quarta-feira, 30 de julho de 2025

“Quantidades tremendas” de nanoplásticos flutuam no Atlântico Norte



Uma investigação liderada pela Universidade de Utrecht (Países Baixos) estima que 27 milhões de toneladas de partículas de plástico com menos de um micrómetro estejam a flutuar no Atlântico Norte.

“Esta estimativa mostra que há mais plástico na forma de nanopartículas a flutuar nesta parte do oceano do que há maiores micro- ou macroplásticos a flutuar no Atlântico ou mesmo em todos os oceanos do mundo”, diz, em comunicado, Helge Niemann, geoquímico e um dos principais autores do artigo publicado este mês na revista ‘Nature’.

Para chegarem a esse número, os investigadores recolheram amostras de água marinha em novembro de 2020, ao longo de uma viagem desde os Açores até à plataforma continental europeia. Sophie ten Hietbrink, primeira autora do estudo, passou quatro semanas a fazer essa amostragem, filtrando tudo o que tivesse mais do que um micrómetro.

“Ao secar e aquecer o material restante, conseguimos medir as moléculas características de diferentes tipos de plástico no laboratório de Utrecht, usando espetrometria de massa”, explica.

A equipa diz que está a primeira vez que se consegue fazer uma “estimativa real” da quantidade de nanoplásticos num oceano. “Há algumas publicações que mostram que há nanoplásticos na água oceânica, mas até agora não se conseguiu fazer qualquer estimativa sobre a quantidade”, refere Helge Niemann.

Essa estimativa foi possível através da extrapolação dos resultados das amostras obtidas em cada local. Os cientistas acreditam que uma grande porção de todo o plástico até agora produzido no mundo está a flutuar pelos oceanos como partículas minúsculas.

A presença de nanoplásticos no mar pode resultar da degradação de pedaços de plásticos maiores pela força das ondas e pela ação da radiação solar, podem lá chegar através de rios contaminados com esses materiais e até podem ser transportados pelo ar, como partículas em suspensão que caem com a chuva.

Os investigadores vão continuar o trabalho, especialmente para perceber os tipos de plástico de que são feitas essas nanopartículas. “Por exemplo, não encontrámos polietileno ou polipropileno entre os nanoplásticos”, revela Niemann, acrescentando que pretendem também perceber se outros oceanos são afetados pelo mesmo problema.

“Os nanoplásticos podem penetrar profundamente nos nossos corpos, e agora que sabemos que são ubíquos nos oceanos, é de esperar que estejam a penetrar em todo o ecossistema”, aponta.

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