quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Compromissos de redução de gases com efeito de estufa estão estagnados



Os compromissos dos governos mundiais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa pouco mudaram nos últimos seis meses e estão muito longe das metas para 2030, indica a última análise da organização “Climate Action Tracker”.

A “Climate Action Tracker” (CAT) faz uma análise científica independente sobre as ações dos governos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e manter o aquecimento global abaixo dos 2°C (dois graus celsius) e de preferência limitar esse aquecimento a 1,5°C acima dos níveis da era pré-industrial, como ficou definido no Acordo de Paris, em 2015.

A análise da CAT abrange os maiores emissores de GEE e uma amostra de pequenos países, cobrindo cerca de 80% das emissões globais e 70% da população mundial.

Na última revisão da ação dos governos, hoje divulgada, a CAT diz que a evolução não é grande e salienta que é absolutamente necessário que mais países aumentem as suas contribuições de redução, conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (CND).

Diz a organização que há demasiados países, especialmente entre os maiores emissores de gases e países desenvolvidos, que ainda não aumentaram as suas contribuições. E que há cerca de 70 países que não fizeram qualquer atualização ainda.

A CAT apresenta agora um novo sistema de classificação dos países, mais completo. A nova classificação abrange 37 países, mas desses apenas um, a Gâmbia, é classificado como tendo uma ação climática global compatível com o Acordo de Paris de não superar os 1,5°C de aquecimento global.

Depois há outros sete países cuja ação climática é quase suficiente, bastando algumas melhorias para chegar à meta dos 1,5°C, que são a Costa Rica, Marrocos, Nigéria, Etiópia, Reino Unido, Quénia e Nepal.

Há nove países, incluindo a União Europeia como um todo, os Estados Unidos ou a África do Sul, cujas medidas são insuficientes, e 15 com medidas altamente insuficientes. Estão neste último caso países como o Canadá, a Austrália, a China, a Índia ou o Brasil. E finalmente em cinco países - Rússia, Singapura, Irão, Arábia Saudita e Tailândia - a situação nesta matéria é classificada como crítica, com lacunas profundas na ação climática.

Sobre a União Europeia a CAT reconhece que foram dados “grandes passos” na mitigação dos efeitos climáticos, com a aprovação do “Acordo Verde” e da Lei do Clima, ou com o reforço do objetivo de redução de emissões (55% até 2030).

Mas a organização avisa que é preciso acelerar a eliminação gradual do carvão, aumentar o financiamento da ação climática no estrangeiro, e ir além da redução de 55% aumentando, por exemplo, as energias renováveis e a eficiência energética.

“A UE também precisa de assegurar que as medidas de política climática adotadas em Bruxelas sejam aplicadas pelos Estados membros. Até agora, a ação em cada Estado membro tende a variar, e muitos deles ainda não aplicaram medidas suficientes para cumprir os objetivos a nível da UE”, diz a organização.

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