sábado, 17 de abril de 2021

Mondego Vivo - Em Defesa do Rebolim e da Portela

COMUNICADO


Com a acção de plantação que dinamizámos no dia 9 de Abril, na Portela, cumprimos o nosso objectivo de desempenhar um papel didático no que toca à recuperação do ecossistema ripícola da zona ribeirinha entre a Portela e o Rebolim. Tendo em conta conselhos e recomendações de várias pessoas com formação ou experiência nas áreas da biologia e da botânica, levámos a cabo:
- a plantação, na zona terraplanada e no topo do talude, de 42 árvores: 21 choupos, 17 salgueiros, 3 freixos e 1 sobreiro;
- a recolha e transporte de dezenas de estacas de salgueiro da margem sul, feitos de canoa por um biólogo que colabora com o movimento, plantadas de seguida na linha de água da margem arrasada, na zona da Portela - esta acção vai no sentido de restaurar a biodiversidade do ecossistema ribeirinho com variedades locais e não só com árvores de viveiro;
- a cobertura do solo com matéria orgânica à volta de todas as árvores por nós plantadas, bem como de mais de 3 dezenas de árvores plantadas pela CMC, para:
(1) conservar a água do solo, evitando a sua evaporação e, por isso, aumentando a possibilidade de estas árvores sobreviverem a períodos de seca e
(2) impedir o crescimento de plantas invasoras e outra vegetação que competiria com as espécies características das galerias ripícolas;
- a limpeza da área e a recolha de cinco sacos de 50 a 100 litros e um poceiro grande de lixo e de materiais poluentes como plástico, vidro, ferros, latas, tecido, peças de máquinas de lavar, pedaços de televisões, arames, esferovite, loiça, chapas de metal, entre outros.

HOJE, dia 12 de Abril, temos uma manifestação com o objectivo de trazer a nossa voz e as nossas reivindicações ao centro da cidade. O ponto de encontro é às 16h na APA, onde leremos uma carta aberta a essa instituição. Daí seguiremos para a praça 8 de maio, onde realizaremos uma assembleia pública. Ao mesmo tempo, uma pessoa que participa no movimento vai intervir na assembleia municipal.

Exigimos:
- A limpeza do lixo e outros materiais poluentes na zona terraplanada
- O fim da utilização de máquinas pesadas na zona terraplanada, especialmente no corredor de 30 metros ao longo da margem
- A recuperação e manutenção da galeria ripícola numa faixa de 30 metros de largura, ao longo da margem, e sua protecção de acordo com as normas da APA, recusando por isso a construção de qualquer caminho pavimentado ou ciclovia ao longo da margem
- A cobertura de toda a zona terraplanada com material orgânico, de forma a reduzir as perdas de água e a impedir o crescimento de espécies invasoras
- A plantação de árvores, estrato arbustivo e herbáceas características destes ecossistemas ao longo do talude.

Denunciamos que:
1. esta intervenção da CMC não foi autorizada pela APA, agência a quem legalmente compete a autorização e supervisão de intervenções nas zonas ribeirinhas, como comprovado por uma resposta da APA por mail, datada de 1 de Abril, às perguntas de um morador da Portela; o único contacto da CMC à APA terá sido, segundo percebemos, a propósito da plantação das tais 400 árvores.
2. foram violadas inúmeras normas da APA para as intervenções de Conservação e Reabilitação da Rede Hidrográfica e Zonas Ribeirinhas, nomeadamente;
a) Evitar o corte total da vegetação;
b) Evitar a remoção da vegetação fixadora das margens.
c) Diminuir os riscos de erosão dos taludes;
d) Assegurar biodiversidade no ecossistema;
e) Efetuar-se manualmente ou com equipamentos de corte ligeiro (p.e. motosserras, moto-roçadoras), evitando-se o uso de meios mecânicos pesados;
f) Ocorrer, sempre que possível, antes do período das chuvas e fora da época de reprodução da avifauna e ictiofauna locais;
g) Preservar a vegetação e fauna autóctone características da região, promovendo, sempre que possível, a plantação de espécies autóctones;
3. foi empreendida uma acção intimidatória por parte da PSP durante a acção de plantação de árvores, esta sexta-feira, em que dezenas de pessoas foram identificadas, quando a primeira e maior ilegalidade em todo este processo veio da própria CMC, que levou a cabo a intervenção à revelia de todos os preceitos legais;
4. o perigo de erosão, que pode:
a) levar à acumulação de sedimentos a jusante e aumentar o perigo de inundações;
b) aumentar a perigosidade das correntes, e consequente aumento do risco de afogamento, na zona da praia fluvial do Rebolim

Durante a assembleia pública que vamos realizar amanhã, na Praça 8 de Maio, pretendemos discutir os próximos passos a dar, nomeadamente:
- Formar equipas para monitorizar as árvores já plantadas,
- Agendar próximas acções de plantação,
- Agendar um debate com especialistas em galerias ripícolas, rios, regeneração de ecossistemas e
- Ouvir e discutir colectivamente as opiniões e as propostas de todas as pessoas que queiram participar.

Coimbra, 12 de Abril de 2021

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