sábado, 4 de março de 2023

Os minúsculos seres que sequestram algas


O acoel (Symsagittifera roscoffensis), um ser vivo minúsculo, agrega-se em acumulações maciças parecendo algas marinhas (aqui fotografadas na frente atlântica de Almada). Os corpos espalmados são transparentes, mas, no interior, vivem algas Tetraselmis, que contêm clorofila e são capazes de realizar a fotossíntese. “Migram para as camadas mais profundas do sedimento durante a noite e voltam à superfície quando aparece a luz do dia”, explica Marco Rubal García, biólogo do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto.

Os cloroplastos das microalgas dão a cor verde ao organismo de 2 a 4mm. As algas Tetraselmis convolutae podem atravessar vários ciclos de vida nos corpos destas criaturas, absorvendo a luz solar através da pele clara, fotossintetizando alimentos e produzindo oxigénio. Por sua vez, beneficiam de protecção, ambiente estável e alimento, pois reciclam os resíduos do hospedeiro e o dióxido de carbono do indivíduo.

Após investigação na zona de Olhos de Água, um artigo da engenheira biológica Liliana Carvalho e colegas do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve, publicado em Marine Pollution Bulletin, conclui que o acoel mostra um grande potencial como sequestrador natural de nitratos produzidos pela actividade humana, desempenhando assim um papel importante na “reciclagem” natural nas zonas de fronteira entre mar e terra, com a vantagem de não ter efeitos tóxicos associados.

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