Amália Rodrigues- do início de carreira ao estrelato internacional
A rainha do Fado Amália da Piedade Rodrigues nasceu em Lisboa, a 23 de julho de 1920 e não descendia da realeza: o pai era sapateiro e a mãe vendedora de fruta, ela própria iniciara como bordadeira, trabalhadora numa confeitaria e empregada de balcão numa loja.
Mas já desde a escola primária cantava em público e numa festa de beneficência, Amália Rodrigues canta pela primeira vez em público acompanhada à guitarra, pelo tio João Rebordão. Em 1938, Concorre ao Concurso da Rainha do Fado dos Bairros, no qual não chega a participar pois as outras concorrentes ameaçam desistir se ela concorrer, e Amália acaba por desistir da participação.
Em 1939 estreou-se como fadista profissional no “Retiro Severa” e no ano seguinte apresentou-se numa peça de teatro como actriz no palco do Teatro Maria Vitória, como atração convidada, na revista Ora Vai Tu!, seguindo-se, nos anos seguintes, muitas outras participações.
O êxito no Retiro da Severa como artista espalha-se por toda a Lisboa pela boca do público e imediatamente passa a cabeça de cartaz. Canta também no Solar da Alegria, Café Mondego como artista exclusiva e já com reportório próprio.
Multifacetada estreia-se o filme Capas Negras, um dos maiores êxitos de sempre no cinema português, 22 semanas consecutivas em cartaz, realizado em 1946 por Armando de Miranda, e que viria a ser a rampa de lançamento de Amália na sétima arte. Outros filmes se seguiriam como Fado – História de Uma Cantadeira, 1947; Sol e Toiros, 1949; Os Amantes do Tejo, 1954; Sangue Toureiro, 1958; As Ilhas Encantadas, 1964; e Fado Corrido, 1964.
Carreira internacional
Feminina, brilhante, controversa, levou desde o inicio da sua carreira a portugalidade por esse mundo fora alargando as fronteiras da música portuguesa. Idolatrada pela crítica e o público Amália Rodrigues alcançou uma consagração sem precedentes.
O mais admirável talvez foi a sua capacidade de cantar em outras línguas e outros cancioneiros abrindo assim as portas a uma carreira internacional incrível cantando como ela própria costumava dizer aquilo que “lhe sabe a Fado”. Após a sua apresentação na embaixada portuguesa de Madrid ao público espanhol em 1943, iniciou uma nova fase e começou a interpretar canções espanholas, experimentando o flamenco, as sevilhanas estendendo-se depois aos boleros e aos corridos latinoamericanos.
Em plena Guerra Mundial Amália já tinha feito duas digressões no estrangeiro e estreou-se no Brasil em 1944, alcançando um enorme sucesso no Casino de Copacabana. Foi aí que começou a sua paixão pelo Samba e o Baião brasileiro, e o seu sucesso no Brasil foi tão grande que tornou-se num pistop obrigatório nas turnés seguintes e onde gravou alguns dos seus discos.
Nas décadas seguintes começou a interpretar canções francesas como “Ay, mourir pour toi” de Charles Aznavour e italianas como “Una canzone per te” de Sergio Endrigo ou em dialecto napoletano o siciliano grandes clássicos como “Vitti na’ crozza”, “Ciuri Ciuri”, “La tarantella” ou “O mia bela madunina” levando as plateias ao êxtase.
O pós-guerra e as décadas de 1950 e de 60 são um período de enorme curiosidade por músicas fora do cânone anglo-americano. Em 1950 Amália fez alguns espetáculos inseridos no Plano Marshall em Berlim, Roma, Trieste, Dublin, Berna e Paris, como única intérprete ligeira no meio de um elenco predominantemente clássico.
Em 1952 dá um salto qualitativo decisivo, com a estreia em Nova Iorque, na discoteca “La Vie en Rose”. O Time Magazine testemunha que “a multidão fica extasiada” e o New Yorker considera-a “a cantora estrangeira mais arrebatadora que os nossos clubes nocturnos apresentaram desde há muitos anos. […] trata-se de qualquer coisa de muito especial”.
São para recordar alguns grandes marcos da sua carreira:
Em 1966 no Lincoln Center de Nova Iorque, com a New York Philharmonic e no Hollywood Bowl de Los Angeles, com a Los Angeles Philharmonic, regida ambas por André Kostelanetz.
Em 1967 apresentou-se com êxito esmagador em Cannes e recebe das mãos do actor Anthony Quinn, o prémio MIDEM 1965/66, destinado a premiar o artista que mais discos vende no seu país, proeza só alcançada pelos Beatles
Em 1968 e 1969 em dois concertos muito famosos: na Roménia e o espetáculo que apresentou na União Soviética, onde actua pela primeira vez apesar de todos os obstáculos diplomáticos inerentes à passagem da Cortina de Ferro por uma artista portuguesa.
Em 1970 na Feira de Osaka e o Sankei Hall de Tóquio, que foi gravado para edição em disco. Existem alguns vídeos que foram registados no Japão com o público a cantar “Coimbra” e podem ser vistos no youtube.
Em 1971 no teatro Lírico de Milão e o Palladium de Londres
Em 1972 um show dirigido por Ivon Curi no Canecão do Rio de Janeiro
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