segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Definindo o valor ambiental das tecnologias de informação (TI verde)

O assunto TI Verde é geralmente focado em avaliar como a tecnologia causa impacto ambiental em uma empresa e o que é necessário fazer para reduzir esse dano. Entretanto, as áreas de TI também devem estar cientes dos fatores que constituem o impacto ambiental total da empresa e até que ponto a TI pode ser um peso ou uma vantagem.

Simon Mingay, Andrea Di Maio

Principais constatações

A TI tem vários papéis quando se trata de aumentar ou reduzir o dano ambiental de uma empresa, que varia de acordo com o setor da indústria, produtos, serviços e processos de negócios.
Há três graus de impacto ambiental de TI: o impacto da própria TI, o impacto da TI nas operações do negócio e na cadeia de abastecimento, e o impacto da TI no consumo de produtos e serviços.
Apesar de diferentes setores da indústria tenderem a um equilíbrio diferente entre esses três graus, diferenças substanciais também podem ser encontradas dentro de um mesmo setor. Consequentemente, não é possível haver generalizações.

Recomendação

Dê ao impacto ambiental um tratamento de business case (em termos de custos, benefícios e riscos) e use a mesma abordagem adotada por qualquer projeto intensivo de TI.

ANÁLISE

O que Você Precisa Saber

A TI tem uma área de cobertura muito mais ampla do que as iniciativas de TI verde costumam, em geral, considerar. As áreas de TI devem articular os custos, benefícios e riscos que a tecnologia pode causar na política ambiental da empresa como um todo.

Ainda que a tentativa de tornar a TI mais verde deva continuar sendo uma preocupação, há áreas onde a implementação de mais TI pode contribuir de forma significativa para tornar uma empresa mais sustentável do ponto de vista ambiental.

Análise

O foco da TI verde está geralmente no fato de a informática ser um peso para o ambiente. Impactos negativos incluem o uso de substâncias perigosas, escassas ou não recicláveis; lixo eletrônico; alto consumo de energia; e emissões associadas ao resfriamento de equipamentos de alta potência. Isso significa que CIOs ou outros gerentes de TI que têm por objetivo fazer a TI verde, devem tentar alcançar, de modo geral, objetivos parecidos, independente da indústria a que possam pertencer.

Entretanto, a TI é somente uma das áreas que produz impactos ao ambiente dentro de uma empresa: criação de produto ou serviço, cadeia de abastecimento, produção, logística, distribuição, imóveis, deslocamento, política de compra e vários outros processos consomem ou influenciam a energia e geram desperdícios. Os clientes da empresa também contribuem para a sua área de cobertura ambiental no modo em que usam ou consomem o produto ou serviço.

Entendendo a escala relativa do impacto ambiental para determinar onde a TI pode ter mais impacto

Da perspectiva do gerenciamento de TI de uma empresa, há três graus de impacto ambiental:

O impacto de primeiro grau é aquele causado diretamente pela TI e pelas formas de comunicação usadas pela empresa. Isso inclui o lixo eletrônico e a distribuição de bens; consumo de recursos não renováveis, como energia usada no data center para computadores, equipamentos de impressão e de rede; a energia contida no ciclo de vida total de cada bem; e o comportamento do usuário.
O impacto de segundo grau se refere às operações e à cadeia de abastecimento, independente de o resultado final ser um produto, serviço, ou uma combinação de um produto e um serviço. Isso inclui os efeitos ambientais do consumo de material e de energia; emissões ou desperdícios provenientes da produção e de todos os processos operacionais; consumo de papel para fins administrativos; energia elétrica, sistema de aquecimento e de refrigeração para prédios; transporte da força de trabalho e locomoção; frotas de veículos; impacto no supply chain; e coleta de lixo. O componente de energia de tudo isso se torna parte da "energia incorporada" em um produto ou serviço — isto é, a energia usada na sua fabricação e distribuição.
O impacto de terceiro grau é o impacto ambiental na fase "em uso" ou na fase de entrega dos produtos e serviços da empresa — isto é, os impactos diretos da aquisição e uso dos produtos e serviços.
Alguns exemplos ajudam na explicação. Para um fabricante de automóveis, a energia gasta na montagem do automóvel, na produção de componentes pela sua cadeia de abastecimento e na remessa desses automóveis, na realização de pesquisa e desenvolvimento, e nos testes faz parte do segundo grau de impacto. A gasolina usada para os carros e as emissões de dióxido de carbono faz parte do terceiro grau. Finalmente, a TI que administra a fábrica, bem como todos os outros processos, constitui o primeiro grau do impacto.

Para um banco público, o segundo grau constitui principalmente o consumo de papel, transporte dos funcionários e ar condicionado usado nos escritórios. O terceiro grau está relacionado à emissão de carbono dos clientes: Eles precisam ir até os caixas? Eles podem fazer as coisas que precisam ser feitas de suas casas ou de seus escritórios?

É claro que essa ilustração não deve ser vista como uma generalização excessiva de diferentes setores da indústria (ver observação 1).

Isso é importante para avaliarmos a importância do impacto causado pela TI com relação às atividades de produção e de consumo. Na maioria das indústrias de produção onde há um significativo processamento de materiais ou onde o processo é particularmente intensivo quando se trata de energia, a contribuição de primeiro grau proporcionada pela TI à área de cobertura ambiental é muito pequena, o que sugere que a maior função da TI possa estar usando a TI para minimizar os efeitos do segundo e terceiro graus. Entretanto, a contribuição proporcionada pela TI à área de cobertura ambiental da empresa torna-se relevante em setores como o de serviços financeiros ou governo, onde o processamento e as transformações são na maioria das vezes relacionadas às informações ao invés de materiais, e onde o transporte ou os deslocamentos não sejam significativos, devido à natureza de suas operações. É claro que isso não pode ser generalizado mesmo em um setor da indústria, pois cada empresa tem seu próprio perfil de impacto ambiental.

Entender onde as operações da empresa causam maior dano ambiental, bem como o impacto durante o ciclo de vida do produto ou serviço, do início ao fim, é um fator crítico para se determinar onde uma intervenção pode trazer benefícios por meio de inovação e investimento.

Onde a aplicação da TI tem mais impacto?

A TI e a internet transformaram a sociedade e o mundo comercial. A TI já produz efeitos ambientais positivos significativos ao administrar organizações de forma eficiente e ao propiciar saúde e segurança ambiental, e outros sistemas de controle. ATI tem um papel importante ao aprimorar a sustentabilidade ambiental da nossa sociedade, economias, empresas e serviços públicos.

São várias as aplicações futuras da TI que podem melhorar a sustentabilidade ambiental:

Base de dados de materiais e substâncias
Administração de desperdícios
Substituição de deslocamento
Otimização nos transportes
Sistemas de controle para aquecimento, energia elétrica e refrigeração
Administração de energia
Mecanização de sistemas de gerenciamento ambiental
Administração de cadeia de abastecimento
O aspecto interessante é que a política de TI verde pode passar de uma obrigação para se tornar uma vantagem por meio da redução da emissão do carbono nos processos de produção e de consumo. Alguns exemplos incluem as tecnologias operacionais para melhorar os processos de produção e o consumo de energia, mecanização, administração de frotas, aumento de serviços online para os clientes e para os funcionários a fim de minimizar a necessidade de deslocamento para locais específicos, serviços móveis que serão fornecidos onde e quando necessário, e assim por diante. Apesar de as preocupações ambientais não serem provavelmente um propulsor primário para os intensivos investimentos de TI, essas preocupações terão cada vez mais importância para dar suporte ao caso de negócio.

Observação 1. Áreas de Cobertura Ambiental de Diferentes Empresas

Em algumas indústrias do setor de produção, a proporção entre o primeiro e o segundo graus combinados é consideravelmente menor do que o terceiro grau, enquanto que em outras indústrias a proporção é o oposto. A Figura 1 mostra que diferentes indústrias possuem perfis diferentes e que provavelmente isso seja verdade para as indústrias de serviços em que níveis iguais de transporte estão envolvidos. Entretanto, a ilustração torna-se imprecisa para indústrias onde vários transportes ou frotas de veículos estejam envolvidos.

Data de Publicação: 5 de setembro de 2007

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