Documento denuncia Zoo de Lisboa abate animais ilegalmenteAdministração do zoo admite abate e justifica acto com a lei que regulamentaparquesSusana LeitãoO Jardim Zoológico de Lisboa "abate animais ilegalmente". O abate acontece"às segundas-feiras, às 08.15, junto ao gabinete de compras, perto doarmazém, num matadouro, também ele ilegal". Esta é uma das queixas queconsta de documentação que denuncia algumas situações ocorridas no zoo, e aque o DN teve acesso.A administração do zoo admite que abate animais, mas diz que não é ilegal,justificando o acto com a legislação. E o veterinário do parque argumentaser normal todos os zoos do mundo praticarem a eutanásia."Só há um decreto lei que regulamenta a actividade do parque e que é o queaplicamos no zoo, Decreto-lei 59/2003 Artigo 13, nº. 1. Com base nesteartigo decidimos que determinados animais têm de ser abatidos. Todos os zoospraticam a eutanásia, todos os zoos têm de praticar a eutanásia", afirmou aoDN o veterinário-administrador da instituição, Fernando Paisana.O responsável defende que "se o animal é abatido é porque tem de ser. Éporque um conjunto de veterinários, e não só um, decidiu que assim tinha deser. E vamos continuar a abater". Acrescentando "Se tenho uma exploração comanimais em vias de extinção, nasce um macho e nasce outro macho, um destestem que ser abatido. Por norma, contactamos a Associação Europeia de Zoos eAquária (EAZA) e perguntamos se há algum zoo interessado no animal, se nãohá o animal tem que ser abatido, com base legal".Muita da carne que alimenta os carnívoros do parque é oferecida porparticulares. No entanto, na maior parte das vezes chega ao zoo ainda comvida."Num local qualquer matamos um burro, ou um cavalo, cortamos aosbocados e damos aos leões», explica Fernando Paisana. «Uma coisa que fazemoscom rigor é não dar carne aos nossos animais sem que seja inspeccionada porum veterinário, e de forma tão rigorosa como se fosse para consumo público",salienta.O presidente da Animal - Associação Nortenha de Intervenção no MundoAnimal -, Miguel Moutinho confirmou ter conhecimento desta situação ecritica a atitude, argumentando que "a maneira como os burros (e,eventualmente, cavalos ou outros animais) são mortos no Jardim Zoológico deLisboa, revela que há várias infracções ao Decreto-lei n.º 28/96, de 2 deAbril, que regulamenta a protecção dos animais no abate".Por seu lado, Fernando Paisana garante que todos os passos são efectuadoscom o "conhecimento da Direcção-Geral de Veterinária. E a única recomendaçãoque esta dá é que o animal seja abatido com o mínimo de dor. São abatidos atiro, morte instantânea, aqui no zoo, não pode ser noutro sítio".Outra situação denunciada no dossier é a falta de condições em que vivemalguns animais, nomeadamente felinos, grandes primatas, e outros animais degrande porte (ver texto ao lado). O veterinário administrador do zoo assumetambém que há, de facto, animais mal instalados, mas sublinha que a situaçãoserá resolvida. "Temos problemas nos grandes primatas e nos felinos. Não é ojardim que é uma porcaria. A ala dos felinos, com excepção dos leões, estámal. As restantes estão bem. Os primatas estão pessimamente, mesmo assimestão melhor do que em grandes zoos da Europa"._ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _Jaulas podem ter os dias contados na MaiaPaula FerreiraSansão vai, em breve, viajar para um jardim zoológico naHolanda. O jovem orangotango vive no Zoo da Maia num espaço exíguo. Com acara encostada ao vidro da jaula, os olhos não perdem a expressão triste,apesar das manifestações de carinho de uma funcionária do zoo. "Ele é umbarato, é o meu preferido", diz a tratadora das focas, inactiva até que oespectáculo aquático regresse, em Fevereiro.DN-Ursula Zanggerfuturo. Objectivo é acabar com as jaulas e instalar os animais em ilhas, comtoda a segurança para os visitantesO orangotango representa o paradigma deste zoo. Carlos Teixeira, presidenteda Junta de Freguesia da Maia, entidade que gere o espaço temático dedicadoà vida selvagem, lembra que o Sansão "veio de um jardim onde se encontravaainda em piores instalações". Não encontrou as condições ideais, isso énotório, embora, como ressalva o autarca, pelo menos "tem aquecimento".Conscientes de que aquele espaço não é o indicado para o primata, osresponsáveis trataram de arranjar uma alternativa. Na passada semana chegoua resposta um zoo dos Países Baixos vai acolher Sansão que poderá ver a suaqualidade de vida melhorar bastante.Este é um dos caminhos encetados para adaptar o zoo às exigências da novalegislação. Se no momento não é possível aumentar a área do parque, com 3,5hectares, optou-se por diminuir o número de animais, sobretudo no que dizrespeito aos mamíferos. Os próximos a serem contemplados com mais espaçoserão os leopardos. Um animal será cedido a outro zoo e as duas jaulasexistentes transformadas numa única.O espaço, considera o presidente da autarquia, é uma questão desensibilidade, mas não está esquecido. "Temos um acordo verbal com a Câmarada Maia que permitirá triplicar a área". O sonho de Carlos Teixeira é acabarcom as jaulas e instalar os animais em ilhas com toda a segurança para osvisitantes. Até lá, vão diminuindo o número de efectivos. Em relação aospumas, jaguares, tigres ou panteras "não há dificuldades" em conseguirinteressados. Mas, em outros casos, a estratégia é evitar que procriem, "umavez que somos contra a eutanásia", afirma o responsável do zoo. Para evitaro crescimento das espécies, separam os animais na altura do cio ou optampela utilização de anticoncepcionais.Mas a procriação é também uma mais-valia. Ontem, o urso pardo encontrava-sesozinho. A sua companheira estava na maternidade com o ursinho nascido emDezembro. Mãe e filho deverão regressar daqui a um mês para deliciar ascrianças, principais clientes do Zoo da Maia. Em breve, os visitantespoderão visionar o que se passa na maternidade através de circuito vídeo,reforçando a componente pedagógica do parque temático. Essa necessidade foi,segundo Carlos Teixeira, a principal observação da equipa do Instituto deConservação da Natureza e da Direcção-Geral de Veterinária, que está aacompanhar o processo de licenciamento do zoo, o qual deverá ser concluídoem Abril._ _ _Lei proíbe exibição de animaisO Decreto-lei n.º 59/2003 de 1 de Abril, transposição para a legislaçãoportuguesa de uma directiva comunitária aprovada há três anos, obriga todosos jardins zoológicos a salvaguardar os parâmetros de bem-estar de cadaanimal, assim como proíbe a exibição de animais unicamente para finscomerciais. Ou seja, os jardins zoológicos, e parques temáticos, vão serobrigados a ter um papel pedagógico e de preservação da natureza e deespécies. A mesma legislação assegura a fiscalização aos recintos. Se estasexigências não forem cumpridas até Abril deste ano, os recintos deverão serencerrados de vez. Entretanto, a administração do zoo de Lisboa garantiu aoDN que até lá irá começar as obras para melhorar as instalações dos animais,com ou sem ajuda do Estado._ _ _Zoológico tem más condiçõesO Jardim Zoológico de Lisboa não tem "condições mínimas" para alojar osanimais. "As instalações são muito pobres. Aliás, é mesmo um dos mais pobresda Europa". A caracterização foi feita por Daniel Turner, da Born FreeFoundation, uma organização de defesa dos animais, que esteve recentementeem Portugal para investigar aquele recinto. E a análise realizada é bastantecrítica no que toca ao funcionamento do parque, confirmando um conjunto dequeixas reunidas no dossier interno a que o DN teve acesso.A associação Animal diz "não estranhar estas denúncias", apesar de o seuautor preferir manter o anonimato. "Todos os dias recebemos cartas, emailsou telefonemas com as mesmas reclamações. No entanto, as pessoas não seidentificam, o que nos impossibilita de dar seguimento jurídico àsquestões", explica Miguel Moutinho, presidente daquela associação.Por seu turno, o responsável da Born Free Foundation explica porque é que asinstalações do recinto lisboeta não têm condições "Quando o zoo foiconstruído não se teve em conta os animais, mas sim o público. Uma práticaque tem vindo a manter ao longo dos anos", afirma Daniel Turner.Segundo o dossier, os "casos mais aberrantes são os dos grandes primatas efelinos". O especialista britânico explicou ao DN que a depressão em algunsanimais é bastante visível e resulta das "condições miseráveis em que sãomantidos e pela falta de estímulos. Esse tipo de distúrbio comportamental,nomeadamente a repetição permanente dos movimentos estereotipados, assimcomo a auto-mutilação, é passível de ser revertida, mas para isso eranecessário devolver aos animais algumas das condições que eles teriam no seuhabitat natural".Daniel Turner alerta para o facto de as instalações dos grandes animais,como os elefantes, girafas, gorilas ou chimpanzés terem "condiçõesmiseráveis . E, aproveita para lembrar a Aldeia dos Macacos. "Aquela aldeia,como lhe chamam", ironizou, "está na mesma há anos. Os animais têm de factoespaço, mas a qualidade do mesmo é má, pois não têm vegetação para fazer oque fazem na vida selvagem, como andarem de ramo em ramo". Um dos grandesproblemas, explica, é que "muitos Zoos não entendem que o importante é aqualidade das instalações e não a quantidade".O responsável deixa um alerta "Será que as grandes empresas que patrocinamestes animais sabem em que condições é que estes vivem? Julgo que não. Casocontrário, tudo seria mais grave".S.L._ _ _"People say they don't care about politics; they're not involved or don'twant to get involved, but they are. Their involvement just masqueradesas indifference or inattention. It is the silent acquiescence of themillions that supports the system. When you don't oppose a system, yoursilence becomes approval, for it does nothing to interrupt the system.People use all sorts of excuses for their indifference. They even appealto God as a shorthand route for supporting the status quo. They talkabout law and order. But look at the system, look at the present social"order" of society. Do you see God? Do you see law and order? There isnothing but disorder, and instead of law there is only the illusion ofsecurity. It is an illusion because it is built on a long history ofinjustices: racism, criminality, and the enslavement and genocide ofmillions. Many people say it is insane to resist the system, butactually, it is insane not to."*/Mumia Abu-Jamal/*
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