Portugal está no grupo dos 15 países com melhor desempenho climático, subindo mesmo duas posições, segundo o Índice de Desempenho das Alterações Climáticas, publicado hoje e que analisa o progresso em 59 países com as emissões mais elevadas.
O Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (Climate Change Performance Índex, CCPI, na sigla original) traduz o desempenho das políticas climáticas de 59 países, numa lista com 63 posições, mas na qual as três primeiras não são ocupadas, como usualmente, por nenhum país estar completamente alinhado com o objetivo, saído do Acordo de Paris de 2015, de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C (graus celsius).
Na lista, hoje divulgada na conferência da ONU sobre o clima (COP27) que decorre em Sharm el-Sheikh, no Egito, surge primeiro (no quarto lugar) a Dinamarca, seguida da Suécia e depois do Chile.
Num sistema de cores, os países a verde são classificados como tendo um alto desempenho climático, depois a amarelo os países com um desempenho médio, a laranja um desempenho baixo e a vermelho um desempenho muito baixo.
Portugal surge no grupo dos países a verde, na 14.ª posição, depois de países como Marrocos, Índia ou Estónia, com uma grande subida, ou a Noruega e Reino Unido, que desceram quatro lugares em relação ao anterior índice. A Finlândia, a Alemanha, o Luxemburgo e Malta surgem depois de Portugal e “fecham” a lista verde.
A amarelo está a União Europeia como um bloco, o Egito, que organiza a COP27, Espanha, com uma subida de 11 lugares, Indonésia, Itália, França (que desceu 11 posições) ou Nova Zelândia, entre outros.
E na lista laranja, também entre outros, a Irlanda, o Brasil, a Bélgica, a África do Sul, a Turquia e a Argentina.
Com a pior performance, no vermelho, estão 14 países, a começar pelo Japão e com o Irão em último lugar da lista, da qual fazem parte os maiores emissores de gases com efeito de estufa do mundo, a China e os Estados Unidos, além de outros como a Federação Russa, a Austrália, o Canadá ou a Arábia Saudita.
Os progressos em matéria de mitigação climática, e destacando Portugal, foram hoje divulgados pela associação ambientalista Zero, que participou no CCPI, e que explica que para os cálculos são usadas as estatísticas mais recentes da Agência Internacional de Energia relativas ao ano 2020 (o último ano disponível) e uma avaliação de peritos.
“O CCPI é uma ferramenta importante para aumentar a transparência na política climática internacional e permite a comparação dos esforços de proteção do clima e do progresso feito por cada país”, diz a associação, acrescentando que o índice pretende também pressionar política e socialmente os países que não tomaram medidas que contribuam o suficiente para a estabilidade climática global, destacando ao mesmo tempo os que têm melhores práticas.
Na análise da posição de Portugal, que subiu dois lugares graças ao fecho das centrais a carvão do Pego e de Sines, levando a uma melhoria na categoria de emissões de gases com efeito de estufa, e da publicação da Lei de Bases do Clima, nota-se o fraco desempenho no setor dos transportes, floresta e agricultura.
Já as categorias de utilização de energia, energias renováveis e política climática a classificação é média, tendo em conta especialmente a elevada quota de energias renováveis.
A Zero nota as melhorias alcançadas por Portugal, mas diz também que “há falta de ambição em algumas áreas, nomeadamente no que diz respeito aos subsídios aos combustíveis fósseis, cujo fim está apenas previsto para 2030”.
E releva que, nos transportes, as emissões não estão contidas, por falta de “políticas eficazes para o setor”, e não é suficientemente promovida a agricultura sustentável, com a agricultura intensiva e a monocultura a receberem “muitos incentivos”.
Em termos gerais, o destaque vai para países como Chile, Marrocos e índia, que têm vindo a subir no índice, e pelo lado negativo os Estados Unidos e a China, que desceu 13 lugares (a maior descida) pelos novos investimentos em centrais a carvão.
A Zero destaca ainda a subida de três lugares do bloco União Europeia, especialmente pelo pacote legislativo “Objetivo 55”, que visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030.
Mas nota as diferenças entre Estados. A Polónia e a Hungria estão na lista vermelha e a Dinamarca e a Suécia ocupam as primeiras posições (quarto e quinto lugar, respetivamente).
O índice, publicado anualmente desde 2005, é da responsabilidade da organização não-governamental de ambiente alemã Germanwatch e do NewClimate Institute e avalia quatro categorias: emissões de gases com efeito de estufa (40% de peso na classificação final), energia renovável, uso de energia e política climática.
É publicado em conjunto com a Rede Internacional de Ação Climática (CAN International). Os países que compõem o índice são responsáveis coletivamente por cerca de 90% das emissões globais de gases de efeito de estufa.
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