Em novo relatório, a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que as atividades humanas estão levando a número crescente de desastes no planeta, ameaçando a vida de milhões de pessoas. O documento estima que, até 2030, a média diária de desastres, em grande parte relacionados ao aquecimento global, será de 1,5.
A cada dois anos o Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNDRR) publica o Relatório de Avaliação Global para apresentar maneiras pelas quais a humanidade ainda pode diminuir os riscos catastróficos. O relatório deste ano (GAR2022) revela um cenário alarmante.
Nas últimas duas décadas, o mundo sofreu 350 a 500 desastres de média e grande escala a cada ano. Este número tende a subir para 560 por ano até 2030, uma média de 1,5 desastres a cada dia. Segundo o relatório, isso se deve a uma percepção distorcida da humanidade de que está “tudo bem”.
As decisões políticas, financeiras e de desenvolvimento desconsideram os riscos e aumentam a vulnerabilidade que já existe, colocando diversas populações em risco. Para Amina Mohammed, vice-secretária-geral da ONU, é este comportamento que está “colocando a humanidade em uma espiral de autodestruição”.
Principais pontos do relatório
O relatório, intitulado “Nosso mundo em risco: transformando a governança para um futuro resiliente”, descobriu que a adoção de estratégias de redução de risco de desastres, apresentadas pelo Marco de Sendai em 2015, diminuiu o número de pessoas afetadas e de mortes na última década.
Se de um lado esta informação soa positiva, porque revela como a adoção de boas práticas para evitar tais desastres funciona, de outro, tanto a escala quanto a intensidade dos desastres estão aumentando. Nos últimos cinco anos, o número de pessoas afetadas e mortas foi maior que nos cinco anos anteriores.
Além disso, os desastres afetam de maneira desproporcional os países em desenvolvimento. Em média, eles perdem 1% de seu Produto Interno Bruto (PIB) ao ano por conta de catástrofes. Enquanto isso, as nações desenvolvidas perdem entre 0,1 a 0,3% de seu PIB.
Ásia e Pacífico perdem uma média de 1,6% de seu PIB a cada ano. “Ao ignorar deliberadamente o risco e não integrá-lo na tomada de decisões, o mundo está efetivamente financiando sua própria destruição”, disse Mami Mizutori, Secretária-Geral Adjunta e Representante Especial do Secretário-Geral para Redução do Risco de Desastres do UNDRR.
O GAR2022 segue as propostas de adaptação ao aquecimento global apresentadas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que aconteceu no final do ano passado. “A boa notícia é que as decisões humanas são as maiores contribuintes para o risco de desastres”, ponderou Mizutori.
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