quinta-feira, 7 de julho de 2022

Agência Europeia dos Produtos Químicos declara que glifosato não causa cancro


Uma comissão de especialistas da Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) considerou que “não era justificado” concluir que o herbicida glifosato causa cancro. A declaração levou a críticas generalizadas de ativistas ambientais e de saúde, informa o portal Euractiv.

“Com base numa ampla revisão dos elementos de prova científicos, o comité conclui mais uma vez que a classificação do glifosato como cancerígeno não se justifica”, escreveu a ECHA num parecer do Comité de Avaliação de Riscos (RAC) da agência.

Este parecer surge no âmbito do processo de avaliação dos glifosatos promovido pela União Europeia e vai contribuir para o processo de decisão de renovar ou não a aprovação de comercialização em vigor (que expira no final de 2022).

As reações à decisão da ECHA
A posição não é consensual dentro da comunidade científica e entre agências públicas. Por exemplo, a International Agency for Research on Cancer (IARC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), avaliou a substância como “provavelmente cancerígena”. Já a FAO, das Nações Unidas, conclui que “é pouco provável que represente um risco cancerígeno” para os humanos quando consumido através da sua dieta.

Com a sua avaliação mais recente, a ECHA confirma o seu veredito anterior classificando o glifosato como não cancerígeno. No entanto, reafirmou que pode causar “graves danos oculares” e é também “tóxico para a vida aquática com efeitos duradouros”.

Como reação, o Glyphosate Renewal Group congratulou-se pela opinião da ECHA e afirmou que “continua empenhado em cumprir todos os aspetos do processo regulamentar em curso na União Europeia”.

Por sua vez, a senior science policy officer da HEAL (organização que junta associações europeias ambientais e de saúde), Angeliki Lyssimachou, considera que a ECHA ignorou os argumentos científicos sobre a ligação do glifosato ao cancro apresentados “por peritos independentes”.

Por sua vez, a coligação de ONGs Ban Glyphosate considera que a ECHA “mais uma vez, confiou unilateralmente nos estudos e argumentos da indústria”. No entanto, o Comité de Avaliação de Riscos revela que “considerou um vasto volume de dados científicos e muitas centenas de comentários recebidos durante as consultas”.
O próximo passo

Após o parecer da ECHA, falta agora a posição da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). No entanto, a agência tinha revelado recentemente que só no verão de 2023 deverá conseguir emitir o seu parecer devido ao inesperado número de contributos dos stakeholders.

Em comparação com a avaliação do ECHA, o relatório da EFSA deverá ser mais vasto, abrangendo não só a classificação de risco do glifosato como substância ativa, mas também questões mais amplas dos riscos de exposição à saúde e ao ambiente.

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