A Páscoa dos Judeus é uma passagem. E também o é a Páscoa dos cristãos. Na Páscoa, a viagem perde o caráter de errância, enigma e labirinto, e também de rugosidade, viscosidade e incerteza. Mas para isso é preciso ter fé.
Na tradição judaico-cristã, a Páscoa é uma passagem. Mas não menos do que na passagem é na travessia que se joga o destino humano.
Ensaiar o humano é ensaiar a ideia de viagem. Mas de uma viagem com perigos e obstáculos a transpor. É ensaiar a viagem como errância, enigma e labirinto, e também como rugosidade, viscosidade e incerteza. É ensaiar a viagem como dúvida, embora seja, de igual maneira, ensaiá-la como memória de caminhos já andados e de experiências já vividas.
Penso que o curso de uma vida não pode esgotar-se na segurança de uma passagem, como se na viagem a única coisa que interessasse fosse o ponto de partida e o ponto de chegada. De modo nenhum é possível alguém furtar-se à travessia – a decisões tomadas na dúvida, por vezes às cegas, arriscando a pele. A viagem nunca se deixa adivinhar, como se mais nada houvesse a esperar. Por essa razão, ninguém está dispensado de a fazer.
Sem comentários:
Enviar um comentário