Relatório - Efeitos do fogo controlado num eucaliptal na Austrália
"Ecological effects of repeated low-intensity fire in a mixed eucalypt foothill forest in south-eastern Australia" (1984–1999)
Na sequência da discussão que tem ocorrido sobre fogo controlado, partilho um relatório sobre potenciais impactos negativos nos solos com efeito cumulativo.
O relatório apresenta os resultados da monitorização de 15 anos de tratamentos repetidos com fogo controlado aplicado em condições ótimas de queima de baixa intensidade, com intervalos de 3 anos entre queimas.
O estudo revela que as conclusões de experiências similares no curto prazo podem ser enganosas, ignorando tendências subjacentes de longo prazo, nomeadamente no que diz respeito a um declínio significativo de carbono e nitrogénio nos solos superficiais.
No longo prazo, o relatório aponta para que o recurso a técnicas de fogo controlado em intervalos de três anos podem conduzir a um declínio na matéria orgânica do solo e na fertilidade do solo.O estudo conclui que a queima de baixa intensidade com intervalos de 3 a 5 anos durante um longo período de tempo, resultará provavelmente em mudanças irreversíveis na estrutura, fertilidade e abundância relativa de espécies de fauna e flora.
No longo prazo, conclui-se que incêndios de baixa intensidade em zonas mistas de eucaliptal em sopé de montanha com menos de dez anos de frequência levem a um declínio na matéria orgânica do solo e da fertilidade do solo.
Nas frequências de incêndios de 3-5 anos não foram observadas perdas de espécies de fauna ou flora, mas foi observada uma mudança significativa na abundância relativa de cada espécie.O relatório conclui que fogos prescritos nessa frequência de 3-5 anos são insustentáveis como estratégia de gestão de longo prazo em àreas florestais com características similares.
O estudo recomenda que queimadas prescritas em florestas mistas de eucalipto sejam realizadas em intervalos de pelo menos dez anos, de modo a mitigar os seus impactos negativos na vulnerabilidade e produtividade do solo.
O estudo conclui sobre a necessidade de melhor compreensão das mudanças de longo prazo nos processos do solo afetados por incêndios de baixa intensidade.
O estudo citado recomenda a utilização de indicadores que permitam comparar as condições de partida do experimento nas áreas submetidas a ações de fogo controlado e áreas marginais à intervenção nomeadamente sobre índices de hidrorepelência e variabilidade em carbono, nitrogênio e fósforo em resposta aos tratamentos com fogo.
O presente relatório foi intencionalmente escolhido por ter sido elaborado há já vinte anos, assinalando os primeiros passos mais consistentes de um exercício reflexivo em torno destas práticas e que ainda está a dar os seus primeiros passos. Curiosamente, a procura nos motores do documento revelou difícil acesso através do uso de palavras-chave na Google, Elsevier ou Sci-Hub, verificando-se que este relatório foi desmembrado por tópicos, nos quais os seus resultados são apresentados em bruto, não permitindo deste modo aceder facilmente à sua discussão e conclusões aqui partilhadas através desta ligação.
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