sábado, 5 de fevereiro de 2005

Documento denuncia Zoo de Lisboa abate animais ilegalmente



Documento denuncia Zoo de Lisboa abate animais ilegalmente Administração do zoo admite abate e justifica acto com a lei que regulamenta parques Susana Leitão
O Jardim Zoológico de Lisboa "abate animais ilegalmente". O abate acontece "às segundas-feiras, às 08.15, junto ao gabinete de compras, perto do armazém, num matadouro, também ele ilegal". Esta é uma das queixas que consta de documentação que denuncia algumas situações ocorridas no zoo, e aque o DN teve acesso.A administração do zoo admite que abate animais, mas diz que não é ilegal, justificando o acto com a legislação. E o veterinário do parque argumenta ser normal todos os zoos do mundo praticarem a eutanásia. "Só há um decreto lei que regulamenta a actividade do parque e que é o que aplicamos no zoo, Decreto-lei 59/2003 Artigo 13, nº. 1. Com base neste artigo decidimos que determinados animais têm de ser abatidos. Todos os zoos praticam a eutanásia, todos os zoos têm de praticar a eutanásia", afirmou ao DN o veterinário-administrador da instituição, Fernando Paisana. O responsável defende que "se o animal é abatido é porque tem de ser. É porque um conjunto de veterinários, e não só um, decidiu que assim tinha deser. E vamos continuar a abater". Acrescentando "Se tenho uma exploração com animais em vias de extinção, nasce um macho e nasce outro macho, um destes tem que ser abatido. Por norma, contactamos a Associação Europeia de Zoos e Aquária (EAZA) e perguntamos se há algum zoo interessado no animal, se não há o animal tem que ser abatido, com base legal". Muita da carne que alimenta os carnívoros do parque é oferecida por particulares. No entanto, na maior parte das vezes chega ao zoo ainda com vida."Num local qualquer matamos um burro, ou um cavalo, cortamos aos bocados e damos aos leões», explica Fernando Paisana. «Uma coisa que fazemos com rigor é não dar carne aos nossos animais sem que seja inspeccionada por um veterinário, e de forma tão rigorosa como se fosse para consumo público" ,salienta. O presidente da Animal - Associação Nortenha de Intervenção no MundoAnimal -, Miguel Moutinho confirmou ter conhecimento desta situação ecritica a atitude, argumentando que "a maneira como os burros (e,eventualmente, cavalos ou outros animais) são mortos no Jardim Zoológico de Lisboa, revela que há várias infracções ao Decreto-lei n.º 28/96, de 2 de Abril, que regulamenta a protecção dos animais no abate". Por seu lado, Fernando Paisana garante que todos os passos são efectuados com o "conhecimento da Direcção-Geral de Veterinária. E a única recomendação que esta dá é que o animal seja abatido com o mínimo de dor. São abatidos atiro, morte instantânea, aqui no zoo, não pode ser noutro sítio".Outra situação denunciada no dossier é a falta de condições em que vivemalguns animais, nomeadamente felinos, grandes primatas, e outros animais de grande porte (ver texto ao lado). O veterinário administrador do zoo assume também que há, de facto, animais mal instalados, mas sublinha que a situação será resolvida. "Temos problemas nos grandes primatas e nos felinos. Não é oj ardim que é uma porcaria. A ala dos felinos, com excepção dos leões, está mal. As restantes estão bem. Os primatas estão pessimamente, mesmo assim estão melhor do que em grandes zoos da Europa".
Jaulas podem ter os dias contados na Maia
Paula FerreiraSansão vai, em breve, viajar para um jardim zoológico na Holanda. O jovem orangotango vive no Zoo da Maia num espaço exíguo. Com acara encostada ao vidro da jaula, os olhos não perdem a expressão triste,apesar das manifestações de carinho de uma funcionária do zoo. "Ele é um barato, é o meu preferido", diz a tratadora das focas, inactiva até que oespectáculo aquático regresse, em Fevereiro.DN-Ursula Zanggerfuturo. Objectivo é acabar com as jaulas e instalar os animais em ilhas, comtoda a segurança para os visitantesO orangotango representa o paradigma deste zoo. Carlos Teixeira, presidenteda Junta de Freguesia da Maia, entidade que gere o espaço temático dedicadoà vida selvagem, lembra que o Sansão "veio de um jardim onde se encontravaainda em piores instalações". Não encontrou as condições ideais, isso énotório, embora, como ressalva o autarca, pelo menos "tem aquecimento".Conscientes de que aquele espaço não é o indicado para o primata, osresponsáveis trataram de arranjar uma alternativa. Na passada semana chegou a resposta um zoo dos Países Baixos vai acolher Sansão que poderá ver a suaqualidade de vida melhorar bastante.Este é um dos caminhos encetados para adaptar o zoo às exigências da novalegislação. Se no momento não é possível aumentar a área do parque, com 3,5hectares, optou-se por diminuir o número de animais, sobretudo no que dizrespeito aos mamíferos. Os próximos a serem contemplados com mais espaço serão os leopardos. Um animal será cedido a outro zoo e as duas jaulasexistentes transformadas numa única.O espaço, considera o presidente da autarquia, é uma questão des ensibilidade, mas não está esquecido. "Temos um acordo verbal com a Câmarada Maia que permitirá triplicar a área". O sonho de Carlos Teixeira é acabarcom as jaulas e instalar os animais em ilhas com toda a segurança para os visitantes. Até lá, vão diminuindo o número de efectivos. Em relação aos pumas, jaguares, tigres ou panteras "não há dificuldades" em conseguir interessados. Mas, em outros casos, a estratégia é evitar que procriem, "uma vez que somos contra a eutanásia", afirma o responsável do zoo. Para evitar o crescimento das espécies, separam os animais na altura do cio ou optam pela utilização de anticoncepcionais. Mas a procriação é também uma mais-valia. Ontem, o urso pardo encontrava-se sozinho. A sua companheira estava na maternidade com o ursinho nascido emDezembro. Mãe e filho deverão regressar daqui a um mês para deliciar ascrianças, principais clientes do Zoo da Maia. Em breve, os visitantes poderão visionar o que se passa na maternidade através de circuito vídeo,reforçando a componente pedagógica do parque temático. Essa necessidade foi,segundo Carlos Teixeira, a principal observação da equipa do Instituto de Conservação da Natureza e da Direcção-Geral de Veterinária, que está a acompanhar o processo de licenciamento do zoo, o qual deverá ser concluído em Abril
Lei proíbe exibição de animais O Decreto-lei n.º 59/2003 de 1 de Abril, transposição para a legislação portuguesa de uma directiva comunitária aprovada há três anos, obriga todos os jardins zoológicos a salvaguardar os parâmetros de bem-estar de cada animal, assim como proíbe a exibição de animais unicamente para fins comerciais. Ou seja, os jardins zoológicos, e parques temáticos, vão ser obrigados a ter um papel pedagógico e de preservação da natureza e de espécies. A mesma legislação assegura a fiscalização aos recintos. Se estas exigências não forem cumpridas até Abril deste ano, os recintos deverão ser encerrados de vez. Entretanto, a administração do zoo de Lisboa garantiu ao DN que até lá irá começar as obras para melhorar as instalações dos animais,c om ou sem ajuda do Estado.
Zoológico tem más condições 
O Jardim Zoológico de Lisboa não tem "condições mínimas" para alojar os animais. "As instalações são muito pobres. Aliás, é mesmo um dos mais pobresda Europa". A caracterização foi feita por Daniel Turner, da Born Free Foundation, uma organização de defesa dos animais, que esteve recentemente em Portugal para investigar aquele recinto. E a análise realizada é bastante crítica no que toca ao funcionamento do parque, confirmando um conjunto dequeixas reunidas no dossier interno a que o DN teve acesso. A associação Animal diz "não estranhar estas denúncias", apesar de o seu autor preferir manter o anonimato. "Todos os dias recebemos cartas, email sou telefonemas com as mesmas reclamações. No entanto, as pessoas não se identificam, o que nos impossibilita de dar seguimento jurídico às questões", explica Miguel Moutinho, presidente daquela associação. Por seu turno, o responsável da Born Free Foundation explica porque é que as instalações do recinto lisboeta não têm condições "Quando o zoo foi construído não se teve em conta os animais, mas sim o público. Uma prática que tem vindo a manter ao longo dos anos", afirma Daniel Turner. Segundo o dossier, os "casos mais aberrantes são os dos grandes primatas e felinos". O especialista britânico explicou ao DN que a depressão em alguns animais é bastante visível e resulta das "condições miseráveis em que são mantidos e pela falta de estímulos. Esse tipo de distúrbio comportamental, nomeadamente a repetição permanente dos movimentos estereotipados, assim como a auto-mutilação, é passível de ser revertida, mas para isso era necessário devolver aos animais algumas das condições que eles teriam no seu habitat natural".Daniel Turner alerta para o facto de as instalações dos grandes animais,como os elefantes, girafas, gorilas ou chimpanzés terem "condições miseráveis . E, aproveita para lembrar a Aldeia dos Macacos. "Aquela aldeia, como lhe chamam", ironizou, "está na mesma há anos. Os animais têm de facto espaço, mas a qualidade do mesmo é má, pois não têm vegetação para fazer oque fazem na vida selvagem, como andarem de ramo em ramo". Um dos grandes problemas, explica, é que "muitos Zoos não entendem que o importante é a qualidade das instalações e não a quantidade".O responsável deixa um alerta "Será que as grandes empresas que patrocinam estes animais sabem em que condições é que estes vivem? Julgo que não. Caso contrário, tudo seria mais grave".S.L

"People say they don't care about politics; they're not involved or don't want to get involved, but they are. Their involvement just masqueradesas indifference or inattention. It is the silent acquiescence of the millions that supports the system. When you don't oppose a system, your silence becomes approval, for it does not hing to interrupt the system. People use all sorts of excuses for their indifference. They even appealto God as a shorthand route for supporting the status quo. They talkabout law and order. But look at the system, look at the present social"order" of society. Do you see God? Do you see law and order? There is nothing but disorder, and instead of law there is only the illusion ofsecurity. It is an illusion because it is built on a long history ofinjustices: racism, criminality, and the enslavement and genocide of millions. Many people say it is insane to resist the system, butactually, it is insane not to."*/Mumia Abu-Jamal/*

Sem comentários: