O Governo Sócrates incluiu no programa de estabilidade e crescimento privatizações na ferrovia: da EMEF (Empresa de Manutenção e Equipamento Ferroviário), da CP e a concessão de linhas.
O transporte ferroviário em Portugal está, actualmente, subdividido em várias empresas, a maioria públicas: a Refer, responsável das linhas; a CP, que gere o transporte ferroviário de passageiros; a CP Carga, desde Julho de 2009, que gere o transporte de mercadorias; a EMEF, que gere as oficinas de manutenção do equipamento ferroviário. Duas empresas privadas intervêm também no sector: a Fertagus, pertencente ao grupo Barraqueiro, que explora o comboio de passageiros da ponte 25 de Abril, e a Takargo, do grupo Mota-Engil, que explora o transporte de mercadorias.
Neste dossier, os artigos Privatização na ferrovia: Privatização da CP - Regresso a 1949: fragmentação e concorrência nos Transportes Públicos do deputado Heitor de Sousa, O Estado fica sem os anéis e sem os dedos de António Gomes, trabalhador da EMEF, e Intenção de privatizar a ferrovia não é nova, de Manuel Sabino, trabalhador da Refer, debruçam-se sobre a situação da ferrovia em Portugal, as privatizações desejadas pelo capital privado e as consequências para os trabalhadores e as populações.
O texto A Europa ferroviária: "revitalização" ou destruição metódica dos meios públicos?, do grupo dos transportes da Attac França, denuncia a "liberalização" do transporte ferroviário na Europa, mostra as contradições que envolve e assinala que a separação da gestão das linhas da gestão das infra-estruturas é um mecanismo artificial, com o único objectivo de avançar com as privatizações no transporte ferroviário.
Incluímos também o texto do socialista francês Jean Jaurés Serviços públicos e classe operária escrito em 1911, após um desastre ferroviário numa empresa recém nacionalizada, e que apesar dos seus quase cem anos, mostra uma candente actualidade.
Os textos O caos dos caminhos de ferro britânicos de Marc Nussbaumer e A Privatização tem sido um desastre de Ken Livingstone debruçam-se sobre a desastrosa privatização dos transportes ferroviários na Grã-Bretanha.
Em Bloco quer esclarecimentos sobre privatizações da CP e da EMEF noticiamos as perguntas feitas pelo grupo parlamentar do Bloco ao Governo sobre as privatizações da CP e da EMEF.
Por fim, lembramos duas excelentes obras cinematográficas: o filme "The Navigators" de Ken Loach, sobre os efeitos na vida dos trabalhadores da privatização da ferrovia britânica, e o documentário "Pare, escute, olhe" de Jorge Pelicano, sobre a abandonada Linha do Tua. Incluímos ainda o vídeo A grande venda também sobre as consequências da privatização da British Rail.
Dossier organizado por Carlos Santos 18.04.10 . Fotos do transporte ferroviário português de Paulete Matos.
Fui alertado por Vitor Silva, que há cerca de um ano entrevistou António Alves, uma pessoa que tem deixado alguns bons contributos sobre esta temática em alguns blogues.
A conversa centrou-se mais na ferrovia no norte do país mas falou-se também na ligação com Espanha e as necessidades a nivel de bitolas (nem tanto na Península Ibérica mas mais na ligação à Europa) mas também nas diferenças que existem a nivel de sinalizações, electrificação das redes,etc.
Podemos ouvir a entrevista aqui
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