Poluição do ar em Nova Deli, na Índia: a poluição atmosférica é uma das principais ameaças à saúde pública em todo o mundo |
Por si só, a poluição atmosférica já é um problema sanitário global. Um novo estudo mostra outra dimensão do problema: estará a aumentar a resistência aos antibióticos. Esta causa 1,3 milhões de mortes por ano em todo o mundo.
Um grupo de cientistas chegou a esta conclusão depois de analisar dados de mais de 100 países, correspondentes a quase duas décadas.
Intitulado “Association between particulate matter (PM)2·5 air pollution and clinical antibiotic resistance: a global analysis”, o estudo apresenta-se como “a primeira estimativa global da resistência aos antibióticos e do fardo das mortes prematuras atribuíveis à resistência aos antibióticos resultante da poluição com (PM)2·5”. Estas partículas, criadas a partir da circulação automóvel, da produção industrial e da queima de carvão ou madeira por exemplo, poderão conter bactérias resistentes aos antibióticos que assim transitarão entre ambientes e serão inaladas diretamente pelos seres humanos. O estudo, contudo, não analisa os mecanismos concretos sobre como isto acontece.
A investigação foi publicada neste mês de agosto na revista Lancet e foi dirigida por cientistas da Universidade de Zhejiang, em Hangzhou, e da Universidade de Cambridge. De acordo com os cientistas, a sua análise “apresenta forte provas que os crescentes níveis de poluição atmosférica estão associados com os crescentes riscos de resistência aos antibióticos”, sendo a primeira a “mostrar como a poluição do ar afeta a resistência aos antibióticos ao nível global”.
Assim, para além de efeitos nocivos da poluição já conhecidos ao nível das doenças do coração, dos pulmões, entre outras, soma-se mais um. O autor principal da investigação, Hong Chen, não hesita em dizer que “a resistência aos antibióticos e a poluição atmosférica estão, cada uma por si, entre as maiores ameaças à saúde global”. Só que “até agora não tínhamos um quadro claro das possíveis ligações entre as duas”. As suas descobertas indicam que um aumento de 10% na poluição atmosférica está ligado a um aumento de 1,1% na resistência a antibióticos e que a associação se tem fortalecido com o passar do tempo.
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