sábado, 28 de outubro de 2023

Perseguição do lobo ibérico no século XX reduziu diversidade genética da espécie


Os genes criados ao longo de milhões de anos de evolução não são recuperáveis quando desaparecem. 
Este o drama irrevogável das espécies cujos efetivos diminuem drasticamente.

Investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO) da Universidade do Porto concluíram que a perseguição do lobo ibérico, em meados do século XX, originou uma "redução significativa da sua diversidade genética", foi hoje revelado.

Em comunicado, o centro de investigação da Universidade do Porto adianta que o estudo, publicado na revista científica ‘Molecular Ecology’, “revela que o declínio da população de lobo ibérico em meados do século XX levou a uma redução significativa da sua diversidade genética”.

“Após décadas de intensa perseguição pelo homem, as populações de lobo ibérico registaram um grande declínio na década de 1970, reduzindo consideravelmente a sua área de distribuição e levando à extinção desta espécie em grande parte da região centro e sul da Península Ibérica”, observa.

Para a realização do estudo, os investigadores recolheram amostras de espécimes de lobo ibérico provenientes de coleções de história natural de museus em Portugal e Espanha, entre 1910 e 1990.

As amostras foram comparadas com amostras contemporâneas de lobo ibérico.

Recorrendo a marcadores moleculares, os investigadores analisaram o genoma do lobo ibérico antes e depois do declínio populacional, tendo observado “uma diminuição significativa na diversidade genética da população atual”.
Esta diminuição da diversidade genética evidencia “o impacto que a perseguição humana pode ter na composição genómica desta espécie”.

O estudo desvendou ainda que os eventos de hibridação entre o lobo ibérico e o cão “não aumentaram nos anos 1970, não estando, portanto, associados com a extinção local das populações no centro e sul da Península Ibérica”, acrescentam os investigadores.

A investigação revela também que a hibridação com o cão é mais frequente em áreas onde a população de lobo está a expandir, embora a baixa frequência destes eventos sugira que “a integridade genética do lobo ibérico não está ameaçada”.

Os resultados do estudo destacam a importância de “uma adequada gestão e conservação de espécies selvagens”.

“As conclusões deste estudo são particularmente relevantes no contexto do regresso e expansão do lobo em várias regiões da Europa onde anteriormente tinha sido extinto, abrindo futuras direções no estudo dessas populações”, referem, citadas no comunicado, as investigadoras Raquel Godinho e Diana Lobo, do BIOPOLIS-CIBIO.

A investigação contou com a colaboração do investigador José Vicente Lopez-Bao, da Universidade de Oviedo, em Espanha.

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