Um artigo publicado pela revista científica The Lancet, intitulado “Game consumption and the 2019 novel coronavirus”, assinado por Jie Li, da Universidade de Guangzhou e Jun Li, da Universidade de Ningxia, juntamente com mais cinco autores chineses, explica as razões que estão por detrás de uma prática muito comum na sociedade chinesa desde há vários séculos.
“A prática do consumo de carne e produtos oriundos de animais selvagens na China data de períodos pré-históricos. Nos tempos modernos, apesar deste tipo de comércio não ser essencial à alimentação, a tradição de comer este tipo de animais persiste”, lê-se no artigo.
De facto, no período entre 1959 e 1961, terão morrido cerca de 15 milhões de pessoas devido à Grande Fome. Preocupado com um novo período de escassez de alimentos, em 1979, o governo chinês temia não conseguir voltar a alimentar os seus milhões de habitantes. Nessa altura, abriu a atividade agrícola a grandes grupos de privados que começaram a produzir galinha, porco e vaca. Os pequenos agricultores, que ficaram sem soluções, decidiram começar a criar animais selvagens, como cobras e tartarugas. O governo chinês apoiou esta iniciativa.
Ao mesmo tempo, com base em crenças antigas, muitas famílias acreditam que comer órgãos de animais selvagens pode curar ou prevenir doenças. Por exemplo, acreditam ainda que a carne de pangolim ajuda a aliviar o reumatismo, que o seu sangue ajuda a promover a circulação sanguínea, e as escamas um bom aliado nos tratamentos estéticos. “A cultura alimentar chinesa sustenta que os animais recém-abatidos são mais nutritivos e essa crença pode aumentar a transmissão viral”, salientam os cientistas chineses.
Por definição, animal exótico é todo aquele que não ocorre naturalmente numa determinada região geográfica e que foi trazido acidental ou intencionalmente pelo homem.
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