A Plataforma Transgénicos Fora está a promover, até dia 21, a recolha de amostras de urina para testar o nível de contaminação por glifosato, um herbicida considerado potencialmente cancerígeno e utilizado em Portugal.
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Análises realizadas em 2016, noutra ação daquela plataforma, revelaram "níveis de contaminação 20 vezes superiores à média de outros países da União Europeia (UE)", refere Margarida Silva, uma das coordenadoras do grupo.
As análises serão enviadas para um laboratório em Bremen, na Alemanha, e os resultados deverão ser conhecidos até final de setembro. Cada análise custa 73,20 euros, a que acrescem cinco euros para custos de envio. "É caro, mas a Plataforma não tem como suportar os custos", por isso, apela a que as pessoas façam um esforço ou se juntem em grupos, associações, bairros e comunidades, para suportar as despesas de mandar testar uma amostra de cada região. Para já estão inscritas 23 pessoas, mas a Plataforma Transgénicos Fora gostaria de chegar às 50, tocando todas as regiões do continente e arquipélagos.
A intenção é conseguir "um grupo alargado e o mais representativo possível do país, para termos uma espécie de mapa da contaminação em Portugal" e, dessa forma, a comprovarem-se elevados valores de contaminação, "exigir junto de autarquias e governo que o uso de glifosato seja drasticamente reduzido e progressivamente substituído por alternativas que não prejudiquem a saúde e o ambiente", explica Margarida Silva. Este será, diz, "o primeiro estudo científico sobre um problema invisível e silencioso de saúde pública".
Em 2016, a Plataforma Transgénicos Fora conseguiu reunir donativos para pagar as análises. Na ocasião foram analisados 26 voluntários (22 da região do Porto e quatro de Tomar). Os resultados acusaram uma contaminação 20 vezes superior à média de outros países da UE, mas não se encontraram explicações para os valores. "Ninguém sabe porque estamos tão contaminados, pode ser dos alimentos, da água ou outra coisa. Mas também não parece haver pressa e interesse em saber", estranha Margarida Silva.
Os interessados em participar devem preencher o formulário online. O resultado de cada análise será comunicado individualmente, juntamente com uma explicação e sugestões de descontaminação.
Pesticida para agricultura é legal
O glifosato é um pesticida que pode ser utilizado legalmente na agricultura e também para pulverizar passeios e arruamentos, se outras ações se revelarem infrutíferas para eliminar as ervas. Já foi, no entanto, proibido junto a escolas e outros espaços considerados sensíveis.
Em 2015 foi classificado como "carcinogéneo provável para o ser humano e carcinogéneo provado para animais de laboratório" pela International Agency for Research on Cancer, entidade que integra a Organização Mundial de Saúde. No entanto, há quem questione o estudo.
A discussão sobre o seu uso é longa. Em novembro de 2017, a licença do uso do glifosato foi renovada por mais cinco anos na União Europeia. Portugal absteve-se na discussão.
A Plataforma Transgénicos Fora e outros ambientalistas dizem que Portugal é o país europeu que mais utiliza glifosato. Um estudo realizado há poucos anos e publicado na revista académica "Science of the Total Environment" encontrou níveis elevados de glifosato em amostras de solos agrícolas em Portugal. 53% das 17 amostras tinham o herbicida, valores que ultrapassam largamente o segundo país mais contaminado (a França).
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