quinta-feira, 31 de julho de 2025

Kogi - Lições Espirituais de um Povo Indígena


Nas imponentes montanhas da Serra Nevada de Santa Marta, na Colômbia, vive o povo indígena Kogi, guardião de uma cultura ancestral com mais de 4.000 anos de história. Preservaram até aqui as suas tradições pré-colombianas, sendo uma das últimas sociedades da América Latina a resistir aos impactos da globalização.

Os Kogi emergem agora do isolamento para partilhar a sua sabedoria milenar com o mundo moderno. As suas mensagens oferecem reflexões poderosas sobre como enfrentar os desafios ecológicos, sociais e individuais do século XXI.

Acreditam que muitas das crises atuais decorrem da nossa visão de mundo desequilibrada e convidam-nos a adotar uma nova perspetiva.

Quem são os Kogi e o que podemos aprender com eles?
Os Kogi não são apenas um vestígio do passado, mas uma comunidade que vive uma relação profunda e espiritualmente ativa com o Planeta, e que observa de perto o impacto da sociedade moderna no meio ambiente. Chamam a Serra Nevada o “Coração do Mundo” e veem na destruição ambiental uma ameaça não apenas ao planeta, mas à essência da vida.

Lucas Buchholz, o autor deste livro, foi convidado pelos anciãos do povo Kogi a visitar as suas aldeias, a aprender sobre a sua visão de mundo e a escrever este livro. Nesta obra, Buchholz reúne ensinamentos únicos que revelam como os Kogi equilibram tradição e espiritualidade, a sua relação com a natureza e com o planeta.

Porque os ensinamentos dos Kogi são relevantes hoje?
Os Kogi partilham uma mensagem urgente: é a hora de repensar a nossa relação com o meio ambiente e connosco próprios. Propõem diversas questões transformadoras que nos ajudam a:
  1. Redescobrir a harmonia com a natureza e com o Planeta;
  2. Enfrentar desafios ecológicos e sociais de forma consciente;
  3. Reavaliar os nossos valores e ações quotidianas.
Este livro não sugere abandonarmos abruptamente o estilo de vida moderno, mas convida-nos a integrar práticas ancestrais para criar um futuro mais regenerativo e equilibrado.

“A sabedoria dos Kogi é uma fonte de inspiração para viver com propósito e equilíbrio”, afirma Buchholz. Em vários capítulos encontrará diálogos entre o autor e os anciãos Kogi. Se procura um livro que proponha soluções para enfrentar os desafios do mundo moderno e reconectar-se com os seus valores essenciais, este é de leitura indispensável.
Os ensinamentos dos Kogi são uma oportunidade rara de aceder a uma sabedoria ancestral que permanece relevante. Ao ler este livro, sentir-se-á transportado para o mundo dos Kogi em Serra Nevada, onde a simplicidade e a profundidade das suas palavras podem transformar sua forma de pensar e agir quotidianamente.

Descubra agora como essa cultura ancestral pode inspirar sua jornada para um estilo de vida mais regenerativo, consciente e conectado à essência da vida e do planeta.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Dulce Pontes - Na Língua Das Canções



Não te posso amar
Sem te perguntar
Se já foste rio
Se és irmão das areias e das conchas e dos peixes e do mar
Sou irmã do vento
O meu pensamento
Só se faz canção
Ao sentir-se irmão
Do que quer cantar

Ao olhar pra ti
Sei que te escolhi
Porque foste rio
Dei as mãos aos abraços e a boca aos beijos que eu ousei sonhar
Sou irmã de tudo, amor
O meu canto é mudo, amor
Se eu não conseguir
Chorar e sorrir
Sempre que cantar

Mas eis que o coração
Se torna transparente
Eis que o coração
Abriga os temporais que nascem no mar
E tudo é ser capaz de traduzir na língua das canções
Na minha voz
Na tua voz
O som da água a passar

Sem te perguntar
Se já foste rio
Se és irmão das areias e das conchas e dos peixes e do mar
Sou irmã do vento, amor
O meu pensamento, amor
Só se faz canção
Ao sentir-se irmão
Do que quer cantar

A música 'Na Língua das Canções' de Dulce Pontes é uma ode à conexão profunda entre o ser humano e a natureza, bem como à capacidade de expressar emoções através da música. A letra começa com a cantora questionando se a pessoa amada já foi um rio, simbolizando a fluidez e a transformação. Ela se identifica como irmã do vento, sugerindo uma ligação íntima com os elementos naturais e a liberdade que eles representam. A ideia de que o pensamento só se torna canção ao sentir-se irmão do que quer cantar reforça a necessidade de uma conexão genuína e profunda para a verdadeira expressão artística.

Ao longo da música, Dulce Pontes explora a escolha do amor e a reciprocidade emocional. Ela menciona que escolheu a pessoa amada porque esta já foi um rio, o que pode ser interpretado como uma escolha baseada na capacidade de transformação e adaptação. A cantora também fala sobre a importância de sentir e expressar emoções, afirmando que seu canto se torna mudo se ela não conseguir chorar e sorrir ao cantar. Isso destaca a autenticidade emocional como um componente essencial da arte e da vida.

A metáfora do coração que se torna transparente e abriga os temporais que nascem no mar sugere uma vulnerabilidade e uma abertura para as emoções intensas. A música conclui com a ideia de traduzir essas emoções na língua das canções, utilizando a voz como um meio de comunicação universal. A repetição de elementos naturais como o rio, o vento e o mar ao longo da letra reforça a ideia de que a natureza e as emoções humanas estão intrinsecamente ligadas, e que a música é uma forma poderosa de expressar essa conexão.

“Quantidades tremendas” de nanoplásticos flutuam no Atlântico Norte



Uma investigação liderada pela Universidade de Utrecht (Países Baixos) estima que 27 milhões de toneladas de partículas de plástico com menos de um micrómetro estejam a flutuar no Atlântico Norte.

“Esta estimativa mostra que há mais plástico na forma de nanopartículas a flutuar nesta parte do oceano do que há maiores micro- ou macroplásticos a flutuar no Atlântico ou mesmo em todos os oceanos do mundo”, diz, em comunicado, Helge Niemann, geoquímico e um dos principais autores do artigo publicado este mês na revista ‘Nature’.

Para chegarem a esse número, os investigadores recolheram amostras de água marinha em novembro de 2020, ao longo de uma viagem desde os Açores até à plataforma continental europeia. Sophie ten Hietbrink, primeira autora do estudo, passou quatro semanas a fazer essa amostragem, filtrando tudo o que tivesse mais do que um micrómetro.

“Ao secar e aquecer o material restante, conseguimos medir as moléculas características de diferentes tipos de plástico no laboratório de Utrecht, usando espetrometria de massa”, explica.

A equipa diz que está a primeira vez que se consegue fazer uma “estimativa real” da quantidade de nanoplásticos num oceano. “Há algumas publicações que mostram que há nanoplásticos na água oceânica, mas até agora não se conseguiu fazer qualquer estimativa sobre a quantidade”, refere Helge Niemann.

Essa estimativa foi possível através da extrapolação dos resultados das amostras obtidas em cada local. Os cientistas acreditam que uma grande porção de todo o plástico até agora produzido no mundo está a flutuar pelos oceanos como partículas minúsculas.

A presença de nanoplásticos no mar pode resultar da degradação de pedaços de plásticos maiores pela força das ondas e pela ação da radiação solar, podem lá chegar através de rios contaminados com esses materiais e até podem ser transportados pelo ar, como partículas em suspensão que caem com a chuva.

Os investigadores vão continuar o trabalho, especialmente para perceber os tipos de plástico de que são feitas essas nanopartículas. “Por exemplo, não encontrámos polietileno ou polipropileno entre os nanoplásticos”, revela Niemann, acrescentando que pretendem também perceber se outros oceanos são afetados pelo mesmo problema.

“Os nanoplásticos podem penetrar profundamente nos nossos corpos, e agora que sabemos que são ubíquos nos oceanos, é de esperar que estejam a penetrar em todo o ecossistema”, aponta.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Precisamos de banir PFAS agora mesmo



PFAS, estão por todo o lado. Já deve ter ouvido falar de PFAS em frigideiras antiaderentes e impermeáveis, mas sabia que estes produtos químicos eternos se encontram em inúmeros outros produtos? Até mesmo em embalagens de alimentos, medicamentos e pesticidas. 

Muitos PFAS são tóxicos; outros interferem com o seu sistema hormonal. No entanto, a indústria química recusa-se a eliminar os PFAS, pois lucra com a sua produção, pondo em risco a saúde de milhões de europeus.

A ciência é clara: os PFAS podem causar danos no fígado, distúrbios da tiroide, obesidade, problemas de fertilidade, doenças cardiovasculares e cancro. O Conselho Nórdico de Ministros estimou que o custo dos PFAS para a saúde pública é de uns impressionantes 52 a 84 mil milhões de euros por ano na Europa.

Como os PFAS quase não se degradam naturalmente e são utilizados há décadas, estão agora em todo o lado. Estudos mostram que muitos de nós estão expostos aos PFAS através de alimentos e água potável, criando riscos para a saúde humana.

Isto precisa acabar. Não podemos permitir que a indústria química continue a envenenar o nosso ar, a nossa água potável, o nosso solo e, em última análise, os nossos corpos, para sempre. A nova Comissão Europeia deve agir já:
  1. Proibindo o uso de PFAS na Europa em todos os produtos o mais rapidamente possível.
  2. Obrigar as empresas químicas a pagar os custos de limpeza da poluição por PFAS.
  3. Estabelecendo normas muito mais rigorosas para o PFAS em águas superficiais e potável.
É importante que as nossas vozes sejam ouvidas. A indústria química quer continuar a operar como sempre. E é um adversário formidável: o setor químico é um dos que mais investe em lobistas na Europa. Mas juntos podemos vencê-los.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

O novo relatório Global Wetland Outlook 2025 apela a ação urgente para conservar as zonas húmidas


Principais conclusões

1. Perda e degradação em curso
Desde 1970, o mundo perdeu cerca de 22 % das zonas húmidas, o que equivale a 411 milhões de hectares, com uma taxa média anual de perda de 0,52 % ao ano .
Aproximadamente 25 % das zonas húmidas remanescentes já estão em pobre estado ecológico 

A degradação é mais severa em África, América Latina e Caraíbas, mas também em aceleração na Europa, América do Norte e Oceânia 

2. Valor económico colossal – mas vulnerável
Embora ocupem apenas cerca de 6 % da superfície terrestre, as zonas húmidas contribuem com até 7,5 % do PIB global, estimado entre 8 e 39 triliões de dólares por ano em serviços (filtragem de água, controlo de cheias, sequestro de carbono, pesca, cultura, etc.) 

Estima-se que a redução desses serviços até 2050 possa representar uma perda económica total acumulada (NPV) superior a 205 triliões USD, caso os ecossistemas sejam geridos de forma eficaz até lá 

3. Causas principais da degradação
A transformação das terras (agricultura, desenvolvimento urbano e infraestruturas) é o principal fator de perda nas zonas húmidas — especialmente em África, América Latina e Caraíbas 

Noutras regiões, os fatores dominantes variam: espécies invasoras na América do Norte e Oceânia; seca e alterações climáticas na Europa 

A mudança climática — subida do nível do mar, alterações hidrológicas, branqueamento de corais e secas — está a intensificar perdas e riscos 

4. Investimentos actuais insuficientes
O financiamento mundial para a conservação da biodiversidade representa apenas 0,25 % do PIB global, muito aquém do necessário 

O relatório sugere que são necessários entre 275 e 550 mil milhões de dólares por ano para travar a perda de zonas húmidas e promover a sua restauração sustentável 

Exemplos de sucesso: o projecto dos Kafue Flats (Zâmbia) começou com 300 000 USD e já entrega 1 milhão anual, suportando 1,3 milhões de pessoas — e um fundo regional de 3 mil milhões USD em rotas de migração de aves na Ásia, restaurando mais de 140 zonas húmidas 

5. Quatro caminhos estratégicos para a mudança
Integrar o valor das zonas húmidas no planeamento nacional, considerando-as como infraestrutura natural essencial (zonamento estratégico, regulação da água, políticas agrícolas) 

Reconhecer o papel central das zonas húmidas no ciclo hídrico global, valorizar a sua função de armazenamento e filtragem de água

Incorporar zonas húmidas nas finanças climáticas e da biodiversidade, usando instrumentos como créditos de carbono, obrigações resilientes e financiamento misto público‑privado 

Mobilizar investimentos públicos e privados para conservação e restauração, com capacidade local e participação comunitária nos projetos 

6. Custos e benefícios da gestão
Proteger zonas húmidas saudáveis é mais económico do que restaurar zonas degradadas: restauração pode custar entre 1 000 e 70 000 USD por hectare por ano, enquanto preservação requer menos recursos

O retorno estimado para cada dólar investido em restauração está entre 5 a 35 USD em benefícios ecológicos e sociais 

O relatório pode ser descarregado aqui


domingo, 27 de julho de 2025

Calor à porta: 3 estratégias para um verão mais amigo do ambiente



Com o verão a começar, são muitos os que decidem aproveitar os longos dias de calor para tirar férias e recarregar baterias. Embora a descontração seja sempre bem-vinda, é importante não deixar de estar atento a comportamentos que, apesar de comuns, podem ser prejudiciais para o meio ambiente.

Para ajudar todos os que procuram reduzir a sua pegada individual e sensibilizar família, amigos e colegas durante esta época do ano, a Goparity, plataforma de finanças de impacto, reuniu três dicas para ter em conta:

1. Escolher protetores solares menos prejudiciais para o ambiente: um primeiro passo consciente pode ser a verificação dos rótulos e escolha de produtos que contenham o menor número de químicos. Vários protetores solares têm na sua composição partículas de microplástico que contribuem para aumentar a sua espessura ou melhorar a sua aparência, funcionando ainda como filtros UV mais acessíveis. Ao mergulhar no mar após ter aplicado estes protetores no corpo, os microplásticos acabam por ser libertados diretamente no oceano, prejudicando o equilíbrio do ecossistema. Além disso, sabe-se que mais de 3.500 produtos populares de proteção solar contêm ainda substâncias químicas, como oxibenzona e octinoxato, altamente nocivas para ecossistemas como os recifes de coral.

2. Optar por uma alimentação consciente, local e da época: desde os alimentos consumidos à forma como são transportados, podem ser feitas escolhas mais sustentáveis. É importante escolher garrafas ou recipientes térmicos e reutilizáveis sempre que possível. Estes são mais eficientes em termos financeiros, na preservação da temperatura da água e melhores para o ambiente; o mesmo pode ser dito relativamente à forma como se transportam e conservam os alimentos consumidos na praia, como as sandes ou a fruta – a comida levada de casa em recipientes que possam ser lavados e usados novamente é preferível ao recurso a comida pré-feita, embalada em recipientes de utilização única. A acrescentar, optar por alimentos da época produzidos em Portugal, como por exemplo as laranjas do Algarve ou cerejas do Fundão, não só contribuirá para a economia local como evitará as emissões de carbono do transporte de alimentos de outros países e continentes e os gastos energéticos da conservação em arcas de congelação.

3. Procurar reduzir a pegada ecológica individual: o transporte escolhido e a forma como se arrefecem as casas são dois bons pontos de partida. A climatização da casa pode pesar muito na pegada ambiental de cada um. Apesar das melhorias em anos recentes, Portugal continua atrás em relação à média europeia no que toca à eficiência energética dos edifícios, pelo que poderá dar-se primazia à ventilação natural e a equipamentos de melhor classificação energética, como as ventoinhas. No que toca a deslocações para os destinos de férias, é sempre bom tentar evitar aviões e se possível optar por transportes coletivos, como comboios, ou partilhar boleias, de modo a fazer escolhas mais amigas do ambiente (e em muitos casos da carteira). Segundo dados da ZERO, um comboio intercidades ou autocarro entre Lisboa e Porto tem uma pegada de 3,8 e 4,6kg de CO2 por pessoa, respetivamente, ao passo que fazer uma viagem sozinho num carro a gasóleo para o mesmo trajeto terá um peso de 50,2kg em emissões de CO2.

Para além dos comportamentos individuais que têm um impacto significativo quando reproduzidos em massa, a Goparity apela a que todas as empresas e organizações, tendo em conta o seu impacto coletivo, tenham em conta como podem minimizar a sua pegada ambiental. A principal missão da Goparity é a democratização do acesso às finanças sustentáveis, ligando empresas e indivíduos que querem investir em projetos com impacto positivo nas pessoas e no planeta.

A Goparity já permitiu mais de 35 milhões de euros investidos por mais de 45.000 membros registados. Os projetos financiados através da plataforma permitiram impactar positivamente cerca de 89.000 pessoas, criar quase 5.000 postos de trabalho e contribuir para evitar a emissão de 25.000 toneladas de emissões de CO2 para a atmosfera todos os anos.

sábado, 26 de julho de 2025

O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) declarou que os países têm a obrigação legal de agir em relação às alterações climáticas



The UN’s principal judicial body ruled that States have an obligation to protect the environment from greenhouse gas (GHG) emissions and act with due diligence and cooperation to fulfill this obligation.

This includes the obligation under the Paris Agreement on climate change to limit global warming to 1.5°C above pre-industrial levels.


‘A victory for our planet’
UN Secretary-General António Guterres issued a video message welcoming the historic decision, which came a day after he delivered a special address to Member States on the unstoppable global shift to renewable energy.

"This is a victory for our planet, for climate justice and for the power of young people to make a difference," he said.



Reasoning of the Court
The Court used Member States’ commitments to both environmental and human rights treaties to justify this decision.

Firstly, Member States are parties to a variety of environmental treaties, including ozone layer treaties, the Biodiversity Convention, the Kyoto Protocol, the Paris Agreement and many more, which oblige them to protect the environment for people worldwide and in future generations.

But, also because “a clean, healthy and sustainable environment is a precondition for the enjoyment of many human rights,” since Member States are parties to numerous human rights treaties, including the Universal Declaration of Human Rights, they are required to guarantee the enjoyment of such rights by addressing climate change.

Case background
In September 2021, the Pacific Island State of Vanuatu announced that it would seek an advisory opinion from the Court on climate change. This initiative was inspired by the youth group Pacific Island Students Fighting Climate Change, which underscored the need to act to address climate change, particularly in small island States.

After the country lobbied other UN Member States to support this initiative in the General Assembly, on 29 March 2023, it adopted a resolution requesting an advisory opinion from the ICJ on two questions: (1)What are the obligations of States under international law to ensure the protection of the environment? and (2) What are the legal consequences for States under these obligations when they cause harm to the environment?

Judge Iwasawa said the questions “represent more than a legal problem: they concern an existential problem of planetary proportions that imperils all forms of life and the very health of our planet.”

The UN Charter allows the General Assembly or the Security Council to request the ICJ to provide an advisory opinion. Even though advisory opinions are not binding, they carry significant legal and moral authority and help clarify and develop international law by defining States’ legal obligations.

This is the largest case ever seen by the ICJ, evident by the number of written statements (91) and States that participated in oral proceedings (97).

The ‘World Court’
The ICJ, informally known as the “World Court”, settles legal disputes between UN Member States and gives advisory opinions on legal questions that have been referred to it by UN organs and agencies.

It is one of the six main organs of the UN alongside the General Assembly, the Security Council, the Economic and Social Council (ECOSOC), the Trusteeship Council and the Secretariat and is the only one not based in New York.

“Tachos e tachinhos” atingem novo máximo em Portugal com Governo de Montenegro


O número de “tachos e tachinhos” no Governo de Luís Montenegro atingiu um novo máximo no terceiro trimestre de 2024, ao subir 48% face ao final de 2015, para 26,4 mil cargos, o que confirmou uma tendência que disparou durante a governação de António Costa.

De acordo com dados do Instituto Mais Liberdade, nunca houve tantos empregos públicos com vínculo de comissão de serviço, cargo político ou mandato, que abrangem todos os níveis da Administração Pública: central, regional e local. No cargo político estão ainda assessores e pessoal de apoio aos gabinetes do Governo, grupos parlamentares e autarquias.

Entre 2015 e o terceiro trimestre de 2024, há mais 8.508 cargos, sendo que 2.731 dizem respeito à administração central e 5.449 no local. Desde a chegada de Luís Montenegro ao Governo, os números dispararam para 26.358 cargos, sendo que 13 mil são de dirigentes intermédios e mais de quatro mil são representantes do poder legislativo – os restantes são técnicos e dirigentes superiores.

André Pinção Lucas, diretor executivo do Instituto Mais Liberdade, salientou que “devíamos, como sociedade, fazer um escrutínio maior destes cargos e questionar os Governos sobre a desagregação destes números pelo tipo de funções e perceber os motivos destes aumentos”. De acordo com o responsável, “só assim conseguiremos caminhar para um Estado mais eficiente e com menos gorduras”.


“É um hábito muito português na nossa política: quando há um problema, cria-se um grupo de trabalho, uma comissão ou nomeia-se um líder. E envia-se um sinal à sociedade de que alguma coisa está a ser feita”, apontou, destacando que “na maioria dos casos, é um placebo, com pouca eficácia”.

Acabar com os tachos


O Chega conquistou grande parte do seu eleitorado com a promessa que ia acabar com os tachos… ora, vamos perceber primeiro o que é um tacho.

É considerado um tacho político, ao cargo que é atribuído por lealdade partidária ou amizade, e não por mérito pessoal.

O Chega sempre teve esta como uma das suas maiores lutas. Acabar com os tachos que PS e PSD atribuíam aos seus próximos.

Entretanto, a assembleia da república tem sessenta deputados eleitos pelo chega, grande parte deles tinham rendimentos muito baixos, nalguns casos miseráveis, no ano anterior à sua entrada no parlamento.

A escolha destas pessoas é da exclusiva responsabilidade do presidente do partido, André Ventura.

Ventura já disse várias vezes que quando ganhar as eleições vai escolher os melhores para os ministérios, mas que credibilidade tem esta afirmação, quando escolheu os piores para a sua bancada parlamentar?

Ventura é uma pessoa com um ego imensurável, que precisa que os que estejam à sua volta o estejam consistentemente a bajular, a idolatrar.

Basta ver o que faz o líder da bancada parlamentar nas sessões plenárias, uma bajulação permanente e nalguns casos quase ao nível do endeusamento pacóvio.

Pedro Pinto era empresário na área da organização de eventos tauromáquicos, e é bom de ver pelos seus rendimentos, que era um dos piores na sua área, Ventura achou que era a pessoa ideal para ser líder da bancada parlamentar.

Declarou rendimentos de cerca de 16 mil euros anuais brutos, o que depois de impostos e segurança social lhe sobra menos que o salário mínimo nacional.

Das duas uma, ou é o pior na sua área, ou andou a fugir aos impostos de forma descarada.

Rita Matias, a menina dos olhos de Ventura é capaz de ser o caso mais anedótico da nossa democracia, senão vejamos.

A Rita nunca trabalhou na vida, pelo menos tendo em conta os rendimentos que declarou no ano anterior à sua entrada na AR, zero rendimentos.

A Rita tem voz todos os dias na casa da democracia, e nas televisões portuguesas.

A Rita nunca trabalhou, não faz a mínima ideia do que é procurar um emprego, não tem a mínima noção do que é começar uma carreira do zero, lutar pelo seu lugar laboral, ir a entrevistas de emprego, ser preterida em detrimento de outros. Zero.

O papá da Rita é amigo do Ventura, então falou com ele para arranjar um tacho para a sua rica filha.

Já houve muitos tachos em Portugal, mas arrisco-me a dizer que nenhum tão grande como o da Rita, que passou de zero euros de rendimento para sessenta mil por ano.

Esta gente convenceu mais de um milhão de portugueses que vai acabar com os tachos, e agora, enquanto alguns pobres que votaram neles contam os trocos para comer ao fim do mês, eles continuam a encher a conta pessoal, sem nunca se terem destacado em área nenhuma, apenas porque são amigos de Ventura, aquele que vai acabar com os tachos, enquanto enche as contas bancárias de quem o idolatra, com o dinheiro de todos nós. 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Of The Wand And The Moon - Lets Take A Ride (My Love)


Oh, my love, help me through the city
It's coming down again, oh Lord, have pity
Oh, my love, let's take a ride
Or wait for me on the other side
I got nothing more to lose
As you know, the harder you struggle, the tighter the noose

And people, they shy away
But we are lost in time anyway, babe
So take my hand and don't let go
Time left behind, it only goes to show
Let's drink up and leave this town
All this emptiness just brings me down
Let's break from path, head out to sea
Leave this place, just you and me
Please

Gata-Malcata, colaboração transfronteiriça para a mitigação de incêndios florestais e a conservação da água


A Serra da Malcata e a Serra de Gata formam uma região transfronteiriça caracterizada por paisagens, potencialidades e desafios comuns. Ambas as áreas são rurais, pouco povoadas e enfrentam economias frágeis. Esta região foi selecionada como piloto devido à sua classificação como "ecorregião", que denota uma unidade substancial de terra e/ou água, caracterizada por climas únicos, atributos ecológicos e diversas comunidades vegetais e animais.

Em ambos os territórios, prevalece uma consciência coletiva dos riscos ambientais, que impactam o quotidiano da população local. Os riscos ambientais decorrem principalmente das alterações climáticas, que afectam ambas as regiões de forma semelhante, tornando-as profundamente conscientes das suas vulnerabilidades ambientais.

À luz destes desafios comuns, este projecto defende o estabelecimento de um espaço transfronteiriço concebido para abordar a mitigação dos incêndios e incentivar as transformações no uso do solo. Esta iniciativa visa não só prevenir os incêndios florestais, mas também contribuir para a conservação da água, explorar fontes de energia alternativas e promover a cooperação internacional.

Visando a construção de uma instituição colaborativa, o projeto procura facilitar a cooperação entre as duas regiões e promover iniciativas participativas. O objectivo central deste esforço conjunto é alavancar as práticas existentes em ambos os lados da fronteira, partilhar o conhecimento disponível de organizações da sociedade civil, investigadores e particulares, e criar uma plataforma para a apresentação de propostas e iniciativas dedicadas ao combate ou mitigação de incêndios e à escassez de água.

A Educação Sexual não é uma matéria ideológica. É saúde pública.


Esta não é uma decisão de um Ministério da Educação que governa de acordo com a evidência técnica e científica.

É uma lamentável cedência populista a quem não se importa de aumentar as gravidezes indesejadas e a vulnerabilidade das crianças e jovens. É um triste retrocesso que responsabiliza esta equipa do Ministério da Educação, Ciência e Inovação pelas consequências que a ignorância, o obscurantismo e o negacionismo têm na vida de tantas e tantas crianças e jovens. A educação sexual é uma vacina contra o abuso sexual, contra as IST, contra as gravidezes indesejadas, contra a vergonha de ser diferente e contra a subjugação física e emocional. Privar as crianças do acesso ao ensino destas matérias é anti-ciência e é profundamente desumano.

Lecionei esta disciplina desde que ela foi fundada. Grande desconhecimento do que fazem os professores! Quantas formações fizemos nesta e noutras áreas!

Estaremos a voltar ao tempo da "moralidade" salazarenta! O que não é visto nem ouvido, não existe! Voltaremos aquele tempo, no qual eu tive tanto que lutar para alterar, em que se a ideia feita que ao lecionarmos Educação Sexual nas escolas estávamos a promover o ato sexual em menores?! As estatísticas comprovam o contrário, mais conhecimento e informação correta (não a dos Tik toks e pornografia, sim as nossas crianças veem pornografia e contextos de sexualidade violenta e abusadora) atrasa o mesmo! Cerca de 500 jogos sexualmente violentos e misóginos foram banidos de plataformas.
 
Quantos alunos e alunas me passaram pelas mãos que se não fossem os conhecimentos adquiridos nas aulas, de Cidadania e de Ciências Naturais e Biologias, nunca teriam acesso a informação correta sobre, nomeadamente: respeito, autoestima e não violência no namoro, sistema reprodutor, métodos contracetivos, gravidez e desenvolvimento fetal, afectos, tolerância LGBTQIA, prevenção de IST, etc.
Enfim, tudo em prol de um populismo patético e com o sacrifício da educação dos nossos jovens! 

P.S. Aos pais que criticam a Educação Sexual Formal, pensem que muitos casos de abuso sexual de crianças e jovens são feitos dentro da família. A Educação Sexual como estava no anterior Governo era correcta, pois ensinava crianças e adolescentes a detectar os primeiros indícios de violação sexual.

Em 2024, o Instituto Nacional de Estatística (INE) reportou 1.041 participações policiais por abuso sexual de crianças, adolescentes ou menores dependentes, representando 32,2 % do total de crimes contra menores (3.237 participações) e mais de 9.085 menores receberam apoio direto da APAV entre 2022 e 2024, com média de idades entre 11 e 17 anos, sendo 60 % meninas e 38,3 % sendo filhos dos agressores.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

As aves andam todas atarefadas


Lindsey Kustusch ( pintora dos EUA)
"As aves andam todas atarefadas
nos fios estendidos entre manhãs,
trazem no bico o sol, nas asas brisas,
tecem o ar com planos de amanhã.
Voam em círculos sobre os telhados,
espreitam ninhos, reparam no chão,
discutem sementes e madrugadas,
em gorjeios cheios de intenção.
Ninguém as vê parar, nem um instante,
nem para um café ou contemplação —
há penas, há pressa, há céu por diante,
há um mundo inteiro em construção.
E quando a tarde espreita, cor de mel,
reúnem-se em cantos quase encantados,
calando o cansaço no seu papel
de tornar os dias mais alados."

João Soares, 24.07.2025

Maravilha. Quando um patrão já não precisa do trabalhador, basta dizer: “Fica em casa, estás de férias... extra.” Sem salário, claro.


Aliás, já existe a possibilidade de, em conjunto com a empresa, o trabalhador tirar dias — mas agora esses dias têm preço. Basicamente, trata-se de mercantilizar as férias.
As férias tornaram-se um produto. No futuro, quem quiser férias terá de pagar. É sempre assim: cada vez mais à direita, cada vez pior e sempre um pouco de cada vez, para ninguém dar por isso.
Um mimo do “empreendedorismo moderno”. 
E depois há quem vote na direita porque tem medo de imigrantes.
Pois bem, agora trabalham para os donos dos Ferraris. Estão a colher o que semearam.
E não me venham os bonecos dos bilionários comentar que “o trabalhador tem de dar permissão para isso”.
Qual permissão, qual quê? Todos sabemos como funciona: o patrão diz “ou assinas ou faço da tua vida um inferno”.
Liberdade? Só se for para os de cima.
E nem falei da precariedade gourmet: trabalhas 12 meses, mas a empresa só te quer durante 10.
Vais para o desemprego e, depois, contratam-te por outsourcing durante os mesmos 10 meses. E nos outros dois? Passas fome.
A mesma direita que, cinicamente, fala de família e crianças é a que as destrói através da precariedade e da exploração.
Mas pronto, a culpa é sempre do imigrante — nunca do dono do Ferrari que compra o CHEGA ao quilo e mete avenças em políticos.

Bruno Dionísio, sociólogo, professor da Universidade de Évora, sobre a intervenção a propósito do RSI da deputada Rita Matias no passado domingo - a ler e partilhar


A deputada Rita Matias, do Partido Chega, disse ontem na Sic Notícias que não faz ideia qual é o valor que um beneficiário do Rendimento Social de Inserção (RSI) recebe por mês. Num partido que fala sistematicamente do RSI como um problema, de ciganos com RSI, de subsídio-dependentes, é um bocado bizarro que uma figura tão proeminente do partido desconheça o mínimo daquilo que identifica como um problema máximo. O valor mensal do RSI é de 242,23€ por titular, eventualmente acrescidos de 169,56€ por cada elemento do agregado familiar maior de idade, e de 121,12€ por cada elemento do agregado familiar menor de idade. 

O número de beneficiários do RSI está a decrescer consecutivamente há 20 anos. 
Em 2011 chegou a ter mais de 500 mil beneficiários; em 2023, o número de beneficiários era cerca de 241 mil, portanto, menos de metade que há 12 anos. 

A população cigana em Portugal representa 0,5% da população total. Do inquérito do INE de 2023, 47500 pessoas com mais de 18 anos em Portugal auto-identificam-se de etnia cigana. Mesmo que se admitisse que todos os ciganos beneficiariam do RSI (o que não é verdade), 80% dos beneficiários do RSI não são ciganos. 

Para se ter direito ao RSI é preciso ter residência legal em Portugal, estar obrigatoriamente inscrito no centro de emprego e assumir o compromisso formal de estar disponível para trabalhar, para fazer formação ou para outra forma de inserção que a Segurança Social proponha. O RSI pode ser retirado se a pessoa recusar trabalho, formação ou outra forma de inserção que a Segurança Social determine. Porque é que, estando inscritos no centro de emprego ou assumindo a disponibilidade para trabalhar ou se inserirem, muitos destes beneficiários não conseguem desamarrar-se do RSI? Entre vários motivos que se interseccionam, há três principais. 
  1. Primeiro, os que cuidam a tempo inteiro de familiares crianças, adultos ou idosos dependentes; 
  2. Segundo, os que são resíduos de um mercado de trabalho que os repele por não terem certos atributos escolares ou técnicos; 
  3. Terceiro, os que estão agrilhoados a um ou a mais do que um estigma que o sociólogo Erving Goffman tipificou: as “deformações físicas” (deficiências, aparência física e desfigurações do rosto - como não ter dentes ou ter cáries visíveis que inabilitam para trabalhar na restauração e hotelaria…); os “desvios de carácter” (ser ou parecer ser ex-toxicodependente, ex-recluso ou com algum tipo de distúrbio mental); os “estigmas tribais” (evidenciar uma determinada pertença étnica, racial ou religiosa).
O Estado dispõe cerca de 400 milhões de euros por ano nesta medida que mais não é que um tampão para estancar uma hemorragia. Aquele café com pastel de nata que o beneficiário do RSI se atreve a comer no snack-bar de vez em quando, e que atiça a ira dos remediados contra os pobres e dos pobres contra os miseráveis, é bem capaz de ser o único momento que esta gente tem de se sentir gente.

Portugal sobe uma posição (7º lugar em 163) e ultrapassa a Dinamarca na lista de países mais seguros do mundo


O GPI é elaborado pelo Institute for Economics & Peace. E cruzando outros dados como a OCDE, Numbeo e Ministério da Coesão Territorial/Interior de ambos os países, obtemos os seguintes resultados:

1º Taxas de homicídio 
Dinamarca: Cerca de 0,8 a 1,0 caso por 100.000 habitantes.
Portugal: Cerca de 0,6 a 0,8 casos por 100.000 habitantes.
→ Ambas as taxas são consideradas muito baixas e estão entre as mínimas históricas da Europa Ocidental. A diferença entre elas é, normalmente, inferior a 0,3 pontos percentuais.

2.º Furto (crimes contra a propriedade, especialmente roubos reportados por 100.000 habitantes):
Dinamarca: Tende a ter uma taxa moderadamente mais elevada de pequenos furtos (por exemplo, furto de bolsa ou furto de carteira), embora isto varie de acordo com a cidade.
Portugal: Apresenta também taxas baixas, ligeiramente inferiores às da Dinamarca em geral.

No geral, Portugal tem taxas de homicídio e de roubo ligeiramente mais baixas do que a Dinamarca, mas a diferença não é drástica.
Consultar relatório do GPI completo aqui

No ranking FIFA a nossa selecção é 7ª e no ranking UEFA os nossos clubes seguem em 5° (Porto) e 7º (Benfica) 



Conclusão: Estamos melhor em segurança do que em futebol contudo, em ambas, quase lideramos o mundo


quarta-feira, 23 de julho de 2025

A China criticou hoje a decisão dos Estados Unidos de abandonarem a UNESCO, considerando-a indigna de “um país grande e responsável”

A China criticou hoje a decisão dos Estados Unidos de abandonarem a UNESCO, considerando-a indigna de “um país grande e responsável”, e pediu um compromisso com o multilateralismo e os princípios da Carta das Nações Unidas. 

“Os Estados Unidos têm acumulado, há muito tempo, pagamentos em atraso das suas contribuições como membro da UNESCO”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, lamentando o novo anúncio de retirada feito por Washington esta semana.

“A China sempre apoiou firmemente o trabalho da UNESCO”, sublinhou Guo, destacando a missão da organização em “promover a cooperação internacional em educação, ciência e cultura, fortalecer o entendimento entre civilizações e salvaguardar a paz mundial”.

Wu Yan é o membro chinês do Conselho Executivo da UNESCO (2021-2025). É Vice-Ministro da Educação da China.

No contexto das comemorações do 80.º aniversário da fundação das Nações Unidas, o diplomata apelou a todos os países para que “reafirmem o seu compromisso com o multilateralismo” e apoiem um sistema internacional com a ONU no centro, “baseado no direito internacional e nos princípios da Carta das Nações Unidas”.

A República Popular da China é membro da UNESCO desde 1971, ano da sua entrada na ONU, e ocupa atualmente um assento no Conselho Executivo da agência (2021–2025).

Nos últimos anos, a China tornou-se um dos principais contribuintes financeiros da UNESCO e acolhe vários centros ligados à organização, nas áreas da educação, património e ciência.

Mas já veio críticas dos EUA. Washington serviu de proteção contra os esforços da China para utilizar a UNESCO para influenciar a educação, as designações históricas e até a inteligência artificial.

A China tem sido acusada de perseguir vários grupos étnicos, religiosos e políticos. Um dos casos mais notórios e internacionalmente denunciados é o da perseguição aos uígures, um povo de maioria muçulmana que habita a região de Xinjiang, no noroeste da China.

Perseguição aos Uígures:
  1. Religião e Cultura: Os uígures são de origem túrquica e seguem predominantemente o Islão. A China tem restringido práticas religiosas, culturais e linguísticas desse povo.
  2. Campos de "reeducação": Estima-se que mais de um milhão de uígures foram detidos em campos que o governo chinês chama de "centros de reeducação", mas que têm sido denunciados por abusos, tortura e doutrinação política.
  3. Vigilância em massa: Há uso extensivo de tecnologia para controlar a população uígur, incluindo reconhecimento facial, controle de dados e presença policial constante.
  4. Trabalho forçado e esterilizações forçadas: Existem denúncias de uso de trabalho forçado e práticas de controle de natalidade que podem configurar crimes contra a humanidade.
Além dos uígures, a China também é acusada de repressão a outros grupos:

Outros grupos perseguidos:
  1. Tibetanos: Sofrem repressão cultural e religiosa desde a ocupação do Tibete pela China em 1950. O budismo tibetano é alvo de controle estatal.
  2. Cristãos: Igrejas não registradas são frequentemente alvo de demolições, prisões de fiéis e censura.
  3. Praticantes do Falun Gong: Um grupo espiritual que é fortemente perseguido desde 1999, com relatos de prisões arbitrárias e até extração forçada de órgãos.
  4. Ativistas e dissidentes: Defensores dos direitos humanos, jornalistas e advogados são frequentemente presos ou silenciados.

O Tribunal Superior da Galiza emitiu uma sentença histórica


Numa decisão histórica, um tribunal espanhol declarou que o facto de não se combater a poluição da água causada pela agricultura industrial viola os direitos humanos fundamentais. A decisão, desencadeada por anos de contaminação tóxica na aldeia de As Conchas, na Galiza, abre um precedente poderoso: as autoridades podem e devem ser responsabilizadas quando a negligência ambiental põe em risco a saúde pública. Este é um ponto de viragem para a Europa - e um reconhecimento claro de que a água potável não é apenas uma questão ambiental, mas um direito humano fundamental.
A Espanha é o maior produtor de carne de porco da Europa, e cerca de um terço das suas explorações suinícolas localizam-se na Galiza. 
Ler mais aqui , aqui e aqui

Morreu o cantor Ozzy Osbourne - See You On The Other Side


O músico britânico morreu rodeado pela família, após uma longa luta contra a doença de Parkinson. 
Ozzy Osbourne, vocalista dos Black Sabbath, morreu esta terça-feira aos 76 anos, semanas após o seu concerto de despedida. Segundo o comunicado da família, citado pela Sky News, o astro do heavy metal morreu "cercado de amor" após a luta contra a doença de Parkinson. 
"É com uma tristeza que as palavras não conseguem descrever que informamos que o nosso querido Ozzy Osbourne faleceu esta manhã. Estava junto da sua família, rodeado de amor. Pedimos a todos que respeitem a privacidade da nossa família neste momento difícil." 
Conhecido como "Príncipe das Trevas", John Michael 'Ozzy' Osbourne, natural da cidade britânica de Birmingham, destacou-se como o icónico vocalista dos Black Sabbath, tornando-se num dos pilares do heavy metal nas décadas de 70 e 80. 
 Despedida dos palcos foi há menos de um mês. No passado dia 5 de julho, Ozzy Osbourne e os membros da formação original dos Black Sabbath foram a atração principal do festival solidário "Back to the Beginning", realizado no Villa Park, em Birmingham. O espetáculo, especialmente marcante por reunir, pela primeira vez em duas décadas, Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward em palco marcou a despedida dos Black Sabbath.

See You On The Other Side
Ozzy Osbourne

Voices, a thousand, thousand voices
Whispering, the time has passed for choices
Golden days are passing over, yeah
I can't seem to see you, baby
Although my eyes are open wide
But I know I'll see you once more

When I see you, I'll see you on the other side
Yes, I'll see you, I'll see you on the other side

Leaving, I hate to see you cry
Grieving, I hate to say goodbye
Dust and ash forever, yeah
Though I know we must be parted
As sure as stars are in the sky
I'm going to see you when it comes to glory

And I'll see you, I'll see you on the other side
Yes, I'll see you, I'll see you on the other side

Never thought I'd feel like this
Strange to be alone, yeah
But we'll be together
Carved in stone, carved in stone, carved in stone
Hold me, hold me tight I'm falling
Far away, distant voices calling
I'm so cold, I need you, darling, yeah
I was down, but now I'm flying
Straight across the great divide
I know you're crying, but I'll stop you crying

When I see you, I see you on the other side
Yes, I'll see you, see you on the other side
I'm going to see you, see you on the other side
God knows I'll see you, see you on the other side, yeah

I'll see you, see you on the other side
I'm going to see you, see you on the other side
God knows I'll see you, see you on the other side, yeah
I want to see you, yeah, yeah, yeah, see you on the other side
God knows I'll see you, see you on the other side

Em “See You On The Other Side”, Ozzy Osbourne aborda a dor da separação e a esperança de reencontro após a morte. A repetição do verso “I’ll see you on the other side” (“Eu te verei do outro lado”) mostra não só a aceitação da perda, mas também uma confiança de que os laços verdadeiros podem superar a morte. Esse tema ganha ainda mais profundidade ao lembrar que a música foi coescrita por Lemmy Kilmister, conhecido por sua visão direta sobre a finitude da vida.

A letra traz um tom melancólico e reflexivo, especialmente em versos como “Leaving, I hate to see you cry / Grieving, I hate to say goodbye” (“Partindo, odeio ver você chorar / Sofrendo, odeio dizer adeus”), que expõem o sofrimento da despedida. Ao mesmo tempo, frases como “carved in stone” (“esculpidos em pedra”) reforçam a ideia de que certas conexões são permanentes. O uso da expressão “the other side” pode ser entendido tanto como referência à vida após a morte quanto como metáfora para qualquer separação definitiva. Além disso, versos como “voices, a thousand, thousand voices / Whispering, the time has passed for choices” (“vozes, mil, mil vozes / Sussurrando, o tempo das escolhas passou”) sugerem que, diante do fim, resta apenas aceitar e buscar consolo na esperança de reencontro. Por isso, a música se tornou um símbolo de consolo para quem enfrenta perdas, sendo escolhida até para nomear box sets que celebram a carreira solo de Ozzy Osbourne.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Editors - No Harm


I'll boil easier than youCrush my bones into glueI'm a go-getterThe system's in redThe room is inbredI'm a go-getter
Don't hold no harmDon't hold no harm
My children despise my wonderful liesI'm a go-getterI see through your wallsAnd your space down your hallsI'm a go-getter
Don't hold no harmDon't hold no harm
The fever I feel, the fake and the realI'm a go-getterMy world just expandsThings just break in my handsI'm a go-getter
Don't hold no harm

A música 'No Harm' da banda britânica Editors explora a complexidade da ambição e as suas consequências. A letra é introspectiva e revela um eu-lírico que se autodenomina um 'go-getter', alguém que busca incessantemente alcançar seus objetivos, mesmo que isso signifique enfrentar adversidades e sacrifícios. A expressão 'I'll boil easier than you, crush my bones into glue' sugere uma disposição para suportar dor e sofrimento em nome de suas ambições, destacando a resiliência e a determinação do personagem.

A repetição da frase 'Don't hold no harm' pode ser interpretada como um mantra de autoafirmação, uma tentativa de minimizar ou justificar os danos causados por suas ações. O eu-lírico parece estar em conflito com as repercussões de sua busca incessante pelo sucesso, reconhecendo que suas 'maravilhosas mentiras' são desprezadas pelos seus filhos. Isso sugere uma reflexão sobre os custos pessoais e familiares de sua ambição, trazendo à tona a tensão entre o desejo de realização pessoal e as responsabilidades sociais e emocionais.

A música também aborda a percepção da realidade e a distinção entre o falso e o verdadeiro, como evidenciado na linha 'The fever I feel, the fake and the real'. O eu-lírico parece estar ciente das ilusões e das verdades que permeiam sua vida, e essa consciência contribui para a expansão de seu mundo, embora as coisas 'quebrem em suas mãos'. Essa metáfora pode simbolizar a fragilidade das conquistas materiais e a efemeridade do sucesso, reforçando a ideia de que a ambição, embora poderosa, pode ser destrutiva e insustentável a longo prazo.

Trump decide EUA a saída da UNESCO dois anos após regresso à organização por "sentimento anti-Israel dentro da organização" e "ideologia de género"


Os Estados Unidos anunciaram esta terça-feira a saída da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), dois anos após o regresso, alegando o que considera ser o pendor anti-Israel desta estrutura da ONU.

A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, reagiu de imediato, dizendo que "lamenta profundamente" a decisão do Presidente norte-americano, mas reconhecendo que o anúncio era esperado.

A decisão da Casa Branca foi conhecida esta terça-feira, através de uma declaração da porta-voz adjunta da Casa Branca, Anna Kelly, citada pelo jornal The New York Post: "O Presidente Trump decidiu retirar os Estados Unidos da UNESCO, por apoiar causas culturais e sociais totalmente fora de sintonia com as políticas votadas pelos americanos em novembro", nas eleições presidenciais.

A decisão vai entrar em vigor no final de dezembro de 2026, noticiou a agência Associated Press (AP).

Esta é a terceira vez que os Estados Unidos abandonam a UNESCO, com sede em Paris, e a segunda numa administração Trump.

Em 2017, durante o primeiro mandato de Donald Trump, a saída da UNESCO foi justificada pelo alegado preconceito anti-Israel da organização. A decisão entrou em vigor um ano depois.

Em 2023, os Estados Unidos regressaram à UNESCO, após a administração do ex-presidente Joe Biden ter solicitado o reingresso.

No passado mês de fevereiro, Trump ordenou uma revisão da presença na UNESCO, pedindo especial atenção a qualquer manifestação de "antissemitismo ou sentimento anti-Israel dentro da organização."

De acordo com fontes da Casa Branca, citadas hoje pela imprensa norte-americana, nos últimos meses foram avaliadas as políticas de diversidade, equidade e inclusão da UNESCO, assim como "o seu pendor pró-Palestina e pró-China".

Em causa estão decisões da UNESCO como a classificação de "Património Mundial da Palestina", em sítios que a administração Trump alega serem judeus, e o uso da palavra "ocupação" para os territórios palestinianos ocupados por Israel, segundo as resoluções das Nações Unidas.

A Casa Branca de Trump também critica em particular a iniciativa “Transforming MEN’talities”, que visa abordar questões de género, promover a inclusão e trabalhar normas sociais que sustentam preconceitos.

Esta iniciativa acompanhou no ano passado a campanha do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher e publicou relatórios sobre a igualdade de género na Índia, os videojogos e o modo como estes podem promover inclusão.

“Não se trata apenas de controlar os impactos negativos dos videojogos, mas também de contar com eles para abordar estereótipos socioculturais e incentivar comportamentos positivos e antidiscriminatórios”, afirmou na altura a diretora-geral adjunta para as Ciências Sociais e Humanas da UNESCO, Gabriela Ramos.

Os Estados Unidos saíram pela primeira vez da UNESCO em 1983, durante a presidência de Ronald Reagan, alegando que a organização era mal gerida, corrupta e utilizada para promover os interesses da União Soviética.

O regresso à UNESCO aconteceu em 2003, durante a presidência de George W. Bush.

Minha reflexão
Entretanto o Governo criminoso de Israel continua o genocídio da população palestiniana seja há fome, sede ou assassinados nas filas de busca de comida.
E a Comunidade Internacional continua a compactuar com as atrocidades do Governo criminoso numa postura vergonhosa. Fonte

Participação no 5.º ISA Forum of Sociology: Investigadoras destacam comunicação e justiça socioambiental em territórios insulares



Entre os dias 6 e 11 de julho de 2025, decorreu na Mohammed V University, Universidade Mohammed V, em Rabat, Marrocos, o 5.º ISA Forum of Sociology.  Ana Bijóias Mendonça* e Fátima Alves*, participaram neste encontro internacional com a apresentação de duas comunicações centradas nos desafios da comunicação, participação e justiça socioambiental em contextos insulares.

No dia 9 julho, na sessão dedicada às dinâmicas socioambientais, as investigadoras apresentaram a comunicação “Building Brighten Futures: Knowledge and communication on socio-environmental topics in two Macaronesian regions”, onde partilharam resultados de investigação que sublinham a importância de abordagens colaborativas e culturalmente enraizadas na construção de futuros mais sustentáveis. O trabalho apresentado destaca:
  1. A relevância das racionalidades leigas e dos saberes locais como recursos fundamentais para enfrentar a crise climática;
  2. A urgência de ultrapassar a ilusão de inclusão e reforçar políticas de proximidade, verdadeiramente participativas;
  3. A necessidade de consolidar redes de atores como alicerces para processos de codecisão orientados para a justiça socioambiental;
  4. A importância de escutar, traduzir, comunicar e coconstruir soluções com todas as vozes que habitam os territórios.
Já no dia 11 de julho, foi apresentada a comunicação “Powering Communication and Societal Engagement with Climate Research and Policies in Insular Territories”, baseada num estudo de caso comparado entre a Região Autónoma da Madeira e a Comunidade Autónoma das Canárias. A investigação analisou os mecanismos de construção e disseminação do conhecimento sobre alterações climáticas, revelando que os discursos institucionais continuam a privilegiar abordagens top-down. Apesar da retórica participativa, persistem resistências por parte dos poderes institucionalizados do conhecimento, dificultando o envolvimento efetivo das comunidades locais e de outros atores territoriais. O trabalho evidenciou:
  1. As dissonâncias e contradições que envolvem a comunicação sobre desafios socioambientais globais, com maior expressão nos territórios insulares;
  2. A necessidade de implementar mecanismos de comunicação mais alargados, céleres e eficazes;
  3. A importância de fomentar processos verdadeiramente inclusivos, coparticipados e consequentes que possam coadjuvar a tomada de decisão.
A presença das investigadoras neste fórum internacional reforça o compromisso com uma ecologia do conhecimento que valoriza a pluralidade epistémica e promove uma transição justa, enraizada nos contextos locais e atenta à diversidade de vozes e experiências que compõem os territórios.

Os resumos podem ser consultados no link abaixo.

*Grupo de Investigação Sociedades e Sustentabilidade Ambiental do Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet, Laboratório Associado TERRA da Universidade de Coimbra e da sua Extensão na Universidade Aberta de Portugal


Bijóias Mendonça, A., & Alves, F. (2025). Building brighten futures: Knowledge and communication on socio-environmental topics in two Macaronesian Regions. Em 5th ISA Forum of Sociology «Knowing Justice in the Anthropocene»—Book of Abstracts (pp. 120–120). International Sociological Association (ISA). https://www.isa-sociology.org/uploads/imgen/2252-5th-isa-forum-of-sociology-abstracts-book.pdf

Bijóias Mendonça, A., & Alves, F. (2025). Powering communication and societal engagement with climate research and policies in insular territories. Em 5th ISA Forum of Sociology «Knowing Justice in the Anthropocene»—Book of Abstracts (pp. 121–121). International Sociological Association (ISA). https://www.isa-sociology.org/uploads/imgen/2252-5th-isa-forum-of-sociology-abstracts-book.pdf

Não existe um Partido Islâmico Português


Circula no TikTok um print screen de uma página de Facebook de um suposto partido chamado “Partido Islâmico Português”. “Estes já têm partido e aposto que não vão tentar ilegalizá-lo, como tentaram com o Chega”, diz um utilizador que partilhou a imagem na rede social.

No print screen da página de Facebook lê-se: “O Partido Islâmico Português tem como objetivo mostrar aos portugueses que a religião muçulmana é uma religião de paz.” Mas será que este partido existe mesmo?

Como o Polígrafo verificou em agosto de 2024, não. A página de Facebook mantém-se ativa, mas nem nos registos do Tribunal Constitucional nem dos da Comissão Nacional de Eleições (CNE) se encontra um Partido Islâmico Português. Nem na lista de partidos inscritos, nem na dos já extintos.

Desde a última verificação do Polígrafo sobre esta questão apenas um novo partido foi registado: o Partido Liberal Social, a 11 de março de 2025.

Tal como era em agosto de 2024, continua a ser falso que exista o Partido Islâmico Português. Não passa de uma página criada na rede social Facebook.