Quercus apela a partidos que hoje falem sobre Quioto. Os ambientalistas da Quercus apelaram hoje aos partidos políticos para que dediquem "pelo menos 30 segundos" da campanha eleitoral ao Protocolo de Quioto sobre alterações climáticas."Esperamos que hoje os líderes possam dedicar pelo menos 30 segundos a falar sobre o maior problema ambiental global deste século e que está no topo da agenda política na Europa", afirmou aos jornalistas o dirigente ecologista Francisco Ferreira, durante uma acção em Lisboa para comemorar a entrada em vigor, hoje, do Protocolo de Quioto.
Francisco Ferreira lamentou a falta de iniciativas das autoridades portuguesas para celebrar a entrada em vigor do protocolo de Quioto, atribuindo essa "falha" ao período de campanha eleitoral."Mas não devemos esquecer que a agenda política e mediática de hoje passa por este momento da celebração de Quioto", sublinhou. A Quercus iniciou hoje pouco depois das 09:30 um périplo de bicicleta e transportes públicos para entregar uma "espécie de certificado" em 52 embaixadas ou consulados existentes em Lisboa dos 141 países que ratificaram o acordo de redução das emissões poluentes."
A Quercus vem por este meio congratular o seu país por ter ratificado o Protocolo de Quioto e estar assim a dar um passo para um mundo melhor. Parabéns pela sua actuação", refere esse "certificado".
Francisco Ferreira lamentou que o périplo não passe pelas embaixadas da Austrália e dos Estados Unidos, países cujos Governos rejeitaram ratificar Quioto.
O ponto de partida da Quercus foi a rua Augusta, junto ao Terreiro do Paço, onde os ambientalistas empunhavam um cartaz em que se lia "Vamos cumprir Quioto para que esta zona não fique submersa"."Prevê-se para Portugal um aumento de 110 centímetros da subida do nível da água do mar até ao fim do século. Muitas zonas como esta [o Terreiro do Paço] podem estar ameaçadas", justificou Francisco Ferreira.Os ambientalistas lamentaram que Portugal já tenha ultrapassado as emissões poluentes a que está obrigado pelo Protocolo de Quioto até 2010-2012."Portugal tem um caminho muito longo a percorrer e são necessárias medidas urgentes, como a revisão do imposto automóvel, medidas dissuasoras do uso do automóvel ou criação de benefícios fiscais para os cidadãos que invistam em equipamentos com energias renováveis", apelou o dirigente ambientalista.
Para Francisco Ferreira, os governos têm de "parar de dar sinais contraditórios" em relação ao cumprimento de Quioto, como "a construção de mais pontes ou de autoestradas".Os ambientalistas estimam que, em 2005, Portugal esteja 50 por cento acima do tecto de emissões poluentes permitidas por Quioto para 2010-2012."Será muito complicado cumprirmos Quioto, mas temos de fazer esse investimento em várias medidas urgentes", insistiu.
Para a Rede Europeia do Clima - federação de associações ambientalistas - , a entrada em vigor de Quioto representa "um primeiro passo de uma nova era na protecção do clima", de acordo com um documento hoje distribuído aos jornalistas pela Quercus. Várias cidades de pelo menos 30 países preparam iniciativas para celebrar a entrada em vigor de Quioto.
A principal cerimónia de celebração está a acontecer na cidade japonesa de Quioto, onde em 1997 foi assinado o acordo, já ratificado por 141 países, 30 dos quais industrializados. Quioto está a receber hoje uma conferência internacional onde se prevê a participação da Prémio Nobel da Paz de 2004, Wangari Maathai, que é também secretária de Estado do Ambiente do Quénia. Vão estar ainda presentes a secretária executiva da Convenção Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas, Joke Waller-Hunter, e a ministra japonesa do Ambiente, Yuriko Koike.
Agência LUSA 2005-02-16 11:20:01
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