No ano passado, as energias solar e eólica produziram 12% de toda a eletricidade consumida a nível global, face aos cerca de 10% registados em 2021.
A conclusão é de um relatório divulgado esta quarta-feira pela Ember, um grupo de reflexão independente que se dedica às questões relacionadas com a energia, e que revela também que, no seu conjunto, as renováveis e a nuclear produziram 39% da eletricidade a nível global em 2022, o valor mais alto de sempre.
A energia solar é a que mais tem crescido, aumentando sucessivamente ao longo dos últimos 18 anos. No ano passado, a geração de eletricidade de origem solar subiu 24% face a 2021, sendo que a energia eólica, a segunda maior fonte de energia renovável, cresceu 17%.
Os especialistas da Ember estimam que a quantidade de eletricidade produzida pelo solar em 2022 terá sido suficiente para alimentar África do Sul durante um ano inteiro, e que a energia eólica terá gerado eletricidade suficiente para iluminar quase todo o Reino Unido.
Contudo, as emissões de gases com efeito de estufa do setor elétrico mundial aumentaram 1,3% em 2022, atingindo um máximo histórico. Apesar de a incorporação de renováveis nunca ter sido tão grande, o consumo de eletricidade tem aumentado fortemente, o que não permitiu reduzir as emissões.
A eletricidade produzida a partir do carvão subiu ligeiramente em 2022 (1,1%), sendo que os autores do relatório argumentam que, embora o abandono progressivo desse combustível fóssil não tenha arrancado no ano passado, tal como acordado na cimeira climática COP26, de 2021, a crise energética despoletada pela guerra da Rússia na Ucrânia não fez disparar, contrariamente ao que se receava, a geração de eletricidade através da queima de carvão.
Nesse quadro, os especialistas da Ember consideram que em 2022 é possível que o setor global da produção de eletricidade tenha, por fim, alcançado um pico. “As energias eólica e solar estão a desacelerar o aumento das emissões do setor elétrico”, dizem, calculando que se toda a eletricidade produzida em 2022 a partir de fontes renováveis tivesse, ao invés, sido gerada por combustíveis fósseis, as emissões do setor teriam crescido 20% face a 2021.
Assim, os relatores preveem que, com base no crescimento médio da procura global e do fortalecimento das renováveis, neste ano de 2023 poderemos assistir a “uma pequena queda” da geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis, que deverá ser da ordem dos 0,3%, “com quedas maiores nos próximos anos, à medida que as energias eólica e solar crescem ainda mais”.
Por isso, vaticinam que “uma nova era de reduções das emissões do setor elétrico está próxima”.
Małgorzata Wiatros-Motyka, analista sénior da Ember especializada no setor da eletricidade, salienta que “nesta década decisiva para o clima, este é o início do fim da era fóssil”, destacando que estamos a dar os primeiros passos no que considera ser “a era da energia limpa”.
“Uma nova era de queda das emissões fósseis significa que ao abandono progressivo do carvão irá acontecer, e o fim do crescimento da geração de eletricidade através do gás está à vista”, afiança a especialista, que acredita que “a mudança aproxima-se a passos largos”, mas “tudo depende das ações que sejam agora tomadas pelos governos, empresas e cidadãos para colocar o mundo no caminho da energia limpa até 2040”.
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