1) Uma prestigiada revista científica acaba de retratar uma das publicações que mais influenciaram a avaliação da "segurança" do glifosato porque os autores "se esqueceram de declarar o seu conflito de interesses" — ou seja, quem os financiava. Que conveniente!
2) O Parlamento Europeu deverá decidir nas próximas semanas sobre o "abrandamento" das medidas para o registo e aprovação de pesticidas na Europa. A Comissão Europeia irá submetê-las em breve à discussão, e prevêem, entre outras coisas, a eliminação da obrigação legal de considerar provas científicas independentes ao autorizar ou proibir os pesticidas.
Assim sendo, um novo estudo dos nossos colegas da Universidade de Jaén (Espanha, Europa) sobre a presença de glifosato nos olivais de Portugal, Marrocos, Itália, Grécia e Espanha parece particularmente oportuna.
Passo a explicar: Fernández García e os seus colegas encontraram glifosato e os seus produtos de degradação (AMPA e N-acetil-AMPA) nos solos de olivais de gestão tradicional (MT) e de alta densidade (AD); também, mas em concentrações muito mais baixas e a maiores profundidades no solo, nos olivais orgânicos (ORG).
Portugal apresenta as concentrações médias mais elevadas em olivais de maneio tradicional (MT) e de alta densidade (AD). Em Espanha e Marrocos, os olivais de alta densidade (AD) apresentam as concentrações mais elevadas, enquanto que na Grécia, os olivais de maneio tradicional (MT) eram os mais ricos em glifosato.
Acrescentam que, em Itália, o glifosato não é encontrado em olivais porque o seu uso foi altamente restringido desde 2016.
O quê?! Assim, é possível produzir azeite de qualidade sem utilizar herbicidas tóxicos e alcançar uma posição de liderança internacional em termos de prestígio, imagem e marca? Não sei o que estamos à espera para abandonar este hábito prejudicial de matar ervas daninhas a qualquer custo.

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