Fonte: Uniplanet
É a rede social mais popular do mundo, com mais de dois mil milhões de utilizadores mensais. Bem-vindos ao Facebook, a casa de um dos maiores mercados negros para a compra e venda de partes corporais de animais ameaçados.
“A quantidade de vida selvagem a ser comercializada em grupos fechados e secretos no Facebook é arrepiante”, disse um representante da sociedade de advogados Kohn, Kohn & Colapinto, que apresentou uma queixa contra a rede social no mês passado.
“Vimos diversos produtos: chifres de rinoceronte, patas de urso, peles de tigre, répteis e toneladas e toneladas de marfim. Numa altura em que o mundo está a perder 30 mil elefantes por ano, graças aos caçadores furtivos, a quantidade de marfim vendida no Facebook é particularmente chocante.”
Segundo estimativas das Nações Unidas e da Interpol, o tráfico de produtos de espécies selvagens vale entre 6 e 20 mil milhões de euros por ano.
“O que está a acontecer é um fenómeno muito assustador e preocupante”, afirmou Iris Ho, da organização Humane Society, citada pelo New York Post. “Os chifres de rinoceronte valem mais do que o ouro”, contou. “Se os comprarmos na Ásia, após camadas de intermediários, o preço final pode chegar aos 60 mil dólares por quilo, ou mais.”
No mês passado a Kohn, Kohn & Colapinto apresentou uma denúncia à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, na qual acusou a rede social de Mark Zuckerberg de lucrar conscientemente com este tráfico, através da colocação de anúncios nas páginas geridas por traficantes.
“O Facebook não é um espetador inocente destes crimes”, declarou Stephen Kohn. “Vendeu anúncios nas páginas em que o marfim ilegal estava a ser comercializado.”
Entre os artigos à venda nos grupos públicos e privados, também se encontravam dentes de tigre (uma espécie em perigo de extinção, com apenas cerca de 2500 espécimes na natureza), peles de leopardo-nebuloso (espécie vulnerável) e chifres de rinoceronte-negro (espécie criticamente em perigo de extinção), entre outros produtos. Muitos dos grupos são de países do sudeste asiático, como o Vietname e o Laos.
“A quantidade de marfim comercializada no Facebook é assombrosa”, disse Gretchen Peters, diretora executiva do Observatório das Redes Ilícitas e do Crime Transnacional Organizado. “Vi milhares de posts que continham marfim e estou convencida de que o Facebook está literalmente a ajudar a levar os elefantes à extinção.”
Em resposta a estas acusações, o Facebook disse que estava a trabalhar no problema. “As nossas normas comunitárias não permitem a caça furtiva, a venda de vida selvagem, de espécies ameaçadas ou das suas partes, e removemos imediatamente este conteúdo assim que nos apercebemos dele”, respondeu a rede social num comunicado oficial.
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