Nesta obra, há muito esquecida do público, mas que faz todo o sentido recordar, particularmente no momento que vivemos na Europa, ficamos a conhecer um extraordinário testemunho do antigo funcionário soviético, nascido na Ucrânia, que revela a história da sua vida na Rússia, as experiências como membro do Partido Comunista e a ruptura com o regime soviético, em 1943, após ser nomeado para uma comissão nos Estados Unidos da América.
O seu relato, que foi originalmente publicado em 1946 e traduzido para mais de vinte idiomas, é uma descrição pormenorizada e dramática da vida na União Soviética sob a ditadura do Partido Comunista e da fuga de um homem para a liberdade.
Preso e torturado, viveu na primeira pessoa a colectivização e a Grande Fome (Holodomor) da Ucrânia, tendo visto morrer milhares à fome e ao frio, perseguidos pelo NKVD, a polícia secreta de Estaline. Conheceu os campos de concentração (os Gulag) na Ucrânia, na Rússia e na Sibéria, e empregou, nas fábricas que dirigiu, mão-de-obra escrava vinda das prisões políticas, sabendo também o que foi ser da nomenklatura, com um gabinete no Kremlin.
“Escolhi a Liberdade” foi um grande bestseller na sua época e um escândalo para os intelectuais comunistas, que então dominavam o pensamento nos países ocidentais. Em França, quando o livro foi publicado, Kravchenko foi acusado de difundir relatos falsos sobre a vida na URSS e de ser um agente norte-americano. Kravchenko processou então a famosa revista “Les Belles Lettres” por difamação, dando origem ao chamado “Julgamento do Século”, o qual viria a vencer e cujos detalhes relatou no seu segundo livro, intitulado “Escolhi a Justiça” (1950).
Victor Kravchenko faleceu em 1966 em Nova Iorque, permanecendo a sua morte envolta em mistério. Afinal, apesar de a versão oficial indicar como causa o suicídio, subsiste ainda hoje a dúvida se terá sido envenenado por agentes do KGB.
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