Por Alexandra Paio |
As cidades são cada vez mais o motor da economia global ao contribuírem com 80% para o PIB mundial. No entanto, na Europa, representam mais de 60% das emissões globais de carbono, concorrendo para acelerar as alterações climáticas.
Perante este cenário que futuro desejamos?
A União Europeia comprometeu-se a alcançar a neutralidade climática até 2050. O plano de investimento do Pacto Ecológico Europeu para uma Europa sustentável é um meio para alcançar o objetivo. Porém, só será possível se assegurar uma transição justa e inclusiva, que tem de ser acompanhada de uma sensibilização e responsabilização de todos os que governam, desenham, ensinam e vivem nas cidades. Cabe, assim, aos cidadãos europeus a responsabilidade de contribuírem para as mudanças sistémicas centrais na tomada de decisões e dos investimentos.
O Fórum Económico Mundial identifica que a transição só é possível se as cidades transformarem a sua relação com a natureza e liderarem o caminho para enfrentar as crises através da promoção da biodiversidade.
O relatório BiodiverCidades até 2030 apresenta uma visão das cidades como ecossistema, onde a construção do ambiente, da estrutura social e natural, e do investimento coexistem em harmonia. Coloca à discussão um conjunto de nove medidas globais para liderar o caminho para aumentar a resiliência climática e assegurar benefícios económicos significativos. Mais. Este documento estratégico conclui que o investimento em intervenções que melhoram a relação com a natureza e reduzam o impacto urbano na biodiversidade pode assegurar benefícios económicos significativos à medida que as cidades se tornam mais ecológicas.
Neste sentido, Gideon Kossoff, professor na Carnegie Mellon University, aponta a urgência de uma Ecoliteracia para futuros urbanos mais sustentáveis.
Nas cidades faz sentido pensar e viver o lugar, ou seja, aprender a ‘habitar’ em comunidade. Para tal, é preciso começar por compreender e aplicar os princípios da auto-organização e participação, diversidade e pluralismo, interdependência e sinergia, e como estes podem fazer parte da nossa vida quotidiana.
No livro “Ecological Literacy Education and the Transition to a Postmodern World”, o ambientalista David Orr desafia-nos a compreender os princípios pelos quais os sistemas naturais – organismos e ecossistemas – prosperam, destacando o papel fundamental das escolas e universidades no desenho de sistemas de transição sustentáveis de longo prazo.
Alinhada com a estratégia Pacto Ecológico Europeu, Portugal tem tido vários projetos, como por exemplo Lisboa-Capital Verde Europeia 2020, promovida pela Câmara Municipal de Lisboa, e o European Green Leaf Award 2022, do município de Valongo, que reforçam o compromisso com crescimento verde nas cidades.
Contudo, a lente crítica da literacia ecológica vai mais além interligando o pensar, ser e fazer. Uma didática operativa de informação, recetividade e pensamento relacional ecológico global sistemático e holístico. Onde todos, a todos os níveis, têm o conhecimento, a equidade, a sustentabilidade e o controlo sobre os destinos das suas cidades.
Falta Ecoliteracia para discutir futuro desejamos!
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