quarta-feira, 16 de julho de 2025

SOS: Refúgios contra o calor extremo nas cidades


Durante séculos, as cidades encontraram formas inteligentes de combater o calor. Em alguns casos, plantavam árvores ou construíam fontes públicas; noutros, usavam as igrejas como espaços de acolhimento ou aproveitavam a soleira das portas. A imaginação levou algumas comunidades a idealizar práticas simples, como o uchimizu, no Japão, o acto de lançar água ao chão para arrefecer o ar por evaporação.

Hoje, as consequências das temperaturas extremas são cada vez mais visíveis e dramáticas. Segundo um estudo publicado na revista PLOS Medicine, 4,6 milhões de pessoas morreram devido a ondas de calor nas últimas três décadas. Só em 2023, estima-se que mais de 47 mil pessoas tenham morrido na Europa por causas relacionadas com o calor, 1.432 delas em Portugal, de acordo com investigação do ISGlobal publicada na Nature Medicine. Os idosos, as crianças, as pessoas em situação de vulnerabilidade social e os que vivem em zonas densamente urbanizadas são os mais afetados. Portugal surge mesmo entre os 20 países mais atingidos por ondas de calor nos últimos 30 anos. Há dias, o Público falava de stress térmico extremo.

Perante esta ameaça crescente, várias cidades estão a implementar soluções práticas e urgentes. Estações de arrefecimento (cooling stations) e hidratação, espaços temporários ou permanentes onde as pessoas podem descansar, encontrar sombra, aceder a água fresca ou mesmo a ar condicionado, estão a multiplicar-se em locais como Paris, Chicago, Nova Iorque, Tóquio, Tirana e Miami.

Nova Iorque, por exemplo, abre centenas de centros de arrefecimento durante as vagas de calor, identificáveis num mapa online.

Em Paris ou Tirana, surgem estruturas móveis com nebulizadores ou bebedouros, que se tornam pontos vitais para proteger a saúde pública.

Os fenómenos de calor excessivo vão repetir-se e intensificar-se. Os governos, as autarquias e as instituições locais têm de assumir a liderança desta adaptação, pois, lamentavelmente, não parece haver condições para mitigar o problema. É urgente criar planos de contingência para o calor extremo nas cidades portuguesas

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