segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Identificar o Fascismo em 20 Passos


O fascismo nasceu há cem anos: em 1919, em Milão, e o seu pai é Benito Mussolini (1883 – 1945), Il Duce (o Guia), o bárbaro e sanguinário ditador italiano, fundador do Fasci Italiani di Combattimento (à letra, Feixes de Combate), uma associação nacionalista de veteranos da Primeira Grande Guerra (1914 – 1918), que viria a dar origem, dois anos depois, ao Partido Nacional Fascista, ou PNF.

De certa forma, o fascismo tanto nasceu como reação à Revolução Bolchevique de 1917 e às fortes lutas dos trabalhadores e dos seus sindicatos, como à sociedade liberal-democrática-capitalista que emergiu após a Primeira Guerra. Constituiu uma espécie de terceira via entre o marxismo proletário e o conservadorismo burguês, que capitalizou todos os medos e todos os descontentamentos, ocupando um espaço deixado vago pelas outras ideologias políticas.

O fascismo viria a marcar forte e desgraçadamente a História da Europa entre as duas guerras mundiais, emergindo e ganhando força num contexto de crise económica, social e política, apresentando-se como uma solução fácil, rápida, radical e salvífica que seduziu milhões de europeus: italianos, alemães, espanhóis, portugueses, austríacos, romenos, húngaros, jugoslavos... alastrando-se mais tarde, entre os anos 50 e 80, a vários países latino-americanos: Chile, Argentina e Brasil.

Os fascismos são todos diferentes, mas têm alguns aspetos em comum. Aprenda a identificá-los:
1- Combate e perseguição ao comunismo, ao socialismo, ao marxismo, à luta de classes, à democracia, ao liberalismo, ao capitalismo, ao igualitarismo e ao hedonismo.
2- Liberdade individual submetida à corporação, à coletividade, ao Estado.
3- Totalitarismo: Estado forte, controlador, centralizado e hierarquizado, não admitindo oposições, divisões ou fracionamentos.
4- Luta por uma ditadura total: afastamento dos políticos não-fascistas, abolição dos partidos e formações sindicais oposicionistas, imposição do partido único.
5- Criação de um inimigo – interno e/ou externo – que deve ser exterminado para garantir a segurança e supremacia de um grupo considerado superior e/ou vítima injustiçada. Os inimigos podem ser: comunistas, negros, homossexuais, ciganos, judeus, estrangeiros...
6- Primado absoluto da nação: nacionalismo radical e exaltação da pátria (por oposição ao internacionalismo).
7- Uso da censura (condenando, reprovando, proibindo tudo o que critique o regime) e da propaganda (difundindo tudo o que enalteça o regime).
8- Vocação belicista: militarização da sociedade, sempre preparada para uma guerra iminente ou em curso.
9- Culto da personalidade: obediência e culto ao chefe carismático, autoritário, incontestável, providencial, salvador da nação.
10- Elitismo: Favorecimento da elite (ao mesmo tempo que a controla) em prejuízo da população em geral: “manda quem pode, obedece quem deve”, dizia Salazar.
11- Controlo da Polícia e do Exército.
12- Polícia truculenta e bem estruturada, responsável por conter indivíduos, grupos e opiniões divergentes; forte repressão policial; uso da violência, da intimidação, da punição e da tortura: “os fins justificam todos os meios”; desrespeito dos mais elementares direitos humanos; supressão das liberdades democráticas.
13- Etnocentrismo: ideia da superioridade de um grupo sobre outros – discriminação e perseguição de todos os que não forem considerados como parte da comunidade.
14- Existência de milícias civis com uma participação repressiva de defesa do Estado.
15- Discurso fortemente emocional em detrimento de uma argumentação racional.
16- Preocupação excessiva com a ideia de decadência moral e organizativa de uma comunidade ou nação. Encarna uma missão de regeneração nacional, visando a criação de uma nova ordem e de uma nova civilização.
17- Imperialismo: política de grandeza, de expansão, de domínio, de potência e de conquista.
18- Guardiões da ordem tradicional e conservadora, baseado em idealismos projetados no passado heróico e mítico, ou no futuro, como destino comum da nação: o que origina o racismo e a xenofobia.
19- Exaltação da juventude, da força, da virilidade, da estética.
20- Aproveitamento e manipulação da religião vigente e maioritária.

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