Editado em Óbidos, em Maio de 2018, depósito legal 441788/18. Apoiado pela Junta de Freguesia de Ferrel e pela Câmara Municipal de Peniche.
Para o movimento ecológico português, Ferrel é sinónimo de luta antinuclear, e de vitória nessa luta. Foi a marcha do povo de Ferrel, recusando a hipotética central atómica prevista para aquela aldeia de pescadores camponeses, em março de 1976, que soou o toque a reunir de um movimento ecoambiental até então balbuciante no país. Foi essa luta que inspirou em parte a conhecida canção de Fausto «Se tu fores ao mar» (Rosalinda), de 1977.
Raquel Hermínio, nascida em Santarém em 1985, antropóloga, habitante de Ferrel desde 2013, não ignora esse episódio neste livro dedicado a Ferrel e aos ferrelejos. Mas além disso o livro «explora, em linhas gerais, as suas tradições, identidade, memória social, o seu património cultural material e imaterial e a atualidade».
As três curiosas tribos desta aldeia, com o seu território e o seu animal-totem, parecem ser em Portugal um caso muito raro de organização comunitária. A aldeia tem também um rico folclore em música e dança. Os grupos podem ter nomes sintomáticos, como o dos Camponeses da Beira Mar ou o Pé d'Areia, bem expressivos de uma comunidade de pescadores que navegam a terra, de camponeses que lavram o mar.
Neste levantamento etnográfico, inclui-se uma descrição da ilha do Baleal, que Raúl Bandão, em Os Pescadores, considera «a mais linda praia da terra portuguesa». A costa aliás suscita à autora um panorama do turismo local, com destaque para o papel do surf, enquadrando as consequências ambientais dessas atividades.
O livro termina com a descrição de numerosas festas e festividades locais e inclui uma planta topográfica minuciosamente legendada.
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