Por Nuno Gouveia, arquitecto
Acho muito triste que quando se fala em energia a primeira abordagem passe por imaginar formas de aumentar a produção. Realmente, a Natureza deve estar orgulhosa de nós.(Quanto à energia nuclear, na minha opinião, enquanto não se conseguirem resolver os problemas associados a um possível acidente (de causa humana ou técnica (se é que esta última existe) esta é simplesmente abominável. Os efeitos da radiação são demasiado grotescos e permanentes (que diriam os nossos filhos e netos de tal decisão)Mas, para não criticar apenas, apresento as seguintes soluções que gostaria de ver implementadas:1-Não considerar o aumento de produção de energia por mais apagões que surjam (com os quais aprenderíamos a viver como sempre fizemos)2-Incentivar a poupança através de:a)aumentos significativos do custo da energia (produzida directa ou indirectamente por combustíveis fósseis)b)taxas muito mais elevadas em veículos de transporte não colectivo.c)taxas igualmente significativas em aparelhos de consumo excluindo apenas (frigoríficos, fogões e talvez máquinas de lavar roupa)(todas estas taxas seriam minimizadas ou inxistentes para agregados com menores posses e para aparelhos necessários a pessoas portadores de deficiências)Imagino ainda que os argumentos contrários a estas medidas tenham que ver com a competitividade da nossa economia. Mas, meus amigos, quando é que vamos olhar o problema de frente, deixar de tapar o sol com a peneira, e perceber que se queremos sustentabilidade temos de deixar o sistema económico em que vivemos. Gostaria que alguém tentasse fazer a quadratura do círculo fazendo coexistir um shopping ou um super-mercado com a sustentabilidade. Eu não vejo forma de meter no mesmo saco umas férias na neve, um óculos de sol, umas sapatilhas de marca e a sustentabilidade.Ao menos sejamos honestos connosco próprios e digamos que queremos para os nossos filhos um mundo pior do que os nossos pais já nos deixaram, pois é isso que temos vindo a fazer:Nunca como hoje se consumiu tanta energia, mesmo em países mais desenvolvidos (em situações para que nós ainda caminhamos). Pessoalmente só com grandes restriçõesdo tipo puxão-de-orelhas é que conseguiremos algo de minimamente visível. Mais do que reciclar (uma panaceia para a consciência mais do que uma solução) temos de não consumir. Acreditar numa ciência messiânica parece-me também grave, sobretudo quando uma solução eficaz passa apenas por refrearmos a nossa preguiça (hoje, por incrível que venha a parecer aos nossos bisnetos temos automóveis cheios de plásticos estéticos e botões fantásticos para por exemplo fazer subir ou descer um vidro ali ao nosso lado!!!!!! somos realmente prodigiosos)
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