Arthur Pinjian |
"Fui a Krishnamurti mais para o ver do que para o ouvir, e uma vez; acho que ele representa o melhor do pensamento indiano, ou oriental, se quiser, o princípio de que a reforma que vale é a reforma do indivíduo; os ocidentais vão pela reforma do exterior; a terceira posição é a dos ibéricos: as duas coisas ao mesmo tempo; os místicos eram conquistadores e os conquistadores místicos.
Acresce ainda que ocidentais – indo-europeus – e orientais indo-europeus também (estou falando das fontes indianas) têm ambos a ideia de acção, interior ou exterior; aqui entra português, como o mais refinado dos ibéricos: temos a acção – dupla, ocidental e oriental – e o para além da acção (teologia do Espírito Santo); agir e em cada momento da acção estar inteiramente fora dela, olhá-la apenas como um dos fenómenos do universo, eis o que é português; ter fidelidade a uma coisa que é ao mesmo tempo destino e liberdade; recusar o que não seja tudo; não aceitar isto contra aquilo.
Os portugueses hoje, coitados, acho que nem sabem que existem como portugueses; esperemos que ainda acordem no nosso tempo; dependerá de acordarmos nós plenamente primeiro, e de lhes dar depois uns bons gritos para os acordar a eles"
- Carta IX (12.10.68), in Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo, p.53.
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