O elo entre Nova Deli e Moscovo é antigo, mas uma guerra como a da Ucrânia tem levado a relação a um teste crucial. A China e os EUA, e suas respetivas relações com a Rússia, juntam-se também, formando um quadrilátero difícil de compreender. Com o seu multilateralismo e a sua visão multipolar do mundo, que interesses guarda a Índia e para que lado vai pender?
A maior democracia do mundo rejubila com o seu notável crescimento no sudeste asiático, um contrapeso da influência chinesa na região. Mas os ventos da mudança não trazem necessariamente a renovação de velhas alianças. Defesa, comércio de combustíveis fósseis, energia nuclear e exploração espacial: a colaboração entre a Índia e a Rússia é histórica e remonta ao período da Guerra Fria, nos anos 1950. A então União Soviética chegou a mediar um cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão no território de Caxemira, nos Himalaias. Em 1971, a Índia e a antiga URSS assinaram um pacto de amizade, paz e cooperação que seria substituído, dois anos após a dissolução da União Soviética, em 1993, pelo Tratado de Amizade e Cooperação Indorrusso. Mas em que se baseia hoje essa relação de amizade? E foi ou não abalada pela invasão russa da Ucrânia?
“A era de hoje não é uma era de guerra”, disse o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Vladimir Putin, em setembro. Contudo, nem a Índia censurou a invasão russa, nem se juntou aos aliados ocidentais nas sanções contra Moscovo. Ao Expresso, Nandan Unnikrishnan, investigador do programa de estudos da Eurásia, no Observer Research Foundation, ‘think tank’ de Nova Deli, garante que, “no estado atual da geopolítica, os laços com a Rússia não são a relação bilateral mais consequente”. Só que, ainda que a sua importância seja menor, face àqueles dias da União Soviética, “não significa que a aliança não seja importante”.
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