quarta-feira, 7 de junho de 2023

Vice-presidente da Distrital do Chega Porto foi detido por posse ilegal de arma e secretário pessoal de André Ventura foi constituído arguido


Luc Mombito, secretário pessoal de André Ventura e Conselheiro Nacional do Chega, foi alvo de buscas, foi constituído arguido e interrogado pela Polícia Judiciária por crimes de injúria agravada, ameaça agravada e atentado à liberdade de imprensa.

Nuno Miguel Ribeiro Pontes, também conhecido por Nuno Pit, autarca único do Chega na Assembleia Municipal de Gondomar e vice-presidente da Distrital do Chega Porto, distrital que caiu na semana passada devido ao pedido de demissão de quatro dirigentes, no entanto mantém-se em funções até novas eleições, é suspeito dos mesmos crimes, foi alvo de buscas e foi detido em flagrante delito por posse ilegal de arma e de 30 munições.

Em causa estarão ameaças feitas a Pedro Coelho, jornalista da SIC, a propósito de uma reportagem sobre o Chega. O jornalista chegou a ser chamado ao Ministério Público (MP) em duas ocasiões "para prestar esclarecimentos".

No entanto, a queixa partiu do International Press Institute (IPI), que tem como um dos objetivos zelar pela segurança dos jornalistas.

A investigação está a ser levada a cabo pela Unidade de Contraterrorismo da Polícia Judiciária.

O líder do Chega, André Ventura, já afirmou que não irá afastar nenhum dos dois implicados e referiu que irá aguardar o resultado das investigações do processo.

O jornalista Pedro Coelho, autor da série de cinco reportagens "A Grande Ilusão", sobre as origens e crescimento do Chega, que foi alvo de ameaças por parte de dois membros do partido que estão agora a ser investigados pela Polícia Judiciária, considera que André Ventura não afastar os dois dirigentes partidários é um "eufemismo" e lamenta a "loucura verbal" de que os jornalistas são alvo.

As ameaças, que chegaram a ser de centenas, surgiram nas redes sociais e, assinala Pedro Coelho, "são absolutamente visíveis, existem e não foram inventadas nem negadas pelos autores das mesmas", assinala. Por isto mesmo, interpreta as palavras de André Ventura - que quer dar tempo à Justiça para atuar - como um "eufemismo".

As ameaças surgiram logo após a emissão das duas primeiras reportagens, em plena campanha eleitoral para as Presidenciais de janeiro de 2021, nas quais Ventura se candidatou a Belém. O jornalista e a direção da SIC decidiram, naquela altura, não apresentar queixa do sucedido para não alimentar a fogueira, mas Pedro Coelho acabou por ser contactado pelo International Press Institute (IPI), que formalizou uma queixa. Daí, o assunto chegou às mãos do Ministério Público.

A "matéria jornalística", o material que compunha as reportagens, "nunca foi posta em causa", sublinha o jornalista. O que aconteceu é que os dois dirigentes do Chega tentaram "cercear a liberdade" de Pedro Coelho "como fizeram com outros jornalistas".

"Não fui o único atacado por estas pessoas, houve outros provavelmente até mais solitários do que eu, porque trabalhando em televisão tenho uma exposição pública", reconhece, explicando que outras pessoas foram atacadas "antes", mas neste caso "foi a televisão que fez explodir a dimensão da coisa".

As expectativas para o desfecho deste caso, confessa, não são "grandes" porque o discurso de ódio "vai infelizmente continuar". Pedro Coelho assinala até que o ressurgimento da questão pode ter efeitos nefastos e acredita que vai ser, "de novo, vítima de uma coisa que até já estava calminha".

"O discurso de ódio infelizmente faz parte do nosso quotidiano. Eu não vejo com nada bons olhos esta loucura que se passa nas redes sociais e creio que os jornalistas cada vez mais são vítimas desta loucura verbal. Enquanto for verbal, habituamo-nos a viver com ela." E é assim que espera que continue: apenas "verbal".

Sem comentários: