Street Art by Andrew Salgado |
Quantos jovens resgatei de um percurso mais doloroso. Quantos casos incontáveis de putos entregues à CPCJ, sem família, nem escola, nada...Felizmente poucos não fui capaz de antecipar mais cedo um desfecho trágico. Acredito que a disciplina que lecciono lhes abre as mentes, ficam absortos, pretendem fazer mais, sentem-se envolvidos, ficam conscientes do seu corpo e da biocentricidade. Amava saídas de campo- mostrar-lhes seres vivos e os seus ecossistemas, as comunidades onde se encontravam inseridas, as características evolutivas que permitiam a sua adaptação ao meio ambiente , experiências laboratoriais e vê-los sorrir e criar autonomia na investigação científica (isto já mais a nível secundário).
Explicar-lhes cientificamente como fazer pão, iogurte e papel reciclado. Explicar-lhes as diferentes qualidades da água potável. Explicar a rotulagem e verificar a validade. Muitas das vezes sem condições de trabalho. O material laboratorial é muito pouco abundante nas nossas escolas. Tinha que ir mais cedo a correr para dentro da sala de aula, porque em poucas escolas temos material e assistentes técnicos especializados. Fazíamos herbários.
Corre João, corre como os meus alunos me chamaram, carinhosamente uma vez, a gazela.
Numa escola os meus alunos resolveram fazer um trabalho científico de produção de cerveja artesanal. Houve um sururu entre os docentes. Mas a vontade e bom senso superou essas impedâncias morais e os alunos lá conseguiram seguir o seu processo. A cerveja era de boa qualidade.
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