Armazenar e tratar para a poupança
Cada português consome em média cerca de 55m3 água potável por ano. Na cozinha, casa de banho, lavandarias, jardins, … a água é utilizada para diversos fins, como beber, cozinhar, lavar ou regar. Há especialistas que chegam a afirmar que, destes usos, cerca de 95% não precisa de água tratada para consumo humano. A água residual tratada ou a água da chuva mostram-se como soluções para a poupança deste bem tão escasso.
Chuva armazenada
Antes da chegada do abastecimento generalizado às habitações portuguesas, possuir água em casa era um privilégio. Há falta de um poço ou curso de água nas imediações, uma técnica bastante difundida, especialmente no sul do país, era o aproveitamento da água da chuva captada nos beirais e drenada para um reservatório para posterior utilização, especialmente nos meses mais secos.
Hoje em dia aproveitar a água da chuva não se trata de uma necessidade de abastecimento mas sim de uma medida que alia a inteligência e a sustentabilidade. De facto trata-se apenas de aproveitar um recurso gratuito que não implica outros custos que não a instalação de um reservatório no seu jardim ou varanda. Esta água não passa pelo contador (logo não é facturada) e possui a qualidade necessária para regar a horta ou jardim, lavar carros, varandas e passeios, utilizar nas máquinas de lavar e para as descargas do autoclismo.
Pode fazê-lo através dos tradicionais baldes, bacias ou outros recipientes que deixa no exterior em dias de chuva ou através de sistemas de captação e armazenamento que pode adquirir junto de empresas especializadas. Basicamente, estes são compostos por um sistema de captação da água que escorre do telhado e drenada pelas caleiras já existentes, às quais são acoplados tubos e filtros de forma a remover as impurezas e conduzir a água para um reservatório, em vez de o fazer para a rede de esgoto, ou para o passeio.
No mercado existem vários sistemas que vão desde os reservatórios simples de pequenas dimensões para colocar no exterior, aos sistemas de grandes dimensões para enterrar, e dos sistemas com apenas uma torneira para mangueira, aos sistemas com canalização às máquinas de lavagem e autoclismos da habitação. Por exemplo, a marca alemã Graf possui desde ânforas em terracota de 300 a 500 litros para jardim (exteriores), que apenas possuem uma torneira para encher o regador ou ligar a mangueira, aos sistemas de tanques soterrados até 26000 litros de capacidade, com tecnologia de filtração patenteada, sistema de controlo programável, indicador digital de capacidade, bomba de água, ligação a máquinas de lavar, autoclismos e sistema de rega. No leque de escolhas disponíveis, a mais acertada é aquela que melhor se adapta ao espaço disponível e aos usos do quotidiano.
Reutilização de água residual
As águas residuais provenientes das cozinhas, lavandarias, lavatórios, banheiras e duches, designadas por águas cinzentas, podem ser reutilizadas após depuração nas instalações sanitárias e autoclismos, lavagens de espaços exteriores e veículos, rega de espaços verdes e máquinas de lavar. Estes usos podem ser satisfeitos por uma água de qualidade inferior evitando que água tratada para consumo vá literalmente “pelo cano abaixo”.
Para a reciclagem da água cinzenta basta recolhê-la em depósitos e ministrar um tratamento básico antes da sua reutilização. No entanto é necessário planear a rede das canalizações da casa na fase de projecto de construção ou remodelação de forma a separar os dois tipos de abastecimento (água potável e água reutilizada) e os dois tipos de drenagem da água residual (águas cinzentas e águas negras) e assim garantir que as redes nunca se cruzam, sob pena de contaminação, e que os dois tipos abastecimento (potável e reciclada) possuem contadores individuais. Deve ter em atenção que em construções existentes, soluções deste tipo tornam-se mais complicadas e dispendiosas, mas também podem ser executadas.
A par do cuidado de infra-estruturação das redes, outro aspecto fundamental reside na construção de reservatórios capazes de armazenar a quantidade de água a reciclar, podendo estes, na sua maioria, ser subterrâneos, mas também à superfície, onde a água é regenerada com o contributo da atmosfera e da radiação solar.
No mercado existem várias soluções para a recolha, armazenamento e reciclagem de águas cinzentas, sendo no entanto necessário também escolher e implementar a solução mais adequada a cada caso. Mais uma vez deixamos como exemplo a marca alemã Graf, a qual possui algumas soluções que, entre outras, incluem um reactores contínuos ou descontínuos, que operam em 3 ou 4 fases (decantação primária, oxidação, sedimentação...) e que possuem grandes superfícies de contacto que garantem um tratamento eficaz.
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