Os elefantes africanos (Loxodonta africana) podem mudar a forma como se cumprimentam uns aos outros, dependendo se o outro está a olhar para eles ou não, segundo um estudo de nove elefantes publicado na revista Communications Biology.
O estudo conclui também que os elefantes utilizam diferentes combinações de gestos, como o abanar das orelhas, e vocalizações, como as trombetas, nas suas saudações, o que pode promover o reconhecimento individual e a criação de laços sociais.
Investigações anteriores referiram que os elefantes participam frequentemente em rituais de saudação que envolvem vocalizações e ações físicas. No entanto, não é claro se estas ações físicas são gestos deliberados usados para comunicação e como os gestos e as vocalizações são combinados durante as saudações.
Vesta Eleuteri, Angela Stoeger e colegas estudaram as vocalizações e ações físicas utilizadas durante as saudações dos elefantes, observando elefantes africanos da savana semi-cativos que vivem na Reserva de Jafuta, no Zimbabué, entre novembro e dezembro de 2021. Observaram 89 eventos de saudação que consistiam em 1.282 comportamentos de saudação, dos quais 1.014 eram ações físicas e 268 eram vocalizações.
Os autores descobriram que os elefantes se cumprimentavam com combinações específicas de vocalizações e gestos, tais como roncos com batimento de orelhas ou espalhamento de orelhas, para além de outros movimentos físicos aparentemente menos deliberados, tais como levantar a cauda e abanar a cabeça.
A combinação de roncos e tapas nas orelhas foi a forma mais comum de saudação, embora tenha sido mais frequentemente utilizada entre fêmeas do que entre machos. Observaram também que a urina, a defecação e as secreções de uma glândula sudorípara exclusiva dos elefantes – conhecida como glândula temporal – estavam presentes em 71% dos cumprimentos, sugerindo que o cheiro pode desempenhar um papel importante durante o cumprimento.
Os autores também observaram que os métodos de comunicação utilizados pelos elefantes durante as saudações variavam consoante o sujeito da saudação estivesse a olhar para eles.
Os animais eram mais propensos a usar gestos visuais – tais como abrir as orelhas, alcançar a tromba ou balançar a tromba – quando estavam a ser observados, mas eram mais propensos a usar gestos que produziam um som – tais como bater com as orelhas no pescoço – ou a tocar o destinatário da saudação com a tromba quando não estavam a ser observados.
Em conjunto, os resultados sugerem que os elefantes se cumprimentam uns aos outros combinando vocalizações e gestos e que podem alterar deliberadamente os seus métodos de comunicação consoante tenham ou não a atenção visual do indivíduo que estão a cumprimentar.
Investigações anteriores relataram que os chimpanzés e outros macacos também combinam vocalizações e gestos e alteram os seus métodos de comunicação em resposta ao facto de estarem a ser observados. Os autores propõem que estes métodos de comunicação podem ter evoluído de forma independente nestas espécies distantemente relacionadas para mediar as interações sociais.
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