A semana passada fui a uma aldeia perto do Fundão e perguntei à Sra de uma tasquinha junto ao rio se tinha pão caseiro, disse-me que não porque a proibiram de vender, "ainda na semana passada vieram cá os GNRs e me vasculharam os papéis todos". Numa aldeia que visito sempre perto de Alcobaça há autênticas rusgas da ASAE a exigir que o café pague a taxa de música, de TV, mesmo que seja o único de toda a aldeia e tenha 4 clientes. Esta semana um sindicato de guardas prisionais diz que quer processar o líder anti racista Mamadou Ba por delito de opinião, que consideram difamação por este ter questionado a violência e morte nas prisões. Pedem 4 milhões de euros. E o Partido Fascista Chega anunciou mesmo, no dia 11 que quer expulsar quem se opõe ao patriotismo e ao nacionalismo, quem viola, dizem, os símbolos nacionais - ou seja, querem perseguir as pessoas pela sua ideologia internacionalista e socialista ou de direitos humanos. Na noite do dia 10, na Barraca, teatro de gentes comunistas e de esquerda, em plena hora de jantar, um actor, que interpretava Camões, no centro da cidade de Lisboa, é atacado, entre outros actores, por 30 neonazis, conhecidos da zona, dizem as reportagens, 30 anos depois de ter sido morto à pancada um negro que ia a passear no Bairro Alto, Alcindo Monteiro. Era para celebrar o dia da pátria, 10 de Junho. Os agressores fazem parte do "Sangue e Honra", uma organização internacional de extrema-direira com representação em Portugal. A principal vítima deste grupo foi o ator Adérito Lopes. Foi agredido - com um soco no olho, provavelmente com uma soqueira ou com anéis. Ficou com rasgões na cara e teve de levar pontos. Os mesmos deixaram um papel na porta "Portugal aos portuguezes (com z))". Tudo se passou a menos de 1 km da Esquadra da PSP da Lapa, à hora em que os actores chegavam ao seu trabalho. E a menos de 500 metros do Parlamento. Às 8 da noite.
Ou saímos à rua em defesa dos direitos, liberdades e garantias, ou podemos dizer adeus à liberdade. Pela via eleitoral, Parlamentar, ou pelo ataque directo, a liberdade, o pensamento e até a vida de quem quer viver em democracia está tudo em risco.
Começaram nos imigrantes no Porto e em Lisboa, agora vão à cultura, seguir-se-ão os lideres sindicais e intelectuais. Ontem Trump mandou prender o Vice Presidente dos Sindicatos de Los Angeles, que representa um milhão de trabalhadores.
Só há um caminho, defender nas ruas a liberdade."
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