quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Elvira Fortunato - O tempo da descoberta


Não é "eureka" que se ouve no laboratório que coordena, mas sim "funciona". Elvira Fortunato não tinha planeado ser investigadora, mas foi o desejo de criar algo com aplicação e impacto na sociedade e indústria que a levou a optar por estudar engenharia. Viajando até ao passado através dos seus olhos, quando pela primeira vez desvendaram ao microscópio as células da cebola, chega ao presente como a cientista que, ao usar o papel para tudo menos escrever, foi pioneira na criação de um transístor a partir deste material. É desconfiando do tomado como certo e desafiando o convencional que, por meio de técnicas acessíveis e de baixo custo, cria materiais de alto valor acrescentado. Para além do vasto número de publicações e patentes, o seu trabalho foi distinguido por mais de 18 prémios nacionais e internacionais, destacando-se a atribuição do grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo presidente da República em 2010, a condecoração com a medalha Blaise Pascal, pela Academia Europeia das Ciências em 2016 e a obtenção do maior prémio atribuído a um investigador português com o projeto Invisible, pelo European Research Council. Além de investigadora é professora no Departamento de Ciências dos Materiais, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e coordenadora do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação. Segundo a investigadora, o que faz assemelha-se a estar na cozinha, mas em vez de ovos e farinha usa materiais condutores e semi-condutores. Quanto despe a bata, arrisca-se em aventuras culinárias e, apesar de gostar de Nova Iorque e de viajar muito, não é fã de aviões e as férias ideais são em Portugal.

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