Uma aliança de 450 empresas financeiras anunciou hoje na cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas o compromisso de investir 112 mil milhões de euros na transição para uma economia descarbonizada, até 2050.
Com a nova promessa de financiamento, a Aliança Financeira de Glasgow para as Zero Emissões Líquidas, criada em abril para mobilizar estes fundos, duplica os 60 mil milhões de euros avançados até agora, segundo o presidente da iniciativa, Mark Carney.
As empresas terão de desenhar planos de financiamento verde baseados em informação científica e fixar metas intermédias para 2030.
A presidência da COP26 avisou, entretanto, que a promessa das empresas não substitui os fundos que as grandes economias devem aos países em desenvolvimento.
O compromisso, subscrito por 450 entidades, como o HSBC, o Banco Santander, o Deutsche Bank, o Morgan Stanley, o BVVA, o J.P Morgan, o Grupo Financeiro Banorte, a Mitsubishi UFJ, o Bancolombia ou o Bank of America, num total de 112 mil milhões de euros, “é mais do que o necessário para a transição global”, segundo Mark Carney, responsável pelas finanças climáticas da ONU.
“O dinheiro está aqui. Mas o dinheiro precisa de projetos alinhados com zero emissões”, acrescentou Carney, para sublinhar que agora é preciso que proliferem as ações sustentáveis para onde canalizar os investimentos anunciados através da Aliança Financeira de Glasgow.
A promessa terá de ser acompanhada de mecanismos para medir e comprovar que o dinheiro cumpre efetivamente o seu objetivo.
“Os investidores precisam de ter tanta transparência e confiança no impacto climático dos seus investimentos como têm nas métricas tradicionais de lucros e perdas”, disse o ministro britânico da Economia, Rishi Sunak.
O Reino Unido, país anfitrião da conferência do clima na cidade escocesa de Glasgow, anunciou também hoje que obrigará as empresas cotadas e instituições financeiras que operam no seu território a desenharem planos sobre como pensam descarbonizar-se, que serão avaliados por uma agência independente.
“Estou de acordo em que todos temos de fazer mais”, disse a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, que recordou que os EUA anunciaram que “quadriplicarão” a ajuda climática aos países em desenvolvimento.
Yellen assegurou que Washington criará novos mecanismos “inovadores” para atrair 500.000 milhões de dólares por ano em financiamento climático (432.000 milhões de euros).
Apesar dos compromissos sobre descarbonização assumidos até ao momento, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
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