segunda-feira, 20 de setembro de 2021

José-Augusto França em entrevista: «A obra de arte é a sua própria verdade»

«Respostas a eito, mão levantada, currente calamo e má caligrafia,
em 25 de abril de 2015 — depois de algumas centenas de páginas
que escrevi, mais explicativas.»

Admira Piero della Francesca e Nuno Gonçalves, mas também Chaplin, Mahler e Louis Armstrong. Faz do Jardim da Estrela o seu porto de abrigo no meio ano que passa em Lisboa. O resto do tempo passa-o em Jarzé, um pequeno vilarejo francês, o «descanso do guerreiro», como gosta de lhe chamar.

Correu o mundo em busca do belo e da verdade. E não só — acrescenta ele. É avesso às novas tecnologias e não gosta de gravar entrevistas. Prefere respondê-las à mão. E assim foi. Duas linhas, em jeito didascálico, encabeçam as respostas à PRELO. São reveladoras da personalidade deste colaborador já antigo da INCM.

Quanto ao número de páginas que escreveu estar na ordem das centenas, isso já será apenas modéstia. Feitas todas as contas, este escritor, historiador da arte e também académico — por esta ordem precisa — chegarão, facilmente, aos milhares. Quanto à data das respostas poderá ser apenas coincidência. Ou talvez não.

É que o percurso que vamos revisitar a seguir, a currente calamo, como quem diz, ao correr da pena, pertence a um homem que, aos 92 anos, continua a viver a vida aprendendo a ver e a escrever sobre o que procura ver. A tal «liberdade cor-de-homem», como lhe chamou o surrealista André Breton.

Espaço para as saudades, não o tem. Mas tempo para voltar ao Louvre, o seu museu preferido, para visitar a Tate Modern, onde nunca esteve, e escrever um Essencial sobre Picasso, não lhe pode faltar. E por falar em tempo… é o tempo que faz a Arte ou a Arte que faz o tempo? Quem melhor do que José-Augusto França para nos dar a resposta?

Prelo (P) — Tem várias obras publicadas pela editora pública. Como e quando começou a sua relação com a INCM?

José-Augusto França (JAF) — Com a edição «comparada» de Memórias dum Doido, de António Pedro Lopes de Mendonça, que propus em 1982, e prefaciei.

P — Foi colaborador da revista PRELO. Fale-nos um pouco das suas contribuições para esta publicação.

JAF — Um depoimento pedido, um conto que propus e um estudo sobre quatro obras de «pseudo-história» dos anos 20 que me propus reeditar; assim não foi e o prefácio preparado adaptou-se à revista.

P — Faz parte do conselho editorial da INCM. O que é que este cargo representa para si?

JAF — É um cargo (de nomeação continuada) do Ministério da Cultura, que tem funções meramente consultivas.

P — Coloque pela ordem com que mais se reconhece. José-Augusto França é sobretudo: escritor; historiador da arte; crítico de arte; académico.

JAF — Escritor (que é aquele que escreve, também romances); historiador (que é aquele que escreve história, não só da arte); académico por docência profissional, desde 1974.

P — Existe uma polémica entre os heterónimos de Pessoa, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, quanto à classificação das artes. São elas:

Ricardo Reis: «Há só duas artes verdadeiras: a Poesia e a Escultura. A Realidade divide-se em realidade espacial e realidade não espacial, ou ideal.

A escultura figura a realidade espacial (que a pintura desfigura e abaixa e a arquitetura artificializa porque não reproduz uma coisa real mas outra coisa). A música, que é a arquitetura da poesia, isola uma coisa, o som, e quer dar o ritmo fora do humano, que é a ideia.»

Álvaro de Campos: «Há cinco artes — a Literatura, a Engenharia, a Política, a Figuração (que inclui o drama, a dança, etc.) e a Decoração. (A Decoração vai desde a arte de arrumar bem as coisas em cima de uma mesa até à pintura e à escultura. F[ernando] P[essoa] teve razão numa coisa: a pintura e a escultura são essencialmente artes de decorar, mas errou em limitar a essas as artes decorativas).»

P — Para si, qual é a mais certeira? E porquê?

JAF — Todas ou nenhuma — ou outra qualquer proposta, com humor semelhante, de fantasia e inteligência possível…

P — Assina vários livros da coleção «Essencial». Se possível, diga-nos em apenas uma linha o que é o Essencial sobre: António Pedro.

JAF — A imaginação da sua obra pictórica e a consciência da sua obra de encenador.


JAF — O humor crítico que cobriu 40 anos da vida portuguesa.


JAF — O retrato entendido do fin de siècle nacional.

P — José Malhoa.

JAF — A vista exterior dos costumes portugueses durante duas (ou três) gerações.


JAF — A sua proposta de mítica nacional.


JAF — A originalidade plástica da sua obra de 1916-1917.


JAF — A angústia da vivência ocidental durante 60 anos do século XX.

P — Faz parte do júri do Grémio Literário que este ano atribuiu à obra Joaquim de Vasconcelos: Historiador, Crítico de Arte e Museólogo, de Sandra Leandro, o Prémio Grémio Literário 2014, e a menção honrosa à obra A Correspondência de Fradique Mendes, de Eça de Queirós. Que valores reconheceram nestas edições da chancela INCM?

JAF — Uma obra incontornável sobre o fundador da historiografia da arte em Portugal; e a realização de metade do programa crítico editorial da obra completa em 30 volumes, dirigido por Carlos Reis.
No seu escritório, na casa de Lisboa. Na parede, à esquerda, um guache de Vieira da Silva; à direita, um Noronha da Costa, dos anos 1980.

P — Tem uma atividade literária vastíssima. Que género lhe dá mais prazer escrever?

JAF — Quando escrevo romances escrevo romances (em 1949 ou nos anos 2000), quando escrevo história (da arte, da cultura) isso faço — desde 1956. E uma coisa ou outra faço com prazer — ou não faria…

P — Porquê esta relação tão especial com os surrealistas? E não com os neorrealistas, por exemplo? É uma questão de origens? De vivências? De leituras? De educação? Do acaso?

JAF — Questão de história, de geração, e de consciência de «Liberdade cor-de-homem» (André Breton).

P — Quais as melhores recordações que guarda do grupo surrealista?

JAF — As amizades — António Pedro, António Dacosta, Fernando Azevedo, Marcelino Vespeira, Fernando Lemos, os primos inter pares…

P — As suas primeiras colaborações versavam muito sobre cinema. Mais tarde, acompanhou António Pedro na fundação dos «Companheiros do Pátio das Comédias», no Teatro Apolo e chegou a dirigir, entre 1948 e 1955, a programação cinematográfica das «Terças-Feiras Clássicas» do Jardim Universitário de Belas Artes, no cinema Tivoli. Mais de 200 sessões! Como era selecionar filmes e escrever sobre eles no período de ditadura?

JAF — Os filmes existiam nos distribuidores devidamente censurados: o caso era só de escolha estética e histórica, para uma programação específica, acompanhada com comentários culturais da melhor gente disponível…

P — Escreveu o primeiro romance anticolonialista português: Natureza Morta. Sente-se o precursor de uma geração que escreveu e obteve sucesso com o tema?

JAF — Antes de mim o fez Castro Soromenho em Terra Morta, 1947. Depois não foi tema muito tratado nas «malhas do império» defunto.

P — Também foi editor na Editorial Confluência, onde dirigiu a publicação do Dicionário Morais da Língua Portuguesa, em 12 volumes. Para si, o que distingue um bom editor e uma boa edição?

JAF — Não foi uma propriamente dita ação editorial (que me estava interdita pelo regime), foi uma empresa de caráter comercial e científico. Um bom editor é aquele que lê, escolhe, sugere, propõe.

P — Estudou no Liceu Gil Vicente, com o professor Sebastião Lisboa que o «ensinou a escrever», na Faculdade de Letras com o professor Vieira de Almeida que o «ensinou a pensar», na École des Hautes Etudes com Pierre Francastel que o «ensinou a historiar», na Sorbonne com o professor Léon Bourdon que o «ensinou a trabalhar academicamente». Houve alguém que o tenha ensinado a apreciar a arte?

JAF — Muito devo aos quatro professores indicados. Quanto à arte, meu pai levava-me, menino, ao Museu de Arte Antiga. Desde fins dos anos 30 passei a ir, por meu pé, onde podia… E, desde 1946, Paris, Paris, Paris…

P — Há pessoas fundamentais no seu percurso. E livros? E filmes? Quais são aqueles que mais o influenciaram?

JAF — Amores, desamores, Eça, Stendhal, Proust, Faulkner, Musil, Simenon, Chaplin, Renoir, Rossellini, Antonioni, Hitchcock, Manoel d’Oliveira, os Marx — ao longo do caminho…

P — Porque deixou incompleto o Curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa?

JAF — Razão circunstancial: a morte do meu pai e necessidade de ir para Angola trabalhar.

P — Retomou os estudos em Paris na École des Hautes Etudes e na Sorbonne; só em 1959. Recorda-se das grandes diferenças que sentiu a nível académico entre as duas instituições?

JAF — São duas instituições culturais (e etárias) diferentes nas suas estruturas culturais, sociais e nacionais.

P — Como observa a evolução do ensino da história da arte em Portugal?

JAF — Houve radical e programada modificação em 1976, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

P — Em 1982 é publicado pela INCM a obra Cem Exposições. Há alguma que o tenha marcado mais?

JAF — Reuni ali os cem primeiros prefácios de exposições publicados — e lembro-me de que o primeiro foi sobre Almada Negreiros, em 1951.

P — Como define a atividade de um crítico de arte?

JAF — Ir aprendendo a ver e a escrever sobre o que soube ver.

P — E como define a ética de um crítico de arte?

JAF — A ética é do cidadão, crítico de arte ou não…

P — Olhando, por exemplo, para os principais jornais e revistas de atualidade nacional, acha que em Portugal a crítica tem espaço suficiente no debate público?

JAF — Não, nunca teve e cada vez menos tem, em folha impressa, rádio ou televisão. A actualidade (com «c» ou sem «c») vai mal!

P — Numa obra de arte o que é mais importante: a verdade ou a beleza?

JAF — A obra de arte é a sua própria verdade e «el arte es el social» (Federico Garcia Lorca).

P — O que é a Arte segundo José-Augusto França?

JAF — Ouvi perguntar isso ao Almada Negreiros que, em reposta, abriu os grandes braços. Que melhor resposta?

P — O que representam as seguintes cidades do universo de José-Augusto França:
Tomar?

JAF — Uma memória familiar reproduzida.

P — Lisboa?

JAF — Uma vivência infantil, adolescente e profissional.

P — Paris?

JAF — Uma ideia encarnada desde 1946.

P — E a pequena vila de Jarzé, em França?

JAF — Le repos du guerrier, a 300 km de Paris.

P — O Jardim da Estrela, em Lisboa, onde nos encontrámos pela primeira vez, é um lugar especial para si. Quer contar-nos porquê?

JAF — Simboliza memória infantil, redescoberta aos 70 anos, com lago, patos e amigos. Porque não a herança de um viscondado da Estrela, de um brasileiro Rodrigues (como eu), em 1879?

P — Viajou por todos ou quase todos os continentes. Qual a importância das viagens para o seu olhar de historiador?

JAF — Áfricas, Europas, Américas, Goa, o Japão. Horizontes diversos em descoberta e entendimento possível, ao longo de 70 anos.

Vários objetos de arte africanos e uma pequena Torre Eiffel datada de 1889, o ano da Grande Exposição Universal de Paris, numa das estantes do escritório em Lisboa.

P — Qual o seu museu preferido e porquê?

JAF — Seria ingratidão não dizer o Louvre.

P — Que museu lhe falta visitar?

JAF — Tenho que ir à Tate Modern, que ainda não visitei. E entretanto visitei o Guggenheim de Bilbao, onde ainda não fora.

José-Augusto França e Marie-Therése Mandroux-França por José Guimarães (cerca de 1975).


P — Que artistas e obras nacionais mais admira?

JAF — Nacionais? O Nuno Gonçalves!

P — E a nível internacional?

JAF — Piero della Francesca e Picasso

P — Para si, quais são os grandes nomes da arte contemporânea?

JAF — Nuno Gonçalves, Piero dela Francesca e Picasso — contemporâneos da história que vamos tendo e verificando, isto é, «fazendo verdade».

P — Qual é o segredo para se conseguir apreciar e tirar prazer da arte contemporânea?

JAF — Soubera-o eu! Mas tê-lo, tenho…

P — Numa obra de arte, a que atentam primeiramente os historiadores?

JAF — Depende mais dos historiadores do que a obra. Mas melhor será que atentem primeiro na própria obra!

P — Na atualidade, a essência do objeto artístico, no que respeita a originalidade, passou a ser uma utopia?

JAF — Cada objeto artístico contém a sua própria origem.

Quadro de Jean Miotte, anos 1960.

P — Podemos gostar de uma obra de arte sem a perceber?

JAF — Com a necessária inocência, ou a ela voltando sempre, como ensinava Almada Negreiros.

P — O valor de uma obra de arte e o seu preço são a mesma coisa?

JAF — São circuitos diferentes e circunstanciais, que nos preços têm dependência aleatória e manipulada dos mercados — entre marchands, galeristas, leiloeiros, comissários ou curadores.

P — Acha que o papel da arte se tem alterado ao longo dos tempos?

JAF — Não fundamentalmente, nas variações culturais das sociedades.

P — Em Sete Cartas a um Jovem Filósofo, Agostinho da Silva escrevia: «A vida, para a vida, é sempre longa; mas para a Arte é sempre breve, só quando não se faz nada há sempre tempo.» O que representa o tempo na arte?

JAF — Vita brevis… É a arte que faz o tempo, acrescento eu, às palavras de um homem que conheci e respeitei.

P — Acha que ainda exista arte engagée?

JAF — Trata-se de uma limitação política da sua função essencialmente social. «El arte es el social» (Lorca).


P — Para si, quais são os títulos indispensáveis à biblioteca de um historiador da arte?

JAF — Fiz um programa online para a Biblioteca Nacional em 2003. Ele terminava, nos limites cronológicos estipulados, em Joaquim de Vasconcelos.

P — Porque decidiu doar, em 2004, a sua coleção de arte à Câmara Municipal de Tomar, criando o Núcleo de Arte Contemporânea — Doação José-Augusto França?

JAF — A certa altura da vida (e da idade) ou é leilão ou é doação.

P — O que podemos ver no Núcleo de Arte Contemporânea — Doação José-Augusto França?

JAF — Um conjunto de obras culturalmente coerentes que vem da prática crítica do proprietário e das suas relações de amizade e apreço com três ou quatro gerações de artistas.

P — Não lhe custou desfazer-se de determinados objetos de arte?

JAF — É natural que sim — uma meia dúzia deles, particularmente. Ou dois ou três…

P — Acredito que ainda tenha obras de arte em sua casa. Qual a obra de arte mais especial que ainda guarda em casa?

JAF — Um Bissière que vejo todos os dias, ao me deitar e ao me levantar, em Jarzé. Em Lisboa, ainda — um António Pedro de 1946 recuperado in extremis, da última mudança, que há muito andava esquecido.


António Pedro. Este quadro esteve vários anos escondido/perdido no sótão da casa do Príncipe Real, em Lisboa. Foi publicado uma única vez numa revista inglesa da Universidade de Oxford.


P — Várias gerações da vida cultural portuguesa lhe são devedoras de um património intelectual vastíssimo no domínio da arte e da história. O que sente quando lhe dizem que é o grande historiador e crítico de arte português?

JAF — «O grande» é coisa que nunca há; só uns são maiores e outros mais pequenos. E, na verdade, não sou de sentir grande coisa, no meu Ego.

P — Existe alguém que considere ser o seu sucessor nesta área? Para si, quais são os outros nomes de referência na história da arte da atualidade portuguesa?

JAF — Não há, nem deve haver, sucessões. Mas refiro sempre o Prof. Vítor Serrão como o mais dotado da geração seguinte à minha, meu aluno que foi e hoje colega.

P — Está muito ligado às artes em geral. Literatura, pintura, cinema, arquitetura. Qual é a sua relação com a música?

JAF — Ocasional — e «visual». Apaixonada também, às vezes…

P — Tem algum compositor preferido?

JAF — Mozart e Mahler — é consoante. E jazz, Louis Armstrong, ainda, por exemplo.

P — O que mais o preocupa nos nossos dias?

JAF — O FMI e os sunitas. E (sobretudo!) o medo! E o ódio. E, mais sobretudo, a estupidez… Eu já sabia isso de cor, dizia o Almada.

P — Falando de atualidade… o que poderá ser feito em relação à barbárie jihadista que, além de matar pessoas, arruína as obras de arte? Nomeadamente, as dezenas de esculturas de arte assíria?

JAF — Publiquei em 1955 um poema inédito de António Pedro — que sei de cor. Dois versos só: «Que de bestas, que de bestas, / Oh que de bestas, que de bestas há.» Melhor comentário não haverá, para muita coisa e muita gente.

P — E o que lhe dá mais prazer hoje em dia?

JAF — O Jardim da Estrela, quando estou em Lisboa, e Jarzé, em França, na província de Anjou.

P — Aos 92 anos, como se lida com esse sentimento tão português chamado saudade?

JAF — Não a tendo; em vez, tenho memória(s).

P — Escreveu, a propósito da exposição bibliográfica José-Augusto França 1942-2012, patente na Biblioteca Nacional de Portugal, em 2012, que «o autor prefere sempre, profissionalmente, o livro que vai escrever». Que livro vai escrever a seguir José-Augusto França?

JAF — Acho que, por divertimento (e preguiça), vou escrever um «Essencial» sobre Picasso, depois de ter escrito um Chaplin que está para sair. De momento, o meu «último» título é, na Presença, um Diálogo entre o Autor e o Crítico, de reflexão sobre os meus 15 livros de ficção.


À esquerda, uma estatueta africana oferecida por José de Guimarães. Na parede um quadro sem título (cerca de 1965) de Frans Krajcberg, pintor, escultor e artista plástico polaco, naturalizado brasileiro.


P — Atribui-se a Franz Kafka a afirmação: «quem conserva a qualidade de ver a beleza, não envelhece». É este o seu segredo?

JAF — «A beleza da vida está em viver de acordo com a sua natureza e o seu ofício» Fray Luis de León. Há muito o cito!
José-Augusto França responde ao questionário Proust
(«Só válido no momento da resposta.»*)

1) A sua virtude preferida?
— Qualquer das ditas «naturais» que, conforme os teólogos, não contam para a salvação da alma.

2) A qualidade que mais aprecia num homem?
— A lealdade.

3) A qualidade que mais aprecia numa mulher?
— A lealdade – nenhuma razão para ser outra.

4) O que aprecia mais nos seus amigos?
— A lealdade.

5) O seu principal defeito?
— Nenhum deles.

6) A sua ocupação preferida?
— O olhar, pessoas e coisas (de arte, quando possível).

7) Qual é a sua ideia de «felicidade perfeita»?
— «Viver de acordo com a sua natureza e ofício» (Fray Luis de Léon).

8) Um desgosto?
— Nenhum.

9) O que é que gostaria de ser?
— Gato.

10) Em que país gostaria de viver?
— Já pensei que na República de San Marino, nas três vezes que lá fui.

11) A cor preferida?
— Os verdes (sempre no plural).

12) A flor de que gosta?
— As rosas «Pierre Ronsard» que me sobem à janela.

13) O pássaro que prefere?
— O pardal.

14) O autor preferido em prosa?
— Português? O Eça, mas nem sempre.

15) Poetas preferidos?
— Portugueses? Jorge de Sena e Alexandre O’Neill.

16) O seu herói da ficção?
— D. António, Prior de Crato.

17) Heroínas favoritas na ficção?
— Portuguesa? Maria Eduarda d’ Os Maias.

18) Compositores preferidos?
— Mozart e Mahler – é consoante.

19) Os pintores preferidos?
— Português? Nuno Gonçalves. Não português? Pierro della Francesca e Picasso.

20) Os heróis da vida real?
— Neste centenário da Grande Guerra, o soldado Milhões, da Infantaria 15 da minha terra e que foi camarada de meu pai.

21) As heroínas históricas?
— A Helena de Tróia.

22) Os seus nomes preferidos?
— Manuel e Manuela.

23) O que detesta acima de tudo?
— A estupidez.

24) A personagem histórica que mais despreza?
— Os tiranos (todos e sobretudo os medíocres).

25) O feito militar que mais admira?
— O cerco de Tróia.

26) O dom da natureza que gostaria de ter?
— Só os dons impossíveis valem a pena.

27) Como gostaria de morrer?
— Descansado.

28) Estado de espírito atual?
— Habitual.

29) Os erros que lhe inspiram maior indulgência?
— Os que se remedeiam.

30) A sua divisa?
— Se a tivesse: «Cur non?»

*Abril de 2015

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