Jornalistas portugueses de ciência e ambiente criam associação
A preocupação de formar melhor os jornalistas portugueses que tratam deassuntos ligados à ciência e ao ambiente levou à constituição de umaassociação, apresentada hoje em Lisboa, que pretende seguir alguns exemploseuropeus.Criada por um grupo de jornalistas de vários órgãos de comunicação social, a ARCA - Associação de Repórteres de Ciência e Ambiente recebeu já o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, do British Council, da embaixada dos EUA e da Fundação Luso-Americana, que se mostraram disponíveis para ajudar em programasou acções de formação.O jornalista do PÚBLICO Ricardo Garcia, da direcção da ARCA, afirmou que emPortugal existem muito poucas acções de formação para jornalistas de ciência eambiente, ao contrário do que acontece noutros países europeus. Ao todo,trabalham em Portugal nestas duas áreas 30 jornalistas, de acordo com a ARCA.Um diagnóstico reforçado pela intervenção do presidente da União Europeia deAssociações de Jornalistas de Ciência, Istvan Palygai, que apontou o exemplo da Escandinávia, onde este tipo de formação é paga pelo Governo.Palygai chamou ainda a atenção para a dificuldade do trabalho dos jornalistas de ciência nalguns países da Europa comparativamente com os EUA, onde existe maior noção da importância da comunicação científica."A ciência é tão importante para a imprensa generalista como o desporto, oentretenimento ou as artes", disse, exortando os jornalistas presentes naconferência a adoptar novos métodos, estilo, truques, que os faça sair "dogueto".Ricardo Garcia estimou, no entanto, que a cobertura das notícias de ciência eambiente em Portugal tem melhorado, apesar das dificuldades que por vezes têmos jornalistas em "conseguir comunicar com o público", com os cientistas etambém com os editores, que têm de ser "convencidos da importância dos temas"."Esse será também um dos objectivos da ARCA: tentar fazer com que a ciência e oambiente ganhem mais espaço nos jornais e conseguir comunicar melhor com opúblico", acrescentou. Formar melhor os jornalistas ajudará a "passar melhor amensagem", o que ajudará à divulgação científica, frisou.Para justificar a junção das duas áreas na mesma associação, Ricardo Garcia deu os exemplos da co-incineração, das alterações climáticas ou até mesmo da seca,temas à partida de ambiente, mas que exigem aos jornalistas que compreendam "a ciência que está por detrás". Para isso é necessário contactar osespecialistas, interpretar a ciência e tentar passá-la para o público em geral.Também presente na apresentação, o investigador Carlos Fiolhais fez um apanhado da cobertura noticiosa do tsunami que devastou o sudeste asiático, apresentando um balanço positivo das notícias produzidas desde 26 de Dezembro, que serviram nomeadamente para alertar para algumas falhas na prevenção e aumentar os conhecimentos científicos do público sobre o tema. Ainda assim, o professor de Física da Universidade de Coimbra apontou aspectos negativos como osensacionalismo e a falta de exactidão.
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