sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O amor e o elogio da loucura normal, por Gilles Deleuze


É no exacto ponto de demência de cada um de nós que reside o nosso charme. Esta é a opinião do filósofo Gilles Deleuze (1925-1995), e eu não podia estar mais de acordo, afinal de “de médico e de louco todos temos um pouco”. Ele diz “E todos nós somos meio dementes. O verdadeiro charme das pessoas reside em quando elas perdem as estribeiras, quando não sabem muito bem em que ponto estão…. Mas se não captar a pequena marca de loucura de alguém não pode gostar deste alguém… É exatamente este lado que interessa. … aliás, fico feliz em constatar que o ponto de demência de alguém seja a fonte do seu charme…”.
A capacidade que alguém mostra ao perder as estribeiras, oportunamente e sem se desmoronar, atrai, mostra a espontaneidade da pessoa, sem esconder a sua pequena marca de loucura, que é precisamente visível porque não veste a rígida armadura do controlo omnipotente. E porque permanece a estrutura, que podendo vacilar, não se perde nem se desmorona.

Dito de outro modo, e parafraseando o psicanalista António Coimbra de Matos: “Os certinhos são os mais malucos”.

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