo, de Albert Camus. O livro conta a história de Meursault, um homem que vive completamente alheio à importância das coisas ao seu redor. O protagonista é indiferente a tudo, sendo que uma das palavras mais usadas por ele é: “tanto faz”. Albert Camus desenvolve uma história simples, escrita em frases curtas, evidenciando conceitos segundo o qual o homem é livre e seus atos são responsáveis por seu destino.
Meursault, é descrito como “um cidadão da França, homem do Mediterrâneo, um homem que dificilmente compartilha da cultura mediterrânea tradicional”. Semanas após o funeral de sua mãe, ele mata um homem árabe na Argélia francesa, que estava envolvido num conflito com um dos vizinhos de Meursault. Mersault é julgado e condenado à morte. A história é dividida em duas partes, apresentando a visão narrativa em primeira pessoa de Mersault antes e depois do assassinato, respectivamente.
Esta história, cuja narração me fez lembrar um conto ou um texto diarístico, deve ser encarada como uma reflexão acerca da existência humana. Através da indiferença extremada e quase absurda do Sr. Meursault, captamos uma perspetiva diferente da vida, alheia a sobressaltos, à importância das decisões, a questões filosóficas e a figuras transcendentes. Meursault limita-se a viver consoante o que lhe calha na sina, sem se entregar à extravagância das emoções ou à indignação contra o destino. Em vez disso, permanece apático e ultrapassa as reviravoltas da vida através do hábito.
Se há uma sensação que predomina, implacável, nesta obra, essa sensação é o calor. Um calor asfixiante, insuportável, captada pelo autor com tanta autenticidade e intensidade que o leitor se sente tentado a tirar o casaco. Essa impressão prolonga-se pela capa do livro, de um cor de laranja forte que me faz pensar nele como um deserto tórrido comprimido em menos de uma centena de folhas de papel.
Camus serve-se deste personagem principal para mergulhar no absurdo existencial. A vida banal de Mersault até ao momento em que ocorre um crime processa-se dentro do clima do absurdo da vida humana, que não pode ser logicamente explicado, mas simplesmente apreendido e vivido.
Para Camus, a vida é absurda e filosoficamente, isso quer dizer que a situação existencial humana é caracterizada essencialmente pela ausência de sentido e, dessa forma, não existem consistências, certezas e/ou garantias. Não há finalidade última e não há causas primeiras no mundo absurdo.
Para uma melhor compreensão do absurdo é necessário fazer uma análise do próprio quotidiano. As loucuras do dia-a-dia, o corre-corre e a busca do sentido para as coisas e acontecimentos já são indícios do absurdo. O homem cria uma rotina de vida, uma monotonia e acaba deixando levar-se pelo absurdo, perde o sentido da sua existência, passando a não dar mais importância aos factos e acontecimentos no seu trabalho, com os amigos, na família…tudo se torna comum, rotineiro.
Outro ponto que ilustra o absurdo é o facto do homem já não conseguir mais dar conta dos acontecimentos e tudo lhe foge da percepção e ele mesmo constata que o mundo não tem sentido nem razão, e que a vida é absurda e fantasiosa.
É necessário VER esta época, sair do absurdo e criar coragem e buscar inovações e outros caminhos para as atividades do dia-a-dia.
Albert Camus ele próprio dá pistas! Aconselho por isso a leitura "O Homem Revoltado", e em seguida "A Queda". E depois, "A Peste" que é um intermédio entre os dois temas.

Sem comentários:
Enviar um comentário