Em 2024, países que têm mais da metade da população mundial - mais de quatro biliões de pessoas - realizarão eleições. Os pleitos vão dar uma chacoalhada no já conturbado cenário político global.
De acordo com a revista britânica The Economist serão as maiores eleições da história. Em 2024, 76 países estão programados para realizar eleições nas quais todos os eleitores terão a hipótese de votar.
A Europa, com 37 países, e a África, com 18, são os continentes com o maior número de eleições no próximo ano. Países africanos com uma população combinada de mais de 330 milhões, incluindo Argélia, Gana e Moçambique, realizarão eleições.
A mais significativa será na África do Sul, com mais de 60 milhões de habitantes. Uma oposição dividida e fraca sugere que, apesar de escândalos de corrupção, o Congresso Nacional Africano governista quase certamente vencerá novamente.
Países mais populosos do mundo irão às urnas
Oito dos dez países mais populosos do mundo - Bangladesh, Brasil, Índia, Indonésia, México, Paquistão, Rússia e Estados Unidos - realizarão eleições no ano que vem 2024.
Este ano eleitoral crucial começa com eleições em Bangladesh em janeiro, onde protestos antigovernamentais e tensões políticas sinalizam um possível endurecimento do governo de Sheikh Hasina. A primeira-ministra de Bangladesh está na posição desde janeiro de 2009 e é líder da Liga Awami de Bangladesh, um partido político de centro-esquerda. Ela é filha de Sheikh Mujibur Rahman, o primeiro presidente de Bangladesh e uma figura central na independência do país em 1971.
Aqui no Brasil haverá eleições municipais em outubro, quando eleitores escolhem prefeitos e vereadores. O resultado deve emular a polarização política nacional entre o PT, do presidente Lula, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na Índia em maio, espera-se que o BJP, partido do primeiro-ministro Narendra Modi, de extrema direita, vença apesar do crescente sentimento anti-incumbente.
Em fevereiro, as atenções se voltam para as nações muçulmanas mais populosas - Paquistão e Indonésia.
No Paquistão, o cenário é marcado pela destituição do ex-primeiro-ministro Imran Khan e sua influência contínua na política.
Já a Indonésia se prepara para as maiores eleições do mundo em um único dia, marcadas para fevereiro, desafiando o domínio das elites empresariais e militares. O centro-esquerda PDI-P provavelmente vencerá as eleições legislativas e presidenciais.
O México pode eleger sua primeira presidente mulher no dia 2 junho. Claudia Sheinbaum, ex-prefeita da capital e candidata do governo, enfrentará a opositora Xóchitl Gálvez, senadora e empresária de origem indígena. O fato é marcante em país marcado por violência relacionada ao tráfico de drogas, uma onda de feminicídios e uma longa tradição de machismo.
Em novembro, os eleitores dos Estados Unidos elegerão seu próximo presidente, assim como a totalidade da Câmara dos Representantes e um terço do Senado. O presidente democrata Joe Biden provavelmente enfrentará Donald Trump, o favorito republicano, em uma repetição de 2020.
Na Rússia, o presidente Vladimir Putin pela reeleição marcada para o dia 17 de março. Ele anunciou que vai concorrer à reeleição numa live de quatro horas, que misturou perguntas do público e de jornalistas e o depoimento de militares na frente de batalha.
O evento lançou a campanha para as eleições de 2024, que podem prorrogar sua presença no poder até 2030. Se for reeleito, Putin poderá completar 31 anos no poder, menos que o czar Pedro o Grande (39 anos), mas o mesmo que Josef Stálin (31 anos).
Outros pleitos importantes
A Turquia, governada pelo extremista de direita Recep Tayyip Erdogan também realizará pleito municipal no dia 31 de março de 2024.
A Venezuela se prepara para uma nova candidatura do líder nacionalista Nicolás Maduro, que deve enfrentar a candidata ultraliberal Maria Corina Machado. O pleito deve ocorrer no segundo semestre de 2024
O governo e um setor da oposição da Venezuela assinaram nesta terça-feira (17) um acordo sobre cronograma e definições técnicas para as próximas eleições presidenciais. Segundo o documento, o pleito deve ser realizado no segundo semestre de 2024 e contará com missões de observação da União Europeia, do Centro Carter e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Na Europa, nove eleições parlamentares estão agendadas, com destaque para as eleições em Portugal, após a renúncia do primeiro-ministro socialista António Costa, e na Áustria, onde a extrema direita ganha força.
O Parlamento Europeu também realizará eleições em junho, com a possibilidade de uma significativa guinada à direita.
Estes eventos eleitorais, em países com biliões de eleitores, têm o potencial de remodelar a ordem política global. À medida que os cidadãos se dirigem às urnas, o mundo aguarda os resultados e suas consequências com grande interesse e expectativa.
Calendário de eleições em destaque em 2024
- Taiwan - Eleição presidencial em 13 de janeiro, que será central nas tensões entre os EUA e a China.
- Rússia - Eleição presidencial em 17 de março, onde é esperado que Vladimir Putin busque a reeleição.
- Índia - Eleições presidenciais em abril e maio, com Narendra Modi provavelmente buscando a reeleição em um contexto de nacionalismo hindu.
- União Europeia - Eleições para o Parlamento Europeu de 6 a 9 de junho, um grande pleito transnacional que pode ver um avanço das forças eurocéticas.
- Estados Unidos - Eleição presidencial em 5 de novembro, com o potencial retorno de Donald Trump como um dos candidatos.
- Portugal - Eleições legislativas em 10 de março, após a renúncia do primeiro-ministro socialista António Costa.
- Bélgica - Eleições federais em 9 de junho, coincidindo com as eleições europeias.
- Áustria - Eleições legislativas previstas para o outono, com a possível ascensão do partido de extrema-direita FPÖ.
Além disso, serão realizadas eleições na Finlândia, Lituânia, Croácia, Ucrânia, e Irão. No continente africano, serão realizadas dez eleições presidenciais em 2024, incluindo no Senegal, onde o pleito está previsto para 25 de fevereiro.
Estas eleições marcadas para o ano que vem ocorrerão num contexto marcado por desafios políticos, económicos e sociais em várias regiões do mundo.
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