sábado, 5 de novembro de 2022

Livro - A Economia Social Numa Visão Plural


O setor da economia social está longe de ver a sua importância reconhecida pela sociedade portuguesa, tanto pelo seu papel decisivo na coesão social, como pelo seu contributo para o emprego e a geração de riqueza. 
As razões para esta desvalorização da economia social são múltiplas e diferenciadas, sendo umas referentes ao próprio setor e outras de origem externa. 
Nas causas externas, talvez a mais importante seja o conhecimento superficial do setor e da sua complexidade, o que provoca visões fortemente estereotipadas e preconceituosas na opinião pública e nos decisores políticos. 
Do lado dos estereótipos salienta-se a ideia de que o setor é apenas caritativo, não produz riqueza, vive de subsídios estatais, remetendo-o para uma identidade negativa – aquela parte da economia que não é pública nem privada com fins lucrativos. 
Ao nível do preconceito ideológico a direita conservadora mostra a sua desconfiança conotando a economia social com a ideologia “esquerdista”, já a direita neoliberal mostra uma visão mais pragmática, combatendo a economia social quando esta se centra em atividades suscetíveis de gerar lucros, ao mesmo tempo que acarinha a economia social quando esta se dedica a atividades pouco atrativas para o setor privado. 
Da parte dos setores de esquerda também podemos encontrar posições diversas: desconfiança pelo facto da economia social não ser anti-capitalista; ou encorajamento, por entenderem a economia social como algo com valores democráticos e de solidariedade, que prezam. 
Todos tenderão a concordar que há perigo de desvirtuar esses valores podendo a economia social ser apenas uma maneira encapotada do Estado se livrar de funções que lhe competiria desempenhar. As responsabilidades do setor por esta imagem distorcida prendem-se, essencialmente, com um enorme défice de comunicação e com a dificuldade de construir uma identidade forte e diferenciada a partir de um  conjunto muito heterogéneo de atividades e de tipos de organizações: cooperativas, associações, fundações, mutualidades, misericórdias, etc. 
Apesar de todas estas dificuldades o setor da economia social vive hoje, em Portugal e no mundo, um momento de crescente afirmação e expansão pela capacidade que tem demonstrado em dar resposta a problemas sociais complexos que nem os Estados nem as empresas privadas estão preparados para resolver. 
O setor constitui também uma alternativa de realização para um número crescente de pessoas que não se reveem numa economia estatizante ou no oposto, altamente competitiva e inigualitária. 
Esta afirmação do setor da economia social é bem visível no crescente número de entidades que vai agregando e na atenção legislativa que ultimamente lhe tem sido dispensada por vários países e por organizações internacionais, como o Parlamento Europeu e as Nações Unidas.

CPES- Confederação Portuguesa de Economia Social 

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