«Talvez esta Terra não precise da nossa salvação, de qualquer modo pode ser que mais uma vez, os seres humanos sejam resgatados no derradeiro acto , usando o seu distintivo cérebro para endireitar as coisas. Porém, nós nem sequer possuímos o maior cérebro das redondezas: essa honra vai para as baleias, algumas das quais têm cérebros seis vezes maiores do que o nosso, com regiões inteiras de cortex que ainda nem sequer começámos a entender. Por isso, pode ser, que se nós, de facto , estamos a viver alguma espécie de drama global, não sejamos os heróis, apesar de todas as odisseias espaciais e as nossas trepidantes cidades e tudo o mais. Talvez apenas sejamos extras.
O papel mais adequado e circunspecto seria o de olhar para nós mesmos. Quem precisamos, REALMENTE, de salvar somos NÓS PRÓPRIOS. Eu não quero dizer com isto que precisamos simplesmente de cuidar da nossa salvação, embora isso não fosse má ideia. A nossa tarefa agora, com alguma consciência ecológica, é a de APRENDER A VIVER COMO CO-HABITANTES NESTE PLANETA.(...)
Precisamos de acabar com a destruição que pudermos - certamente. Reciclar e tudo o mais - certamente. Mas o trabalho a fazer, e que é mais difícil de reconhecer, consiste nas mudanças necessárias que dizem respeito aos padrões diários de atenção. Olhar as aranhas. Olhar os céus. Passear. Fazer jardinagem. Alimentar os pássaros. Escutar os pássaros. Falar com os animais.. (...) Esta é a espécie de “etiqueta” de que eu falo: não reivindicar todo o espaço para nós mesmos, aprender a ouvir, aprender a acolher um maior mundo, outras presenças, re-equacionar as nossas vidas.
É demasiado tarde? »
Anthony Weston , Is it too late?, “An Invitation to Environmental Philosophy”
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