Uma equipa de cientistas dos centros de investigação MARE e CE3C descobriram quais as espécies de atum mais usadas pela indústria das conservas em Portugal. Isso, apesar de Portugal ser um dos maiores consumidores de atum enlatado per capita na Europa.
Num artigo divulgado recentemente na revista ‘Scientific Reports’, a equipa revela que, através de métodos de sequenciação molecular capazes de identificar com precisão as espécies presentes nos produtos enlatados , o atum-bonito (Katsuwonus pelamis) é a espécie predominante em todas as sete marcas portuguesas (não reveladas) e tipos de conservas analisadas.
Além dessa, foram também detetadas outras espécies, como o atum-patudo (Thunnus obesus), o atum-albacora (Thunnus albacares) e espécies do género Auxis que os autores dizem não ser “atum verdadeiro”.
Outro resultado relevante foi a deteção de múltiplas espécies dentro da mesma lata em quatro marcas distintas, uma prática que os investigadores dizem viola a legislação europeia em vigor.
“Este estudo representa o primeiro retrato molecular abrangente da indústria conserveira de atum em Portugal, revelando não apenas quais espécies chegam ao consumidor, mas também os riscos associados a uma rotulagem imprecisa”, detalha, no site do MARE, Ana Rita Vieira, primeira autora do artigo.
A investigadora acrescenta que “ao identificarmos espécies de atum com estatuto de conservação e de espécies que não são verdadeiros atuns, demonstramos a importância de reforçar mecanismos de controlo para uma rotulagem precisa, de forma a garantir que o consumidor sabe exatamente o que está a comprar e a consumir”.
E salienta que o facto de a equipa ter encontrado várias espécies na mesma lata “evidencia incumprimentos face à legislação europeia em vigor e reforça a urgência de mecanismos mais robustos de rastreabilidade”.
Ainda assim, Ana Rita Vieira dizem que o intento deste trabalho não é apontar falhas da indústria conserveira portuguesa, “uma referência histórica e económica”, mas sim fornecer informação científica sólida sobre a composição específica dos produtos disponíveis no mercado nacional, contribuindo para um debate mais informado sobre a utilização de recursos e práticas de rotulagem”.

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