Livro - A Economia Social Numa Visão Plural
O setor da economia social está longe de ver a sua importância reconhecida pela sociedade portuguesa, tanto pelo seu papel decisivo na coesão
social, como pelo seu contributo para o emprego e a geração de riqueza. As razões para esta desvalorização da economia social são múltiplas
e diferenciadas, sendo umas referentes ao próprio setor e outras de
origem externa. Nas causas externas, talvez a mais importante seja o conhecimento
superficial do setor e da sua complexidade, o que provoca visões fortemente estereotipadas e preconceituosas na opinião pública e nos decisores políticos. Do lado dos estereótipos salienta-se a ideia de que o setor é apenas caritativo, não produz riqueza, vive de subsídios estatais, remetendo-o para
uma identidade negativa – aquela parte da economia que não é pública
nem privada com fins lucrativos. Ao nível do preconceito ideológico a direita conservadora mostra
a sua desconfiança conotando a economia social com a ideologia
“esquerdista”, já a direita neoliberal mostra uma visão mais pragmática, combatendo a economia social quando esta se centra em atividades suscetíveis de gerar lucros, ao mesmo tempo que acarinha a economia social quando esta se dedica a atividades pouco atrativas para
o setor privado. Da parte dos setores de esquerda também podemos encontrar posições
diversas: desconfiança pelo facto da economia social não ser anti-capitalista; ou encorajamento, por entenderem a economia social como algo
com valores democráticos e de solidariedade, que prezam. Todos tenderão a concordar que há perigo de desvirtuar esses valores podendo a
economia social ser apenas uma maneira encapotada do Estado se livrar
de funções que lhe competiria desempenhar.
As responsabilidades do setor por esta imagem distorcida prendem-se,
essencialmente, com um enorme défice de comunicação e com a dificuldade de construir uma identidade forte e diferenciada a partir de um conjunto muito heterogéneo de atividades e de tipos de organizações:
cooperativas, associações, fundações, mutualidades, misericórdias, etc. Apesar de todas estas dificuldades o setor da economia social vive hoje,
em Portugal e no mundo, um momento de crescente afirmação e expansão pela capacidade que tem demonstrado em dar resposta a problemas
sociais complexos que nem os Estados nem as empresas privadas estão
preparados para resolver. O setor constitui também uma alternativa de
realização para um número crescente de pessoas que não se reveem
numa economia estatizante ou no oposto, altamente competitiva e inigualitária. Esta afirmação do setor da economia social é bem visível no
crescente número de entidades que vai agregando e na atenção legislativa que ultimamente lhe tem sido dispensada por vários países e por
organizações internacionais, como o Parlamento Europeu e as Nações
Unidas.
CPES- Confederação Portuguesa de Economia Social
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