sexta-feira, 11 de julho de 2025

Nosso Planeta, Nosso Legado - Iann Arthus-Bertrand 2020


"Nosso Planeta, Nosso Legado" (Legacy - Notre Héritage), lançado em 2020, é um documentário dirigido por Yann Arthus-Bertrand que explora a relação entre a humanidade e o planeta, com um foco especial na crise ambiental. O filme apresenta uma visão sensível e radical do mundo, destacando a beleza da natureza e os danos causados pela ação humana, ao mesmo tempo em que oferece esperança e soluções para um futuro mais sustentável. 

Em "Nosso Planeta, Nosso Legado", Arthus-Bertrand compartilha suas próprias experiências e reflexões sobre a natureza e a humanidade, buscando despertar a consciência sobre a urgência da crise ambiental e a necessidade de ações individuais e coletivas para proteger o planeta. O filme aborda temas como o desmatamento, as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a importância da água doce, utilizando imagens impactantes e uma narrativa envolvente. 

O documentário também apresenta soluções e caminhos para a reconciliação com a natureza, mostrando exemplos de práticas sustentáveis e iniciativas de conservação. Arthus-Bertrand enfatiza que a mudança é possível e que cada indivíduo pode fazer a diferença por meio de escolhas conscientes e ações responsáveis. 

"Nosso Planeta, Nosso Legado" não é apenas um filme sobre a crise ambiental, mas também um apelo à ação e um convite à esperança, mostrando que um futuro mais sustentável e equilibrado é possível se a humanidade se unir para proteger o planeta

Dia Mundial da População


Crónica de Pedro Ressucted

não é não.
não, filha, a imigração não está no topo dos problemas deste retângulo amaldiçoado e abençoado; a desigualdade, o acesso à habitação, à saúde e a educação de qualidade, sim.

não, amor, não são os imigrantes amontoados em camaratas que andam a destruir o teu direito constitucional à habitação; são os "imigrantes" dos vistos gold, os fundos imobiliários predadores e os autarcas amigos de hotéis de 5 estrelas e alojamentos locais e fantasias de equídeos com chifres que estão a rebentar com o tecido social das cidades.

não, miga, os imigrantes não estão cá a mamar subsídios e a viver à tua conta; eles andam a contribuir para um sistema que é desbaratado pelos destruidores de bancos e pelas multinacionais à boleia de borlas fiscais e pelos liberais com pés de barro que se agarram às tetas do estado que adoram vilipendiar.

não, fofo, a imigração nunca foi tão alta como agora; continua a haver 3% de deslocados no mundo, valor igual desde o final da segunda guerra mundial, lançada pelos tiranos que o teu novo partido favorito gosta de glosar.

não, meu bem, o teu novo partido favorito não existe para te defender e gritar "vergonha"; existe para te convencer que a culpa é dos de baixo, enquanto mama nos de cima.

não, mor, os imigrantes não roubam empregos e puxam os salários para baixo; eles deslocam-se para os lugares onde há trabalho disponível, mesmo por valores indecentes, e muitos regressam às famílias e lugares de origem quando têm a vida mais orientada.

não, coração, não és só tu que preferes estar junto dos teus; eles também.

não, querido, os imigrantes não têm sangue de monhé ou de preto; têm sangue com hemoglobina como o teu.

não, riqueza, os imigrantes não matam mais do que o teu companheiro violento e abusador.

não, minha jóia, os imigrantes não estão a invadir-nos; em muitos lugares, estão a repor vida, num país que adora exportar cortiça, conservas e jovens sem futuro.

não, cariño, tu não és descendente de um pastor de cabras da zona de Viseu com pouco jeito para escolher guarda-costas; és descendente de iberos que ninguém sabe de onde vieram, de celtas e de romanos, de fenícios, cartagineses, mouros, castelhanos e de franceses, mais os negros de África e de europeus de fracas sortes e de gente dos orientes. e de neandertais, também, e às vezes nota-se. és como um daqueles pratos do honest greens - cantina preferida dos colarinhos brancos jovens e dos empreendedores, na qual são os imigrantes que cozinham - aqueles pratos com muitas cores e paladares, sem perceberes bem o que lá está.

não, meu doce, os imigrantes não são os teus inimigos de classe; esses são os que enviam anualmente o valor de um SNS para offshores, enquanto se riem da tua fúria (e das tuas filas de espera e das tuas crianças nascidas em ambulâncias) no deck de um iate.

não é não é não

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Mariana Mortágua e Gary Stevenson à conversa



Gary Stevenson — Economista britânico, ex-trader e YouTuber
Nascimento: 1986, Ilford, Leste de Londres
Origem: Cresceu numa família da classe trabalhadora; o pai trabalhava nos correios.

🎓 Formação Académica
Estudou Matemática e Economia na London School of Economics (LSE)
Mais tarde fez um mestrado (MPhil) em Economia na Universidade de Oxford

💼 Carreira como Trader
Entrou para o Citibank em 2008 através de uma competição baseada num jogo de cartas (uma forma pouco convencional de recrutamento)
Em poucos anos, tornou-se milionário. Em 2011, foi alegadamente o trader mais lucrativo do Citibank, com lucros estimados em cerca de 35 milhões de dólares (embora essa cifra seja contestada)
Abandonou o setor financeiro em 2014 devido a exaustão e ao desencanto com o sistema económico

📢 Ativismo e YouTube
Criou o canal GarysEconomics no YouTube em 2020
O canal tem mais de 1,3 milhões de subscritores
Explica temas complexos de economia, com foco em desigualdade, inflação e crítica ao sistema económico atual
Contribui regularmente com comentários económicos para a imprensa britânica, como a BBC e o The Guardian
 
📚 Livro
Autor de The Trading Game: A Confession (2024)
Um memorial autobiográfico que narra a sua ascensão no mundo financeiro, o colapso emocional, e as suas críticas ao sistema económico
Foi muito elogiado por oferecer uma visão interna rara e honesta da alta finança

💰 Política Económica
Defensor de impostos sobre grandes fortunas (acima de £10 milhões) como forma de combater a desigualdade extrema


Suécia abandona educação digital: retorno aos livros impressos na escola


Gesto e política louvável: a Suécia, único país que, desde a década de 1990, buscou implementar a educação 100% digital nas escolas, voltou atrás e decidiu investir, ao longo de 2023, 45 milhões de euros na distribuição de livros didáticos impressos.

A leitura e os livros trazem uma série de vantagens para o desenvolvimento pessoal, intelectual e emocional. Aqui estão as principais:

1. Expansão do conhecimento
Livros são fontes ricas de informação e sabedoria.
Permitem aprender sobre qualquer tema: ciência, história, arte, psicologia, entre outros.

2. Estimulação mental
Ler exercita o cérebro, melhora a memória e previne o declínio cognitivo.
A leitura regular está associada a maior agilidade mental.

3. Redução do stress
Ler um bom livro pode funcionar como uma forma de escapismo saudável.
A imersão numa história ajuda a relaxar e a desligar-se das preocupações do dia a dia.

4. Melhoria do vocabulário e da comunicação
Quanto mais se lê, mais palavras se aprende.
A leitura melhora a capacidade de expressão oral e escrita.

5. Desenvolvimento do foco e da concentração
Ler exige atenção contínua, o que treina a capacidade de concentração num mundo cheio de distrações.

6. Abertura para novas perspectivas
Os livros permitem viver outras vidas, conhecer culturas e realidades diferentes.
Aumentam a empatia e a compreensão do mundo.

7. Estímulo à criatividade e imaginação
Especialmente em crianças, a leitura desenvolve a imaginação e incentiva a criação de novas ideias.

8. Uso produtivo do tempo
Em vez de gastar tempo com conteúdos superficiais, a leitura oferece crescimento pessoal e intelectual.

Prémio Gulbenkian atribuído à Antarctic and Southern Ocean Coalition



A vencedora do Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2025, que distingue" contribuições notáveis para a ação climática e soluções que inspiram esperança e novas possibilidades", é a Antarctic and Southern Ocean Coalition (ASOC).

A Antarctic and Southern Ocean Coalition conquistou este reconhecimento, refere a Fundação Gulbenkian pelo ”trabalho na proteção de uma das regiões do mundo mais sensíveis às alterações climáticas".

“Numa fronteira crítica do sistema climático global, a ASOC é um exemplo da forma como a colaboração internacional duradoura, a advocacy alicerçada na ciência e uma gestão ambiental responsável são essenciais para garantir um futuro sustentável para todos”; lê-se no comunicado da fundação.

O júri, presidido pela antiga chanceler alemã, Angela Merkel, selecionou o vencedor de entre 212 nomeações de 115 países. O prémio tem um valor monetário de um milhão de euros.

Fundada em 1978, “a ASOC reuniu organizações ambientais de prestígio de mais de 10 países, formando uma coligação resiliente e articulada de membros, parceiros, ativistas e apoiantes. Visto que a Antártida se encontra fora da jurisdição de uma só nação, a cooperação multilateral tem sido essencial para a sua proteção", refere a Gulbenkian.

A diretora Executiva da ASOC, Claire Christian, salienta a “honra” que esta distinção confere à ASOC porque afirma e reconhece “o poder da ação coletiva e a importância vital de proteger o Antártico e o Oceano Austral. Estas regiões podem parecer distantes, mas são fundamentais para a saúde e o futuro do planeta”.

A região da Antártida, lembra Angela Merkel, “é um ecossistema único e frágil, particularmente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas. Ao situar-se fora da jurisdição de um só país, a região precisa de um nível extraordinário de cooperação internacional para proteger e preservar este recurso precioso”.

Foi, por isso, que "o júri quis reconhecer as conquistas da Antarctic and Southern Ocean Coalition e a forma como tem demonstrado que a colaboração global é possível. A Antarctic and Southern Ocean Coalition transmite esperança às gerações vindouras e é uma justa vencedora deste prémio.”

“Para Miguel Bastos Araújo, biogeógrafo e vice-presidente do júri do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, “a Antártida e o seu oceano são o ‘anel único’ do planeta, tal como o mítico anel de Tolkien em ‘O Senhor dos Anéis’, que concentra um poder que molda o destino de todos”. A imagem deve-se ao facto de “a Antártida e o Oceano Austral concentrarem funções essenciais para o equilíbrio do clima, da biodiversidade e do nível do mar”, refletindo radiação solar, atuando como sumidouro de carbono ou moderando os ventos e os sistemas atmosféricos globais. “Sem a integridade deste ‘anel’, o mundo entra em descompasso climática, ecológica e politicamente”, reforçou, frisando que “a ação incansável da ASOC merece, de forma inequívoca, o Prémio.”

Lembra ainda a Fundação Gulbenkian que este prémio é atribuído “numa altura em que as Nações Unidas declararam 2025 como o Ano Internacional da Preservação dos Glaciares” e que a “comunidade internacional está finalmente a reconhecer o papel essencial da criosfera — os mantos de gelo, os glaciares e as calotes polares da Terra — na regulação do clima”.

A importância da distante Antártida
"Ao longo dos últimos 50 anos, a ASOC tem demonstrado, de forma consistente, como uma voz única, assente num objetivo partilhado e num compromisso a longo prazo, pode influenciar a governação e a preservação de um dos ambientes mais intocados do planeta”.

Apesar da sua localização remota, a Antártida é um pilar da estabilidade global. O Tratado da Antártida, assinado em 1959, atribuiu-lhe a designação de continente de paz e cooperação, tornando-a reserva para fins pacíficos e de investigação científica.

Com cerca de 90% do gelo terrestre e cerca de 70% da água doce do planeta, a Antártida é fundamental para este esforço. O Oceano Antártico representa, por si só, cerca de 10% do oceano global e alberga quase 10.000 espécies únicas.

As suas poderosas correntes regulam as temperaturas do planeta, impulsionam os ciclos de nutrientes e sustentam a biodiversidade marinha que constitui a base da cadeia alimentar global.

Contudo, lembra a Gulbenkian, a região encontra-se atualmente num momento crítico, enfrentando impactos climáticos acelerados, nomeadamente anomalias extremas na temperatura, ondas de calor marinhas e diminuição do gelo marinho, com partes da Antártida a aquecerem mais do dobro da média global


Sobre o Diquato


O diquato, substância ativa utilizada para substituir o glifosato no Roundup e noutros herbicidas, pode matar as bactérias intestinais e danificar os órgãos de várias formas, segundo uma nova investigação. É comercializado em Portugal pela Sapec. CUIDADO!

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Kristin Hersh - In Stitches


Slink past the stoned rasta painters on baronne
Blink and the walmart of the dead blurs on baronne

Found you
Look around you
Wild parrots and gin in the air
Don't know where to go
Don't know where to go from here
Don't know where to go to disappear

Tangerine and seasick green
Us in pieces
Like when wolverine
Big red's king
Caught us hiding
We just drove away into the day
In stitches

Vivem da mentira



Vivem da mentira.
Não, não há mais miúdos de 3 e 6 anos do que crianças portuguesas, no pré-escolar e no 1.º ano de escolaridade. Só 11,3% dos alunos são filhos de mãe estrangeira.

Vivem da mentira
Não, não há nenhuma criança filha de imigrantes que passem à frente de portugueses. Os critérios estão fixados no Despacho Normativo n.º 6/2018 e não dão preferência a estrangeiros, mas às crianças de 5 e 4 anos sobre as de 3 anos. Ou com necessidades educativas especiais. Ou filhos de pais menores estudantes. Ou com necessidade de apoio social escolar.

Vivem da mentira.
Não, não há nenhuma pressão sobre as escolas pública, nem elas têm mais alunos do que tinham anteriormente. Em 2006/2007, havia 263.887 crianças no ensino pré-escolar. Em 2022/2023, havia 265.025. Em 2006/2007, 500.823 crianças no ensino primário. Em 2022/2023, havia 388.316. Acresce que há mais educadoras de infância (hoje, 17.346) e professores do ensino básico (hoje, 31.360) do que 2014/2015 (respetivamente, 16.079 e 28.095).

Vivem da mentira.
Não, não há crianças portuguesas excluídas do ensino pré-escolar e do ensino básico. A taxa de escolarização no ensino básico é hoje de 100% e no pré-escolar de 94%.

Vivem da mentira.
Não, não há crianças a mais. Em 1975, nasceram 177 mil crianças, representando uma taxa de 19,8 por cada 1.000 habitantes. Em 2001, nasceram apenas 112.825, equivalente a 10,9 por 1.000. Em 2024, o número desce drasticamente para 86.642 crianças, equivalente a 7,9 nascimentos por 1.000. Os filhos de mães estrangeiras representam, hoje, 33% do total de crianças nascidas. Sem filhos de imigrantes, a nossa pirâmide demográfica estaria completamente invertida e o país estaria privado de futura população ativa e sem possibilidade de financiar os serviços públicos que beneficiam todos, incluindo os idosos.

Vivem da mentira.
Não, não são “pró-vida”, nem querem proteger a vida de todos e, muito menos, acreditam no “Deixem as nossas crianças em paz”. Foram deputados, membros do governo e dirigentes do PSD e do CDS e não fizeram nada para que fosse criado o ensino pré-escolar ou para que fossem construídas mais creches, jardins de infância ou escolas primárias. Ou para que fossem contratadas mais educadoras de infância, assistentes operacionais ou professoras. A vida (dos outros) só lhes convém enquanto está no útero de mães pobres. Quando os seus filhos nascem, querem é deixá-los na rua, impedidos de ir à escola e de se alimentarem.

Não dá para calar mais.
Gente que nunca teve filhos ou sabe o que é criar uma criança a atirar bitaites para o ar. Sem ter a mínima noção da realidade. Ou um pingo de noção.
O ensino pré-escolar foi criado, em 1997, pelo governo de António Guterres e pelo ministro Marçal Grilo. A taxa de cobertura do pré-escolar, em 1998, era de apenas 32%, 55% e 92%, respetivamente para crianças de 3, 4 e 5 anos. Hoje, é de 94%. Entre 2005 e 2009, outro governo PS, levou a cabo o Plano de Expansão e Desenvolvimento do Pré-Escolar, financiado pelo QREN, que construiu mais de 400 escolas públicas. Em 2006, foram criadas as atividades de prolongamento do tempo escolar para apoio gratuito às famílias (CAF´s) e as atividades extra-curiculares (AEC´s). Em 2009, foi garantidade a universalidade do acesso ao pré-escolar para crianças de 5 anos. Em 2012, o governo PSD/CDS retirou a obrigação legal de ter uma assistente operacional por cada sala de pré-escolar, deixando as educadores de infância sozinhas com 15 (ou mais) crianças. O governo PS repôs essa obrigatoriedade, em 2016. Entre 2015 e 2024, o governo PS criou mais 500 salas e turmas no ensino pré-escolar. Em 2022, foi criado o programa Creche Feliz que permite a todos os pais, independentemente dos seus rendimentos, obter um cofinanciamento até 460 € das despesas com creches para crianças até 3 anos. Esse programa abrange, hoje, cerca de 98 mil crianças e 2.391 creches.

Vivem da mentira.
Não, não é verdade que os governos de esquerda não tenham feito reformas. Fizeram aquelas que importam. Não fizeram – e recusam a fazer – é aquelas que alimentam os grupos de interesses e a fome de quem quer aproveitar-se do dinheiro dos contribuintes para fazer lucro fácil.
Há que falar claro: o que estes demagogos populista querem é atacar a gente pobre. Discriminar quem tem uma cor de pele diferente.

Vivem da mentira.
Não, não há crianças subsidiopendentes. A ação social escolar garante que meninos e meninas pobres e com fome possam comer e ter acesso aos bens mais essenciais: ensino, alimentação e dignidade. Para que todos percebam, só tem acesso a ação social escolar as famílias que ganhem 3.363,01 € por ano (!!!), no escalão A do Abono de Família, 6.726,02 € por ano, no escalão B, e 11.434,23 €, no escalão C. Já imaginaram o que é viver com 240,21 € por ano?... E sabem que apoios “incríveis” têm essas crianças? 100% do custo de 1,46 € das refeições escolares, no escalão A, e 50% no escalão B. Os pobres do escalão C paguem as refeições, por inteiro. Sabem quanto recebem para material escolar que tem de durar o ano interior? 16 € para as crianças do escalão A e 8 € para as do escalão b. As do escalão C pagam tudo.

O Chega não quer saber da vida. Só da vida deles. A vida das crianças pobres, dos imigrantes, das pessoas racializadas, das pessoas que não são heterossexuais, das gentes da cultura, de quem pensa, desses “malandros” da esquerda não vale nada.

As pessoas concretas não valem nada para eles.
Em contrapartida, para poderem viralizar “Tik-Toks”, vale tudo.
Incluindo mentir com todos os dentes que têm.

Para quem finge acreditar no Juízo Final, aparentam ter uma elevada fé na sua resistência às altas e incinerantes temperaturas.

Diferença entre ecologia integral e ecologia espiritual

E-Livro aqui

A ecologia integral e a ecologia espiritual são conceitos que se interligam, mas possuem focos distintos. Abaixo explico as principais diferenças:


🌱 Ecologia Integral

  • Origem e conceito: Popularizada pela encíclica Laudato Si’ (2015) do Papa Francisco.

  • Perspectiva: Holística, interdisciplinar.

  • Abrangência:

    • Integra as dimensões ambiental, social, econômica, cultural e espiritual.

    • Defende que tudo está interligado: ser humano, natureza, estruturas sociais e economia.

  • Foco principal: Justiça socioambiental. Mostra que os problemas ambientais estão conectados com as injustiças sociais e a degradação humana.

  • Exemplo de aplicação: Uma política de desenvolvimento sustentável que respeite tanto o meio ambiente quanto os direitos dos povos tradicionais.


🕊️ Ecologia Espiritual

  • Origem e conceito: Enraizada em tradições espirituais e filosóficas (cristãs, indígenas, orientais etc.).

  • Perspectiva: Contemplativa, ética, interior.

  • Abrangência:

    • Foca na relação interior do ser humano com a natureza, o cosmos e o sagrado.

    • Desenvolve uma consciência espiritual ecológica — sentimento de reverência, gratidão e interdependência com a vida.

  • Foco principal: Transformação interior e reconexão com o sagrado na natureza.

  • Exemplo de aplicação: Retiros ecológicos, práticas meditativas na natureza, espiritualidade ecológica indígena.


📌 Em resumo:

Aspecto Ecologia Integral Ecologia Espiritual
Ênfase Sistémica, ética social Interior, contemplativa
Origem Encíclica Laudato Si’ e pensamento holístico Tradições espirituais e religiosas
Objetivo Justiça ecológica e social Reconexão com o sagrado na natureza
Aplicação Políticas públicas, educação ambiental Retiros, meditação, espiritualidade ecológica

terça-feira, 8 de julho de 2025

Mais graves e mais duradouras: alergias vão piorar por causa das alterações climáticas


De acordo com a imunoalergologista, as alterações climáticas “promovem ainda mais a poluição exterior, períodos mais longos de exposição aos pólenes e maior suscetibilidade a infeções, aumentando a expressão, duração e gravidade da doença alérgica”.

A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) alertou esta segunda-feira para o aumento da incidência e da gravidade das alergias nos próximos anos devido a períodos de polinização mais longos, provocados pelas alterações climáticas.

“As recentes alterações climáticas do nosso planeta, sobretudo o aquecimento global, provocam inícios e picos de floração cada vez mais precoces e períodos de polinização mais longos com aumento dos totais anuais de pólenes”, afirma a presidente da SPAIC, citada em comunicado, no âmbito do Dia Mundial da Alergia que se assinala hoje 08 de julho.

Ana Môrete explica que “a tendência nos próximos anos é a de aumento da incidência e da gravidade das alergias”, face aos fatores ambientais e ao estilo de vida.

“Isto traduz-se numa temporada de alergias mais longa e mais difícil com a presença importante de pólenes no outono”, destaca a responsável, sublinhando que eventos climáticos, como tempestades de areia, “libertam partículas finas que levam a um risco acrescido de patologia alérgica e respiratória”.


Ana Môrete indica também que o maior consumo de alimentos processados “pode estar a contribuir para o aumento das alergias alimentares”.

Estimando que mais de três milhões de portugueses convivam com algum tipo de manifestação de doença alérgica, a presidente da SPAIC salienta que “algumas alergias podem mesmo ser fatais, sobretudo quando causam anafilaxia”.

“A anafilaxia é, muitas vezes, subdiagnosticada e subvalorizada, sendo muito importante reconhecer os sinais precoces, educar doentes, cuidadores e profissionais de saúde sobre como agir rapidamente e reforçar a utilização de adrenalina autoinjectável que pode salvar vidas e reduzir o estigma e o medo, capacitando os doentes a viver com segurança”, realça.

Esta é a reação alérgica “mais temida por ser súbita e potencialmente fatal, podendo afetar simultaneamente a pele, vias respiratórias, sistema cardiovascular e gastrointestinal”, segundo a presidente da SPAIC, que acrescenta ser “uma ameaça evitável”.

A anafilaxia pode ser desencadeada por alimentos - como leite, ovo, amendoins, frutos secos, marisco e peixe -, medicamentos - especialmente anti-inflamatórios e antibióticos betalactâmicos – ou por picadas de himenópteros.

Dados de estudos epidemiológicos estimam que, entre as alergias mais comuns, estão a rinite, que tem uma prevalência global em 30% da população, asma alérgica em 10%, alergias alimentares e medicamentosas em até 5%, e anafilaxia e alergia aos venenos de himenópteros (abelhas e vespas) entre 1% e 2%.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Hammock - Procession / Love in the Void


Desde 2023 que recorro a este álbum e esta música em particular. Tudo é perfeito. Resquícios da geração beat, biofilia, o olhar de  Christine Byrd’ que vem direito à nossa alma. Por vezes, deito-me ao ar livre numa noite clara e observo as estrelas enquanto ouço este álbum. Não sei para onde me leva a minha mente, mas é a um milhão de quilómetros desta rocha que chamamos casa. Se procura uma experiência especial, recomendo que experimente, dá uma sensação de alegria indescritível! 

"Love in the Void", de Hammock, explora a ideia de que mesmo em tempos de vazio ou isolamento, existe uma capacidade de amor e de conexão. "Procession" serve como abertura do álbum, simbolizando um movimento para a frente, uma viagem ou uma transição para este "vazio" onde o amor pode ser encontrado. Trata-se de encontrar beleza e significado no meio do que pode parecer o nada, e reconhecer que a vulnerabilidade e a conexão podem emergir do reconhecimento do próprio "vazio".

Aqui está uma análise mais detalhada:
Love in the Void:
O título e o conceito do álbum sugerem que, mesmo em sentimentos de vazio ou isolamento ("o vazio"), existe um potencial para que o amor e a conexão sejam descobertos.

Procession:
Como faixa de abertura, "Procession" actua como uma introdução, uma "cerimónia" ou um movimento para este potencial espaço de amor. Representa uma viagem, um impulso para a frente ou uma transição para o tema central do álbum.

Finding Love in the Void:
O álbum incentiva os ouvintes a procurarem aqueles momentos de beleza e conexão, mesmo quando se sentem isolados ou perdidos. Sugere que, ao reconhecer um "vazio" pessoal, podemos tornar-nos mais abertos à vulnerabilidade e a relações significativas.
Para além da Negatividade:
"Love in the Void" não é uma afirmação existencial sombria ou negativa. Em vez disso, trata-se de encontrar positividade e resiliência em circunstâncias desafiantes.

Créditos
Deejay.de
Destroy/Exist
Metal Temple
Progressive Rock Journal
[sic] Magazine

É urgente um mundo mais compassivo e progressista

Celebremos a vida, a arte, a literatura, o ensino, a natureza. Os amigos. Num mundo muito polarizado, contaminado por discursos de ódio, é importante refocar e questionar se vale a pena insistir nesta vivência tóxica. Ainda em 3 de julho fomos abalados pela trágica morte de Diogo Jota e seu irmão André Silva. Que seja ímpeto para um mundo mais compassivo e progressista.

🎨 Sabine Ziegler (nasceu em 1968, em Memmingen, na Alemanha)

Asas de Sol
No topo da folha, tão pequenina,
brilha uma joaninha, jóia que caminha.
Vermelha e preta, com graça serena,
traz no seu voo a beleza da cena.

Desliza o dia nas asas douradas,
pousa nos sonhos, nas flores caladas.
Entre silêncios, canta baixinho:
“Sou mensageira do bem e do carinho.”

João Paulo Soares, 4 de julho de 2025

domingo, 6 de julho de 2025

“Na alimentação, há uma tempestade perfeita a formar-se. Chama-se sindemia”, sublinha nutricionista


A alimentação é mais do que o ato de ingerirmos nutrientes essenciais à vida. Estar à mesa é, também, convivialidade e prazer. Mais, “a forma como comemos tem impacto nas questões da sustentabilidade”. Com esta frase, a nutricionista e docente Cláudia Viegas dá o mote para uma questão premente nos nossos dias: As escolhas alimentares das famílias e a sustentabilidade do planeta e do ser humano.

“Há muito que a revista The Lancet, apontou os três fenómenos cruciais com um impacto brutal sobre o futuro do planeta e das pessoas”. De acordo com a docente, um trio que se prende com a “malnutrição, sob duas formas, a desnutrição e a obesidade, a que se acrescem as alterações climáticas”.

“A malnutrição é, neste momento, a maior causa de perda de saúde em todo o mundo, seja por via da falta de alimentos, seja por via do consumo excessivo de alimentos de baixo valor nutricional”, sustenta a nutricionista.

Para Cláudia Viegas, “as alterações climáticas vão levar à produção de alimentos com menor conteúdo nutricional, diminuição da produção de alimentos o que vai encarecer o preço dos produtos”. Um caminho que “reforçará, quer a insegurança alimentar, quer a desnutrição, assim como o desvio para o consumo de alimentos processados, de elevada densidade energética”. Deste último caso podemos concluir, de acordo com a nutricionista, que “vai sair reforçado o fenómeno da obesidade”.

“Na alimentação, há uma tempestade perfeita a formar-se. Chama-se sindemia, uma sinergia de epidemias, pois os três fenómenos que elenquei ocorrem em simultâneo no tempo e no espaço”, adianta Cláudia Viegas

É uma arma para o nosso planeta todo o processo industrial por detrás da produção
“É uma arma para o nosso planeta todo o processo industrial que está por detrás da produção. A agricultura representa 15 a 23% da emissão de gases com efeito de estufa. Contudo, nesta, 12 a 19% prende-se com a produção animal”, refere a docente.

“A nossa alimentação assenta, hoje, no consumo exagerado de carne. Muito além daquilo que é admissível, com 180 a 200 gramas por refeição. Um requisito por parte do público que entende que uma grande dose de carne é uma refeição bem servida. Por exemplo, o que preocupa as famílias é que à refeição a criança coma a carne até ao fim. Não temos a mesma perceção em relação aos hortícolas”.

No que respeita à restauração Cláudia Viegas deixa uma sugestão: “As ementas ao invés de destacarem a carne ou o peixe, os refira como acompanhamentos. Aliás, chamemos-lhes isso mesmo, acompanhamentos, porque não são o componente principal, o mais importante”.

A obesidade, um grande problema
No que respeita à obesidade, “um grande problema mundial”, as recomendações da Organização Mundial da Saúde “chegam-nos desde há mais de 30 anos. Todos os países aderem. Mas, na realidade, não há mudanças que sejam consideráveis e significativas”, sustenta Cláudia, para quem “há vários motivos para que isso aconteça e, algo com um peso muito forte, a oposição por parte daqueles que são os interesses comerciais e económicos”.

Somos um público pouco exigente ou pouco consciente do impacto que a alimentação tem nas nossas vidas.
“Todos nos lembramos da polémica em torno da lei que procurava regular o conteúdo do sal dos alimentos e que acabou chumbada pela pressão dos grupos económicos. São muito poucas, mas muito poderosas as empresas que gerem grande parte daquilo que temos disponível no mercado”.

Para a docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, “somos um público pouco exigente ou pouco consciente do impacto que a alimentação tem nas nossas vidas. Adultos e crianças têm cada vez menos literacia sobre aquilo que comemos, estando a perder-se a ligação entre o que nos aparece no prato e a origem do alimento”.

Neste âmbito, a nutricionista não poupa a indústria alimentar: “Passa-nos a ideia de que uma fruta e a congénere sob a forma bebível, em pacote, são a mesma coisa. Não o são, nem do ponto de vista nutricional, nem do ponto de vista do impacto sobre o planeta, ou mesmo naquilo que se entende sobre o que é um alimento”.

sábado, 5 de julho de 2025

Borboletas e insetos num prato – arte de Johann Zacharias Quast


O artista desta peça é Johann Zacharias Quast, e a etiqueta informativa do Clark Institute of Art (Williamstown, Massachusetts, EUA) descreve-o como "Boémio, 1814-1891", e que o prato foi pintado em 1840, provavelmente destinado a ser um item de colecção e não para uso em jantares.

Um pensamento comum sobre os "boémios" é que descreve um artista ou escritor não convencional, mas, neste contexto, Quast ser "boémio" significa que nasceu na Boémia, que durante a sua vida era uma região na parte ocidental da atual República Checa. As suas pinturas de borboletas, escaravelhos, aranhas, moscas e outros insetos eram conhecidas por serem uma representação completa do ser vivo original, até ao mais ínfimo pormenor, e foram provavelmente pintadas com exemplos emprestados de coleções de amostras preservadas. Se observarem atentamente a imagem acima, verão que ele até pintou sombras para cada ser vivo, de modo a que estes pareçam estar em 3D na superfície do prato.

O partido Chega que rasga as vestes a berrar para salvarem as nossas crianças é o mesmo partido que usa menores para “fazer propaganda” de ódio


Apesar da imunidade parlamentar, este depoimento da deputada Rita Matias configura um crime, previsto no Código Penal, com pena de prisão de seis meses a cinco anos visto ser clara a incitação ao ódio motivada por racismo, xenofobia, entre outras formas de discriminação (nomes estrangeiros).

Aliás o o nome completo da deputada é Rita Maria Cid Matias. Cid é um nome de origem muçulmana.
Basta procurar no Google para perceber que a origem deste apelido é marroquino, uma etnia de esmagadora maioria muçulmana. Derivado de "seid" ou "sayyid", que significa "chefe" ou "senhor".


Além disso depois de usar crianças para estimular o ódio, eis o jogo preferido do Chega: fomentar a divisão entre trabalhadores enquanto lhes negam direitos (creches públicas + vagas; reforço da proteção na maternidade). Nem a lama em que gostam de chafurdar consegue esconder a vossa hipocrisia.


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Google’s data center energy use grew 27% in one year, plus eight more takeaways from its 2025 environmental report


In Google’s 10th annual report, the company said it reduced emissions even as its data center electricity consumption rose by 27% in one year

‘Tis the season for environmental sustainability reports, it seems, with the GSMA recently releasing its Mobile Net Zero report on telecom operators’ sustainability progress and Google putting out the tenth annual edition of its company environmental report.

The good news across both of those reports? Emissions are down, as telecom and tech companies purchase more clean energy to meet their growing needs. The downside is that those power needs are growing so fast that they need to pick up the pace if they actually want to make progress on sustainability. Available power isn’t keeping up with demand, creating a major bottleneck for cloud, AI and data center proliferation.

The Google environmental report puts numbers out (though some researchers have questioned whether they are accurate), but it also illustrates some of the company’s efforts to push against the prevailing trends in energy type and availability.

Here are nine key takeaways from the 2025 report.

–Power use grew by 27% in just one year. It was up 17% the prior year and doubled over the past four years. The increase should come as no surprise, with the insatiable demand for power-hungry data centers and the scramble across industries to develop and adopt even more power-intense artificial intelligence-based applications. However, the company took pains to note that its “growing electricity needs aren’t solely driven by AI. The accelerating growth of Google Cloud, continued investments in Search, the expanding reach of YouTube, and more, have also contributed to this overall growth.”

–Increased efficiency offset some impacts. Google says that its data centers “are some of the most efficient in the world” and are delivering more than six times the computing power per unit of electricity than they did five years ago. The company credited its hardware engineering progress in creating chips like its Ironwood Tensor Processing Unit (TPU), which it says is nearly 30 times more power efficient than its first Cloud TPU from 2018.

–Emissions are down. Google calculated that it reduced data center emissions by 12% despite the overall increase in data center energy usage, meaning that it is successfully shifting toward less carbon-intense energy sources.

– Water usage was up 28% in one year. Data centers also rely heavily on water use for cooling purposes. Between 2023 and 2024, Google saw its water usage rise 28% to 8.1 billion gallons — which it says would be the equivalent of annual watering for 54 golf courses in the arid U.S. Southwest. It’s trying to balance out those impacts with water stewardship projects that it says helped to safeguard 4.5 billion gallons of water, or about 64% of its usage.

–Clean energy purchases and projects hit a record high. Last year alone, Google said that it signed 60 new clean energy generation contracts to purchase more than 8 GW. That number is the largest annual total in its history and twice what is contracted for the previous year. Google has purchased renewable energy matching 100% of its usage since 2017, and it is working toward its “climate moonshot” goal of 24/7 carbon-free energy (CFE). In 2023, it was at 64% CFE overall and it increased that percentage by 2% to 66% — but notably, some of its data center regions achieved at least 80% CFE.

Zohran Mamdani: novidade ou retrotopia?


Por Vitor Belanciano
Muito se tem falado dele, Zohran Mamdani, 33 anos, que se descreve como socialista democrático, candidato oficial democrata para as eleições à câmara de Nova Iorque, nas autárquicas de Novembro, nos EUA.

Na base do apoio popular, para além das questões pessoais (jovem, enérgico, confiante) e formais, com dois vértices principais, domínio da comunicação nas redes sociais e operações quase porta a porta, parece estar uma campanha que apostou em falar claramente de habitação acessível, rendas, desigualdade, salários, transportes, saúde e creches públicas ou comércio local, sem esquecer as questões de género, raciais ou ambientais.

O que seria de esperar. O problema é que vivemos num mundo tão distópico, ficcional – Trump, claro, já veio dizer que é “comunista”, tentativa de o demonizar – e num plano inclinado tão para a direita, que aquilo que parece elementar, se tornou em algo de excecional, daí que Mamdani esteja a ser visto como a luz ao fundo do túnel por muitas vozes progressistas. Calma.

Digamos que Mamdani, americano, nascido no Uganda, de pais indianos, muçulmano, recuperou para o seu discurso aquilo que a maioria dos partidos de esquerda, se esquece, nos EUA como na Europa, quando ascende ao poder: de governar realmente à esquerda.

Tão preocupados com a gestão dos mercados e um crescimento económico residual, que vai parar sempre aos mesmos bolsos, esqueceram-se da equidade e da justiça social. O socialismo vai para o lixo, fica o liberalismo suave.

O discurso de Mamdani tem, aliás, pontos de contato com o de veteranos como Corbyn ou Bernie Sanders, com o aumento de impostos para os super-ricos no horizonte e expondo que o que se passa na Palestina é genocídio. O que, no contexto atual, é uma aragem de ar puro, mas sem nada de radical.

O sintoma Mamdani parece antes inscrever-se naquilo que Zygmunt Bauman (1925-2017), caracterizou, pouco antes de morrer, como tempos de retrotopia.

Por desmemória, manipulação ou insuficiência em conceber novas abordagens, temos visto nos últimos anos novas gerações entregues a ideologias do passado, vividas como se fossem a última novidade da estação, do neofascismo ao neoliberalismo, regressando nacionalismos, protecionismos, gestos autoritários, redes de interesses e lógicas ultraliberais. Mentes e ideias em putrefação, para corpos novos.

Para contrapor a esse domínio conservador hoje no mundo, é necessário ter uma agenda própria, outras grelhas de leitura da realidade expostas com clareza e soluções políticas.

Para já, Mamdani, inspirou-se nos fundamentos perenes do socialismo o que traz uma aura de novidade porque a esquerda liberal quando esteve no poder nunca conseguiu ser, enfim, socialista. Só isso, no contexto atual, é muito. Não vale a pena idealiza-lo. Pode ser um fenómeno circunstancial, mas o sintoma que aspirou é real. Existe uma ânsia popular por mudança, embora refreada por medo e insegurança.

Tempos perigosos, mas também em aberto. Não espantará se as principais dificuldades que Mamdani enfrentar vierem do interior do próprio partido democrata. Mas é quando as placas tectónicas das estruturas de poder se começam a mexer que tudo pode acontecer.

*Mamdani e a mulher, Rama Duwaji. Foto de Kara McCurdy

Para ler "A Magia do Sensível" de David Abram


David Abram é um ecologista e filósofo, os seus livros e conferências têm tido uma influência aprofundada no movimento da ecologia. Não é fácil encontrar os livros dele em português. Felizmente existe esta edição da Fundação Calouste Gulbenkian, do seu livro “A Magia do Sensível”.

“Juntamente com os outros animais, as pedras, as árvores e as nuvens, somos personagens dentro de uma imensa história que está a desdobrar-se visivelmente à nossa volta, participantes na vasta imaginação, ou sonho, do mundo.” ~ David Abram

Em "A Magia do Sensível - Percepção e Linguagem num mundo mais do que humano", David Abram convida os leitores a uma jornada profunda por nossas experiências sensoriais, reconectando-nos com o mundo natural que nos nutre. Premiado com o International Lannan Literary Award for Nonfiction, esta obra de filosofia ecológica desafia percepções convencionais ao explorar a relação profundamente enraizada que os seres humanos uma vez compartilharam com o meio ambiente. Tirando de uma rica tapeçaria de influências — que vão da filosofia de Merleau-Ponty ao xamanismo balinês — Abram examina como nossa compreensão da linguagem e da cognição está intrinsecamente ligada aos ritmos da natureza. Através de uma mistura de prosa lírica e exploração intelectual, ele nos instiga a uma reconexão com a terra viva, lembrando-nos da interdependência vibrante que foi negligenciada na vida moderna.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Naturalmente Flores


O filme foi realizado e editado por Paulo Ferreira e tem a narração a cargo de Eduardo Rêgo. Paulo Ferreira esteve a gravar na ilha das Flores durante 15 dias em 2022 e mostra-nos algumas singularidades ao nível da flora e da fauna, incluindo a marinha. As imagens do fundo do mar das Flores despertam em nós a consciência ambiental necessária para que todos possamos reverter o sentido das alterações climáticas. As imagens noturnas (da Via Láctea), gravadas ao redor da ilha das Flores são uma visão diferente do que estamos habituados a ver. Isto porque a Ilha das Flores possui pouca poluição luminosa, algo que a todos deveria preocupar. Durante o filme quase que damos por nós sentados à beira mar, a ouvir o som dos Cagarros, sob um céu estrelado salpicado pela luz da Via Láctea. São imagens belas de uma Ilha especial para Paulo Ferreira.

A Ilha das Flores, nos Açores, é conhecida pela sua rica biodiversidade, com destaque para a presença de várias espécies endémicas e habitats únicos. A ilha possui uma área protegida, o Parque Natural da Ilha das Flores, que integra diversas zonas classificadas na Rede Natura 2000 e um Sítio Ramsar. A Reserva da Biosfera da Ilha das Flores, reconhecida pela UNESCO, reforça a importância da conservação deste património natural. 
Biodiversidade:
Espécies endémicas:
A Ilha das Flores possui uma elevada concentração de espécies endémicas, tanto na flora como na fauna. Entre os vertebrados endémicos dos Açores, nove aves, um morcego e um peixe marinho são conhecidos apenas na ilha. 
Plantas:
Mais de 50 espécies e subespécies de plantas vasculares são endémicas do arquipélago. Destacam-se a Myosotis azorica (não-me-esqueças) e a Veronica dabneyi, duas plantas raras que só são encontradas em estado selvagem nas ilhas do Grupo Ocidental. 
Fauna terrestre:
Três espécies endémicas de artrópodes são exclusivas da Ilha das Flores: o escaravelho-cascudo-da-mata (Tarphius floresensis), Agyneta depigmentata e Cheiracanthium floresense
Aves marinhas:
A ilha é um local de nidificação importante para várias espécies de aves marinhas, muitas delas protegidas pela Diretiva Aves da União Europeia. 

Parque Natural e Reserva da Biosfera:
O Parque Natural da Ilha das Flores é responsável pela conservação da natureza na ilha e nas áreas marinhas circundantes. 
A Reserva da Biosfera da Ilha das Flores, reconhecida pela UNESCO, destaca a importância da ilha como um local com valores ambientais e culturais únicos. 
A Reserva da Biosfera promove atividades de turismo sustentável, investigação e valorização da biodiversidade. 

Relatora da ONU pede criminalização da desinformação sobre combustíveis fósseis e proibição do lóbi


Uma das principais especialistas das Nações Unidas apela à aplicação de sanções penais contra aqueles que vendem desinformação sobre a crise climática e à proibição total da atividade de lóbi e publicidade da indústria dos combustíveis fósseis, como parte de uma mudança radical para salvaguardar os direitos humanos e travar a catástrofe planetária. Elisa Morgera, a relatora especial da ONU para os direitos humanos e as alterações climáticas, defende que os EUA, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e outras nações ricas em combustíveis fósseis são legalmente obrigados, ao abrigo do direito internacional, a eliminar totalmente o petróleo, o gás e o carvão até 2030 - e a compensar as comunidades pelos danos causados. A fraturação hidráulica, as areias petrolíferas e o ‘flaring’ devem ser proibidos, tal como a exploração de combustíveis fósseis, os subsídios, os investimentos e as falsas soluções tecnológicas que prenderão as gerações futuras ao petróleo, ao gás e ao carvão poluentes e cada vez mais dispendiosos.
O seu relatório será apresentado na segunda-feira na Assembleia Geral em Genebra.

Pequenas Cidades No Tempo. O Ambiente e Outros Temas


Este livro integra textos escolhidos do colóquio de 2019 sobre Pequenas Cidades e Ambiente. Iniciando-se com o repto lançado pelo Professor Jean-Luc Fray, seguem-se as respetivas respostas, ordenadas nas seguintes subsecções:
  1. A interpretação de sistemas socioecológicos sob perspectivas de conjunto; 
  2. A observação de sistemas socioecológicos através dos testemunhos materiais; 
  3. A análise pormenorizada de fenómenos de antropização; 
  4. O estudo da regulação societária de recursos e problemas ambientais.
A segunda parte do livro, sobretudo constituída por textos apresentados num encontro de 2017, corporiza várias categorias de estudos sobre as pequenas cidades, nomeadamente,  a  monografia,  a  articulação  de  povoados,  as  hierarquias  urbanas,  as  leituras  do  espaço  urbano,  as  materialidades,  as  redes  de  poder  e,  não  menos  importante, a intervenção societária. 

Por fim, as conclusões pretendem, para além de sintetizar algumas linhas gerais transmitidas pelo conjunto de artigos, enfrentar os “problemas irritantes” (nas palavras do Professor Jean-Luc Fray) levantados pela classificação  dos  núcleos  urbanos  de  pequena  dimensão  e,  também,  valorizar  a  acuidade da pesquisa sobre as pequenas cidades no tempo

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Faixa de Gaza. "O genocídio, ao que parece, é lucrativo", denuncia relatora da ONU"


"Da Economia da Ocupação à Economia do Genocídio" é o título do mais recente relatório que Francesca Albanese vai apresentar, esta semana, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. A relatora especial da ONU para a situação dos Direitos Humanos na Palestina conclui que o genocídio levado a cabo por Israel em Gaza está a ser "lucrativo" para muitas multinacionais de setores como tecnologia, bancos e armas. 

O documento menciona mais de 60 empresas, incluindo grandes fabricantes de armas e tecnologia (Microsoft, Alphabet Inc. e Amazon), pelo apoio que têm dado à instalação de colonatos judeus e às operações militares em Gaza. 

Estas ações são referidas como parte de uma "campanha genocida". 

Também são mencionadas Caterpillar Inc e HD Hyundai, cujos equipamentos contribuíram para a destruição de propriedades palestinianas. São alguns nomes referidos no mesmo documento em que a relatora pede que as empresas interrompam as relações comerciais com Israel e que os dirigentes e executivos das mesmas sejam responsabilizados por “violações do Direito Internacional”. 

“Enquanto líderes políticos e governos se esquivam das suas obrigações, muitas entidades corporativas lucraram com a economia israelita de ocupação ilegal, apartheid e, agora, genocídio”, denuncia o documento. 

Francesca Albanese sublinha a urgência em exigir responsabilidades porque “a autodeterminação e a própria existência de um povo estão em jogo”.“Este é um passo necessário para pôr fim ao genocídio e desmantelar o sistema global que o permitiu”, está escrito no documento de 27 páginas. 

O relatório que Francesca Albanese apresenta esta semana, em Genebra, foi partilhado pela própria na mensagem que partilhou na rede social X. “Isto não é o negócio de sempre. O meu novo relatório da ONU, Da Economia da Ocupação à Economia do Genocídio, foi publicado hoje. Ele revela como as corporações alimentaram e legitimaram a destruição da Palestina. O genocídio, ao que parece, é lucrativo. Isto não pode continuar, a responsabilização deve ser o resultado”. 

“A cumplicidade exposta pelo relatório é apenas a ponta do icebergue”, admite o relatório de Francesca Albanese. O relatório foi elaborado com base em mais de 200 contribuições de Estados, defensores de Direitos Humanos e académicos. Francesca Albanese, que está mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas que não fala em nome da organização, é uma das vozes mais críticas da guerra de Israel em Gaza. 

Francesca Albanese foi também uma das primeiras vozes a classificar a guerra de Israel contra a população palestiniana como "genocídio". 

Ainda na terça-feira, os Estados Unidos pediram ao secretário-geral da ONU que expulse Francesca Albanese do cargo de relatora especial para a situação dos direitos humanos na Palestina, alegando "má conduta". Washington considerou ainda que as alegações de Albanese de que Israel está a cometer genocídio em Gaza e a envolver-se num sistema de 'apartheid' "são falsas e ofensivas".

Porque é que o genocídio palestiniano continua? Porque é lucrativo



The United Nations special rapporteur on the situation of human rights in the occupied Palestinian territory (oPt) has released a new report mapping the corporations aiding Israel in the displacement of Palestinians and its genocidal war on Gaza, in breach of international law.

Francesca Albanese’s latest report, which is scheduled to be presented at a news conference in Geneva on Thursday, names 48 corporate actors, including United States tech giants Microsoft, Alphabet Inc. – Google’s parent company – and Amazon. A database of more than 1000 corporate entities was also put together as part of the investigation.

“[Israel’s] forever-occupation has become the ideal testing ground for arms manufacturers and Big Tech – providing significant supply and demand, little oversight, and zero accountability – while investors and private and public institutions profit freely,” the report said.

“Companies are no longer merely implicated in occupation – they may be embedded in an economy of genocide,” it said, in a reference to Israel’s ongoing assault on the Gaza Strip. In an expert opinion last year, Albanese said there were “reasonable grounds” to believe Israel was committing genocide in the besieged Palestinian enclave.

The report stated that its findings illustrate “why Israel’s genocide continues”.

“Because it is lucrative for many,” it said.

Ontem, os meios de comunicação em Portugal, reproduziram notícias de agências internacionais, titulando: “EUA pedem expulsão de Francisca Albanese da ONU.” Nenhum concedeu acrescentar algo mais próximo da verdade como: “EUA pedem expulsão de relatora da ONU, por causa de documento comprometedor." Ou, pronto, vá, qualquer coisa como: “EUA pedem expulsão de Albanese: em causa relatório que compromete inúmeras multinacionais e Israel.”

Porque é disso que se trata. Na próxima quinta, a relatora especial para a situação dos direitos humanos na Palestina, vai apresentar um documento que conclui que o genocídio que está a ser levado a cabo por Israel é lucrativo para muitas multinacionais de setores como a tecnologia, bancos e armas. É contundente e avassalador. Discorre sobre as fundações da economia global e a relação com os acontecimentos em Gaza. Daí que, claro, os EUA, e não só, tentem agora, numa jogada de antecipação, desacreditá-la, falando em “má conduta” e, pondo em causa, inclusive, o seu carácter, as qualificações e outras coisas que tais, numa manobra recorrente nestes casos.

O relatório está aqui para quem quiser ler. Detalha a responsabilidade de dezenas de empresas, com nomes e apelidos. Todos sabemos dos condicionalismos das redes, mas se existe algo que podemos fazer neste momento, é disseminar este documento.

Teresa Torga - uma mulher na Revolução


Uma mulher decidiu despir-se e dançar no cruzamento das avenidas Miguel Bombarda e 5 de Outubro, em Lisboa. Eram quatro da tarde, corria o ano de 1975 e o país fervia na liberdade recém-conquistada. O gesto deu origem a uma crónica do jornalista Rogério Rodrigues no Diário de Lisboa e, mais tarde, a uma canção de José Afonso. 

Alan Romero 
"A letra fala da triste história de uma artista decadente que, numa atitude tresloucada, dançava nua em plena tarde numa avenida lisboeta. A cena inusitada atraiu a atenção de um repórter que, no entanto, não conseguiu fotografá-la devido aos protestos dos transeuntes, revoltados com o que consideraram uma exploração degradante. Entretanto a canção tornou-se um clássico da luta pelos direitos da mulher em Portugal. Só em 2006 o texto original foi dado a público, através do livro "Os loucos dias do PREC", de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira. A notícia, publicada originalmente no Diário de Lisboa, confirmava o conteúdo da canção e dava mais pistas: ela tinha sido fadista, atriz de teatro de revista e vivido durante algum tempo no Brasil. Reportava também a sua condição de paciente de um conhecido hospício. Recentemente, o blog português "Rua dos dias que voam" localizou uma entrevista de Teresa Torga na extinta revista Plateia. 
Ela fala dos sete anos em que morou no Rio de Janeiro, tendo trabalhado com Maria Della Costa, Costinha e outros grandes nomes do teatro e da televisão. A musa de Zeca Afonso mostrava sua face: a matéria é ilustrada com duas fotos, as únicas conhecidas da artista. Mas o que mais despertou a minha curiosidade foi a referência a um disco que ela teria gravado com as canções "De degrau em degrau" e "Rua sem luz". 
Imediatamente mergulhei no Google em busca dessas gravações. Revirei a internet de ponta a ponta até que localizei essa raridade no acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga! Trata-se de uma edição do selo Chantecler, de 1962, talvez a única cópia existente, preservada graças a esta instituição. Teresa Torga aos poucos vai saindo da bruma do esquecimento. De suposta personagem ficcional passou a ter existência documentada. Depois viu-se-lhe o rosto. E agora ganha voz! A Associação José Afonso agradece à Discoteca Oneyda Alvarenga a oportunidade única concedida aos fãs do Zeca de poderem ouvir tão preciosos áudios.


No centro da Avenida 
No cruzamento da rua 
As quatro em ponto perdida 
Dançava uma mulher nua 

A gente que via a cena 
Correu para junto dela 
No intuito de vesti-la 
Mas surge António Capela 

Que aproveitando a barbuda 
Só pensa em fotografá-la 
Mulher na democracia 
Não é biombo de sala 

Dizem que se chama Teresa 
Seu nome e Teresa Torga 
Muda o pick-up em Benfica 
Atura a malta da borga 

Aluga quartos de casa 
Mas já foi primeira estrela 
Agora é modelo à força 
Que o diga António Capela 

T'resa Torga T'resa Torga 
Vencida numa fornalha 
Não há bandeira sem luta 
Não há luta sem batalha


Brexit is a 'complete disaster' and referendum 'should have been repeated'



Brexit has been slammed as a 'complete disaster' that 'ruined most of the country' in a poll marking nine years since the UK voted to leave the EU. Mirror readers slammed the European Union referendum, overwhelmingly voting that Brexit has failed.

The UK marked nine years since the Brexit referendum on June 23 2025. The vote - which signalled the UK's intention to leave the European Union - ultimately ended a 47-year relationship with the political and economic bloc.

Brits narrowly voted to leave the EU by 51.9% to 48.1%, a decision which lead to years of uncertainty across the country. A flurry of four different Conservative prime ministers ensued over a space of five years - including Liz Truss, whose premiership lasted just 49 days.

Leaving the European Union has been proven to have made Brits' lives worse in at least six ways. Airport and port queues have grown drastically, food prices have spiralled out of control and small businesses have been forced to shut down. It has also become harder to work or study in the EU, music artists have been hit by a wave of barriers and NHS jobs have been left in chaos.

To mark the 9th anniversary of the day the UK voted out, we asked readers to give their opinions on Brexit, with over 25,000 people voting in the poll. In response to the question 'do you think Brexit has failed?', an overwhelming 71% (18,565) voted yes, slamming the referendum as a 'disaster', while just 29% (7,520) voted no.