quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Bancos chineses podem perder até 348 mil milhões de euros com crise imobiliária


Os bancos da China enfrentam perdas hipotecárias de cerca de 348 mil milhões de euros no pior dos cenários, à medida que a confiança no mercado imobiliário do país se afunda com uma crise que parece não parar - ao contrário das construções imobiliárias, que viram os seus projetos paralisados -, noticia a "Bloomberg".

No pior cenário, a S&P Global Ratings estimou que 2,4 biliões de yuan (348 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual), ou 6,4% das hipotecas, estão em risco, enquanto o Deutsche Bank é mais pessimista e diz que 7% dos empréstimos à habitação estão em perigo. Até agora, os bancos reportaram apenas 2,1 mil milhões de yuan (304 mil milhões de euros) em hipotecas afetadas pela crise.

Perante os casos covid-19, o desemprego jovem elevado e o abrandamento do crescimento económico, Pequim não quer ajudar a 100% os promotores imobiliários a acabar os seus projetos que estão suspensos, pois está a colocar a estabilidade financeira como prioridade. Até ao momento, as ajudas são: um período de carência no pagamento das hipotecas e um fundo, do banco central chinês, para ajudar estes promotores.

A "Bloomberg" escreve que o crescimento do rendimento disponível está a abrandar, prejudicando ainda mais a capacidade dos compradores de casas pagarem as suas dívidas.

Em junho, os investimentos imobiliários, que impulsionam a procura de bens e serviços que representam cerca de 20% do produto interno bruto (PIB) do país, caíram 9,4%. Tal traduz-se num aumento de 28 pontos base no total de empréstimos malparados, o que significa um declínio de 17% nos ganhos de 2022 dos bancos, indicam os analistas do Citigroup, num relatório de julho.

A exposição dos bancos chineses ao setor imobiliário é superior à de qualquer outra indústria. Os dados de março do Banco Popular da China, citados pela "Bloomberg", davam conta de 39 biliões de yuan (5,6 biliões de euros) de hipotecas pendentes e outros 13 biliões de yuan (1,9 biliões de euros) de empréstimos a promotores imobiliários.

Nesta conjuntura, os credores com elevada exposição podem vir a ser objeto de maior escrutínio. Por exemplo, as hipotecas representavam cerca de 34% do total de empréstimos no Postal Savings Bank of China e no China Construction Bank no final de 2021, quando o limite imposto por Pequim é 32,5%.

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