segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Quase 80% dos mais pobres do mundo vivem em zonas expostas a riscos climáticos


Cerca de oito em cada 10 pessoas que vivem em situação de pobreza em todo o mundo, algo como 887 milhões, estão diretamente expostas a pelo menos um risco climático, como calor extremo, cheias, secas ou poluição do ar.

O alerta é feito num relatório publicado esta sexta-feira pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP) e pela Universidade de Oxford, nas antevésperas da cimeira global do clima (COP30) que acontecerá em novembro no Brasil.

Para os autores da análise, o cruzamento de dados sobre riscos climáticos com dados sobre as várias dimensões da pobreza (saúde, educação, padrões de vida) revela “um mundo onde a pobreza não é apenas uma questão socioeconómica isoladas, mas sim uma que está profundamente interligada com pressões e instabilidade planetárias”.

Realçando que a exposição a riscos climáticos provavelmente agrava as dificuldades diárias enfrentada pelas pessoas a viverem em situação de pobreza, aprofundando as suas desvantagens, o relatório mostra que 651 milhões de pessoas desse grupo estão expostas a dois ou mais riscos climáticos. Ainda, estima-se que 309 milhões enfrentem três ou quatro riscos em simultâneo.

“A nossa nova investigação mostra que, para dar resposta à pobreza global e criar um mundo mais estável para todos, precisamos de confrontar os riscos climáticos que ameaçam quase 900 milhões de pessoas pobres”, diz, em comunicado, Haoliang Xu, administrador-interino da UNDP.

“Quando os líderes mundiais se reunirem no Brasil para a Conferência Climática, COP30, no próximo mês, as suas promessas climáticas nacionais devem revitalizar o estagnado progresso do desenvolvimento que ameaça deixar para trás as pessoas mais pobres do mundo.”

O risco climático que afeta o maior número de pessoas em situação de pobreza a nível global é o calor extremo, que atinge 608 milhões de pessoas. Segue-se a poluição do ar, que afeta 577 milhões, as cheias, que atingem 465 milhões de pessoas, e as secas, que agravam as dificuldades de 207 milhões dos mais pobres do mundo.

Impactos desiguais
Os efeitos da combinação da pobreza com os riscos climáticos não são sentidos da mesma forma em todo o planeta.

Salienta o relatório que o sudeste asiático e a África subsariana são as regiões onde a combinação desses factores é mais intensa, com 380 milhões e 344 milhões de pessoas pobres a viverem em locais afetados por risco climáticos, respetivamente.

No sudeste asiático, a exposição é “praticamente universal”, dizem os autores, uma vez que 99,1% dos mais pobres enfrentam pelo menos um risco climático e 91,6% dois ou mais. Esses valores são mais altos do que em qualquer outra parte do mundo.

“Apesar de estar a conseguir avanços significativos e históricos na redução da pobreza, o sudeste asiático precisa também de acelerar na ação climática”, destacam os especialistas.

Por outro lado, é nos países com rendimentos médios-baixos que os mais pobres mais são afetados pelos riscos climáticos. Nesses países, cerca de 548 milhões de pessoas pobres estão expostas a pelo menos um risco climático, representado 61,8% de todas as pessoas pobres do mundo que estão expostas a essas ameaças.

2 comentários:

Venta de Autos disse...

Alarmante: quase 80% dos mais pobres do mundo enfrentam riscos climáticos, mostrando como pobreza e mudanças climáticas estão profundamente conectadas.




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qué son los servicios públicos

João Soares disse...

Precisamente!