“Foi o começo de um dos piores períodos para estar vivo“, disse o arqueólogo e historiador medieval Michael McCormick. De acordo com o especialista, houve um nevoeiro que bloqueou os raios solares, fazendo com que as temperaturas caíssem drasticamente, desencadeando anos de caos em todo o mundo: nevou na China em pleno mês de agosto, proliferaram-se secas fortes – como as que afetaram a civilização Moche do Peru – em vários países e impôs-se uma fome generalizada devido às colheitas agrícolas perdidas.
Os relatos de historiadores sugerem por detrás deste bizarro nevoeiro estiveram várias erupções vulcânicas catastróficas. As consequências causadas pelo acentuado arrefecimento global foram tão fortes que se refletiram nos detritos acumulados desde os núcleos de gelo na Antártida até aos anéis das árvores na Gronelândia.
É que, nesse ano, uma gigantesca erupção de um vulcão na Islândia deu origem a uma nuvem densa e negra que acabou por mergulhar a Europa, o Médio Oriente e partes da Ásia numa escuridão que tornou dia e noite indistintos e se prolongou por 18 meses. No verão de 536, as temperaturas caíram para os 2,5ºC (uma descida de 1,5ºC), o que marcou o início da década mais fria dos últimos 2300 anos, desastrosa para a produção agrícola e marcada pela consequente fome. Pouco depois, em 541, chegava a peste bubónica que matou milhões de pessoas na região Este do Império Romano e provocou um colapso económico que se prolongaria por três décadas.
De acordo com este artigo da CNN, essa erupção vulcânica e o surto de peste de 542 dinamitaram então a economia europeia, levando a uma estagnação que terá durado até 575. Entretanto, em 540 e 547, deram-se novas explosões vulcânicas de grande envergadura. Em declarações à “Science”, Michael McCormick, um historiador de Harvard, foi taxativo sobre o ano 536: “Foi o começo de um dos piores períodos para se estar vivo, se não for o pior ano.”
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