Quis um dia Sophia de Mello Breyner Andresen que um esqueleto de baleia encontrado na Praia do Paraíso, em Leça da Palmeira, fosse habitar a sua casa. O futuro encarregou-se de transformar a moradia dos Andresen na Galeria da Biodiversidade da Universidade do Porto e o famoso esqueleto acabou, de facto, por ir lá parar. É esta a história narrada, e desenhada, no vídeo A História de Um Sonho, criado por António Jorge Gonçalves para o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
"Pediram-me que contasse a história da viagem do esqueleto da baleia de uma forma performativa", explica o ilustrador, que ao longo da sua carreira fez já "muitos espectáculos de desenho ao vivo". Partindo de "alguma documentação fotográfica" e usando ainda música instrumental portuguesa, o artista alicerçou-se na ilustração digital para contar a história. "A banda desenhada é a minha ostra. Gosto do convívio entre texto e imagem e de encontrar uma forma desafiante de alimentar a escrita", acrescenta.
"Há uma espécie de justiça poética na inclusão do esqueleto na casa porque o sonho de Sophia acaba por concretizar-se", desvenda o artista ao P3. O filme, que coloca a própria baleia a narrar a história, na voz de Leonel Alegre, representa a combinação da escrita da poeta portuense com o ambiente marinho tão característico das suas obras.
Mais do que uma história, António Jorge Gonçalves acredita que este é o exemplo perfeito da conjugação da arte com a ciência, "como uma metáfora ou uma alegoria": "Estamos unidos numa mesma perspectiva: a arte e a ciência são duas formas distintas de explicar o mundo", afirma. "São caminhos diferentes mas paralelos."
Texto editado por Amanda Ribeiro
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